28/02/2010 - 00h10
Há um motor de criatividade inegável funcionando na mente de Lauro César Muniz. Autor de algumas das tramas mais importantes da televisão brasileira –como as marcantes "O Casarão" e "O Salvador da Pátria"–, o paulista conseguiu um feito raro hoje em dia: manter, com qualidade, uma novela no ar por quase um ano. Em a improvável história da máfia no Brasil misturou guerrilha colombiana, terroristas árabes e sotaque italiano, mas conseguiu encontrar uma unidade graças à densidade do texto do autor. Ajudou também, claro, o fato de um belo elenco ter sido reunido. Destaque para a intensa composição de Don Caló, fruto do talento e da experiência de Gracindo Jr., e o trabalho de Petrônio Gontijo como Rudi, um viciado que passava por crises sérias de abstinência.
Um dos pontos negativos, porém, foi justamente a elasticidade forçada da história. Ficou a sensação de que, com o tempo mais sob controle, as várias tramas teriam mantido seu frescor e sua consistência. Nem sempre esticar um produto que já é bom o transforma em algo ainda melhor. Outro "porém" foi a qualidade visual das cenas, que –excelentes no papel– não encontravam realismo em sua execução. Um bom exemplo foi o confronto em que capangas de Bruno (Marcelo Serrado) lançavam uma saraivada de balas contra a chácara dos Castellamare: mesmo com a edição ágil, a realização de tiros atingindo o local ficou "fake". Uma pena. Nos últimos capítulos, os grandes mistérios da trama continuarão no ar: a identidade do assassino –ou assassinos– que se escondem por trás do codinome Guri e com quem Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes) vai ficar.
Disputado pelas mulheres da trama desde o início, o agente terá de escolher, afinal, se fica com a problemática Fernanda (Paloma Duarte) ou com a persistente Lígia, a quem conheceu ainda na Itália. Já no front das boas notícias confirmadas está a da absolvição de Nina (Patrícia França). Depois de muito penar, ela vai conseguir curtir o filho ao lado de Pedro (Guilherme Boury). Ele, por sua vez, nem vai querer saber o resultado do exame de DNA, dando uma prova e tanto de superioridade. Rafael (Floriano Peixoto), porém, vai dar uma "espiada" e descobre que Pedrinho carrega mesmo o sangue dos Vilar. Nada como um final feliz.
(Por Louise Araújo)