Na reta final de "Ribeirão do Tempo", Rafael Calomeni analisa sua carreira na TV

Até hoje Rafael Calomeni se surpreende com a fama. Com oito anos de carreira na TV e sete novelas no currículo, volta e meia, o intérprete do Newton de "Ribeirão do Tempo" é abordado por pessoas na rua. "É engraçado porque às vezes você não percebe. Ainda me assusto porque sou desligadão e esqueço que estou na TV", conta. Como o ator faz questão de manter sua rotina normalmente --como ir à padaria e praticar exercícios ao ar livre--, ele pode sentir de perto as mais diferentes abordagens. Uma delas aconteceu quando foi comprar uma calça de motoqueiro. Na hora de pagar, o vendedor, também motoqueiro, disse que assistia à novela junto com a mãe, depois do trabalho. "Ele falou que tinha vários amigos que ficaram com vontade de saltar de paraquedas por causa do núcleo de esportes radicais da trama", recorda. Mas não é difícil que o público feminino se insinue um pouco mais. Pelo menos, é isso que ele percebe quando sai para correr na orla, principalmente. "As mulheres brincam comigo e dizem: 'Quero fazer um salto duplo com você'", conta, aos risos.

Na trama, Newton é um esportista, instrutor de "rafting" e também é mecânico de aeronaves. Mas acabou sendo preso acusado pela explosão de um avião, acidente que matou o piloto Sílvio (Rodrigo Phavanello). Tudo porque o personagem tinha um caso com a mulher do colega de trabalho. Agora, na reta final do folhetim, Rafael torce para que o desfecho de seu papel seja feliz. "Gostaria de ver o Newton explodir de alguma forma, que ele pudesse prender o Ferrolho, o Nicolau e o professor Flores e se salvar de toda a angústia que viveu nos últimos tempos", imagina, referindo-se aos personagens de Alex Nader, Heitor Martinez e Antonio Grassi, respectivamente.

As gravações de "Ribeirão do Tempo" começaram em dezembro de 2009 e a novela está há dez meses no ar. Qual é o tipo de trabalho que você faz para que o personagem continue interessante durante esse tempo?
Não abro mão de estudar. Na vida, algumas pessoas são natas e outras são técnicas. Tenho uma preparadora, a Helena Varvaki, que está comigo desde "Sete Pecados". É a terceira novela em que trabalhamos juntos. A gente sempre revê o comportamento, os pensamentos e o subtexto do papel. Nos encontramos uma vez por semana, menos quando estou gravando muito. Todas as vezes em que chega um bloco onde vai haver uma mudança, uma atitude nova, estudamos mais.

Na história, Newton faz parte do núcleo de esportes radicais. Você teve alguma preparação específica?
Fiz curso de paraquedismo. Depois dos saltos, dei continuidade, mas parei. Pretendo voltar porque foi um esporte que me alcançou, gostei muito. Aprendi a entender o comportamento desses caras e maneira como eles lidam com os clientes. Também fiz "rafting". O curso que dura uma semana fiz em sete horas junto com o Ângelo Paes Leme. Nós dois ficamos totalmente enrugados. Entramos na água às 10h e saímos às 17h. Aprendemos salvamento, a andar de caiaque, a fazer manobras. Tudo isso foi dando um embasamento e um corpo para o personagem.

Você estreou em "O Campeão", na Band, mas ficou conhecido depois de interpretar o Expedito de "Mulheres Apaixonadas", na Globo. Que trabalho elege como o mais marcante da sua carreira?
Não acho que o Expedito seja o mais marcante e nem o Newton. No momento, o Newton é o que está sendo o mais divertido e foi o que me deu um maior leque de possibilidades. O Hércules, de "Sete Pecados", foi um personagem que me marcou muito. Chegou pelas beiradas e, na última parte da novela, se tornou o grande vilão.

(Por Luana Borges)

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