Flávia Alessandra conta que interpretou, em "Morde e Assopra", uma terceira personagem a "Naomi Transtornada"

Fazer dois personagens em uma mesma trama pode ser difícil para alguns atores. Sem o recurso do figurino contrastante, certos artistas encontram ainda mais dificuldades. Flávia Alessandra interpreta a misteriosa Naomi e sua versão androide em "Morde & Assopra", da Globo. Logo no começo da trama das sete, o autor Walcyr Carrasco teve de diminuir a participação do robô. A interpretação de Flávia não foi responsabilizada pela mudança de rumo da história. "A volta da Naomi humana foi adiantada quando o Walcyr sentiu o que estava indo bem e o que estava atrapalhando a novela. A parte dos dinossauros que acabou ficando mais abafada", justifica a atriz, já que, inicialmente, a Naomi humana só apareceria no fim da história. Por conta disso, até o desfecho da androide foi adiantado: Naomi robô deixou a trama 25 capítulos antes do final. "Acho legal que o autor resolva algumas histórias no desenrolar dos capítulos. Isso já mexe com outras tramas e dá uma sacolejada no ritmo do folhetim", garante.

Apesar da diminuição das cenas, fazer dois personagens em uma novela significa trabalho dobrado. Em um mesmo dia, Flávia chegou a gravar sequências como as duas personagens. Sendo assim, fazia a unha, mudava a maquiagem e o figurino no mínimo duas vezes ao dia. "Nas cenas em que a Naomi foi para a cadeia, eu pedi para que a personagem estivesse sem esmalte. Não faz sentido ela estar presa e de unhas pintadas. Depois, gravava as cenas onde estou de robô, toda montada. Uma loucura!", define. Sua personagem passa por um desfecho conturbado. Presa e acusada de assassinato, Naomi esconde um dossiê com seus "podres" e dá sinais de ter enlouquecido. Com isso, ainda coloca em risco o romance com o "nerd" Ícaro, de Mateus Solano. "O Walcyr me confessou que planejou duas personagens e acabou escrevendo uma terceira: a Naomi transtornada. Gosto quando sou desafiada dessa forma", garante.

Na carreira desde os 14 anos, a atriz, hoje com 37, foi vista pela primeira vez na tevê quando participou de um concurso do "Domingão do Faustão". Na disputa, que elegia a melhor atriz, Flávia desbancou Gabriela Duarte e Adriana Esteves, com quem contracena em "Morde & Assopra". "Mas desde os sete eu estava fazendo milhões de testes. Além de participações, figurações...", lembra. Mas foi na pele de Dorothy, de "A Indomada", que conseguiu um reconhecimento dentro da Globo. "Fui tratada como atriz e assinei meu primeiro contrato longo. Isso quando estava terminando a faculdade de Direito", lembra. Depois, veio o papel que considera crucial para que os diretores e autores reconhecessem sua versatilidade como atriz: a fria Cristina de "Alma Gêmea", também de Walcyr Carrasco. "Ali, as pessoas viram que eu poderia fazer personagens diferentes. Desde então, fui mais procurada pelos autores e diretores", justifica.

Com vilãs e mocinhas no currículo, onde constam mais de 20 produções na televisão, Flávia pretende descansar com o fim de "Morde & Assopra". "Falei recentemente que pretendia tirar longas férias. Mas a verdade é que vou descansar em dezembro e janeiro", explica ela, que iria emendar outro folhetim com o de Walcyr Carrasco. "Mas não tenho como fazer outra novela nesse momento. Preciso ficar com as minhas filhas. Eu e Otaviano estávamos trabalhando bastante", esclarece, referindo-se ao seu marido Otaviano Costa, que interpreta o Élcio na trama das sete da Globo. "Mas em fevereiro volto com novidades para o teatro e o cinema", promete, sem dar maiores detalhes.

(Manu Moreira)

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