Vilão em 'O Astro', Humberto Martins diz que cena de ódio é mais fácil de errar

Intérprete de Neco, um dos mais detestáveis personagens de "O Astro", o ator Humberto Martins disse, durante gravação em cidade cenográfica da novela no Projac, que procura não exagerar nas cenas de ódio. A declaração foi dada na última sexta-feira (26), quando a reportagem do UOL acompanhou com exclusividade a gravação da sequência em que o malandro se enfurece ao ver seu salão, o fictício Penha Fashion, destroçado.

A destruição é fruto de vingança de Natal (Antonio Calloni), que teve sua boate Kosmos destruída em incêndio causado por Neco na semana passada. Dirigida pela novata Noa Bressane, a gravação mobilizou uma equipe de arte, produção e figuração de aproximadamente cinquenta pessoas, afinal, foi necessário quebrar todo o local antes de começar a gravar a sequência, que vai ao ar a partir desta quarta-feira (31).

Concentrado, Humberto Martins chegou à cidade cenográfica e rapidamente incorporou a fúria de Neco. Ao ver o local destruído, o ator logo adotou uma fisionomia de ódio. “Caraca, o salão está parecendo um queijo suíço! Isso só pode ter sido coisa do Natal”, diz Ubiraci (Rodrigo Mendonça). Revoltado, Neco responde: “Filho da mãe, vagabundo, mequetrefe! Ele não sabe do que eu sou capaz. Mas agora ele vai saber!”, grita o dono do salão, derrubando os papéis sobre o balcão para atender a clientela.

Orientados por Noa, Rodrigo e Humberto ensaiaram a cena duas vezes e logo na terceira já gravaram para valer. Enquanto esperava para incorporar o furioso Neco, Humberto Martins esperava sentado em um banco do salão e aproveitava para decorar o texto e colocar ainda mais ódio nos trejeitos e no gestual do personagem. “Cena assim, de ódio, é mais fácil de dar errado na dramaturgia. Então é melhor jogar uma temperatura para o organismo ou pensar em alguma coisa que te leve à fúria. Usar a memória afetiva também funciona”, explicou Humberto.

Uma vez gravada a cena da destruição do salão, Humberto trocou de roupa para gravar a cena em que o local é reconstruído e Pablo (Pablo Sanábio) aparece dizendo que teve seus produtos de maquiagem destruídos e exigindo uma indenização do dono do salão. Antes de dar início ao ensaio, Humberto brincou com Rodrigo ao tentar abrir um pote de jujuba e não conseguir. “Por que não consigo abrir?”, perguntou Humberto, que foi informado pela produção que a assistente de arte havia colado o pote para ninguém comer. “Mas essa Ingrid não é fácil! Agora eu vou abrir esse pote de jujuba”, disse.

Depois de muito rir com a equipe de produção e conseguir abrir o pote, Humberto comeu algumas jujubas e deu início à gravação da cena. Ao ouvir o homossexual Pablo perguntando como iria fazer com o prejuízo que sofreu ao ter sua maquiagem destruída, Neco fez pouco caso. “Isso aí é tudo genérico. Vai ver se eu estou lá na esquina da Lobo Júnior, paquita!”, disse o malandro, referindo-se à rua da Vila da Penha, na zona norte do Rio.

Em sua primeira novela à frente da direção, Noa falou sobre a oportunidade de dirigir Humberto Martins. “Tenho aprendido muito com ele, que é um ator muito concentrado, dedicado, generoso e companheiro. Isso facilita tudo. E a construção do Neco está perfeita. O sucesso é a consequência disso. Fazemos muitas cenas juntos e o resultado é sempre surpreendente”, elogiou.

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