UOL Entretenimento Televisão
 
12/07/2011 - 07h00

Globo aposta em "O Astro" para comemorar os 60 anos da teledramaturgia no Brasil

Do Pop Tevê

Nos anos 70, sem a internet e as diversas opções de entretenimento da atualidade, mesmo as novelas menos populares alcançavam altos índices de audiência. "O Astro", de Janete Clair, fazia parte dos folhetins mais vistos. É por isso que a Globo escolheu a produção para comemorar os 60 anos de teledramaturgia no Brasil. "Na época, o Geisel me perguntou quem havia matado o Salomão Ayalla e eu respondi para o Presidente da República que isso se tratava de 'um segredo de estado'", lembra-se Daniel Filho, diretor da versão original, referindo-se ao presidente-general da época. A repercussão era tanta, que Maria Bethânia exigia uma televisão em seu camarim para poder acompanhar o folhetim e Carlos Drummond de Andrade, depois do fim da produção, escreveu em sua coluna do "Jornal do Brasil": "Agora que 'O Astro' acabou, vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando". Tanta popularidade já faz a Globo tratar o "remake", que estreia dia 12 de julho, não mais como uma mininovela, já que terá 60 capítulos, mas como "a novela do horário das onze da emissora". "A escolha foi certeira e não procuramos mexer muito na história justamente por já ter dado muito certo", reitera Alcides Nogueira, que divide a autoria da adaptação com Geraldo Carneiro.

  • Divulgação/TV Globo

    Rodrigo Lombardi vive Herculano Quintanilha na trama

A adaptação segue com a trama principal do herói ambivalente Herculano Quintanilha, interpretado agora por Rodrigo Lombardi. Um trambiqueiro de "bom coração", que é preso depois de roubar o dinheiro da reforma da igreja da pequena cidade onde morava. No cárcere, conhece Ferragus, de Francisco Cuoco – que interpretou o astro do original –, que passa a ser seu mentor depois de ensinar todos os truques de ilusionismo para o pupilo. "Fiquei extasiado quando me vi com o turbante pela primeira vez. Às vezes, fica difícil saber quem é quem, já que vejo essa história como se o Ferragus fosse uma projeção do Herculano no futuro", interpreta Rodrigo, que teve aulas com mágicos profissionais em São Paulo. "O Rodrigo fará truques de verdade. A principal ideia é nos aproximarmos da magia real", explica Mauro Mendonça Filho, diretor do "remake". Em liberdade, Herculano passa a apresentar seu show de ilusionismo na boate Kosmos, onde se apaixona à primeira vista por Amanda, de Carolina Ferraz, seu par romântico da trama. "Não tem aquela coisa do casal ficar, a relação se estabelecer e depois acontece algo que separa os dois e eles só se acertam no final. É uma relação de amor em que o tempo todo estão juntos", descreve Carolina.

Além de homenagear Cuoco com o papel, Roberto Talma, diretor de núcleo da trama, também convidou Daniel Filho, que comandou o original, para atuar na produção. Ele interpreta o lendário Salomão Ayalla, que mobilizou a audiência com a dúvida de quem o havia matado no folhetim. O "remake" mantém o mistério, mas muda o assassino. "Continua sendo um 'segredo de estado'. Ele é um homem poderoso, que despertou muitos desamores e invejas", explica Geraldo Carneiro. Regina Duarte interpreta a mulher de Salomão, a amargurada Clô, uma dondoca que não recebe a atenção do marido e busca um amante bem mais jovem que ela, vivido por Henri Castelli. "Eu não assisti na época e não procurei muita coisa na internet. Assim como a produção orientou, estou fazendo como um trabalho novo", garante Regina.

Apesar de se ter mantido muito do original, Alcides e Geraldo prezaram por atualizar e enxugar o elenco da história. Com o número de capítulos divididos pela metade, já que o de Janete tinha 185, os autores da adaptação concentraram os núcleos e modernizaram a Penha, bairro da Zona Norte do Rio, onde fica a boate Kosmos. O que antes era uma barbearia, hoje foi transformado em um salão de beleza comandado pelo casal Neco e Laura, interpretados por Humberto Martins e Simone Soares. "Também nos preocupamos em trazer novos personagens que ocupam cargos como gerentes, assistentes, enfim", acrescenta Alcides, depois de garantir que a estrutura é basicamente a que autora do original deixou. "A Elizabeth Savalla contou que teve um sonho onde a Janete dizia que estávamos indo pelo caminho certo. Já sabem que se não emplacar, a culpa é dela", brinca Alcides.

(MANU MOREIRA)

Veja também

Carregando...
Hospedagem: UOL Host