"Escuto direto o bordão 'minha mãe é uma santa'", conta Sérgio Marone sobre seu personagem em "Morde e Assopra"

As sogras estão acostumadas a ser alvo de piadas. Na teledramaturgia não é diferente. Atualmente o assunto é abordado em "Morde & Assopra" pelo núcleo encabeçado por Sérgio Marone. Marcos, seu personagem, é filho da megera Salomé, de Jandira Martini, uma mulher de caráter duvidoso que manipula o personagem de Sérgio e sua, até o momento, ex-mulher Natália, interpretada por Carol Castro. "Ele achava natural o jeito sovina e ambicioso da mãe. Acredito que a Natália ter se mostrado compreensiva ao abrir mão da pensão da filha quando a família dele perde tudo, fizeram-no cortar o cordão umbilical e valorizar a parceira. O amor falou mais alto", entrega Sérgio sobre o folhetim que já está na reta final. Por conta da relação de proteção de seu personagem com a mãe, o ator ouve constantemente piadas dos telespectadores nas ruas. "Escuto direto o bordão 'minha mãe é uma santa' ou as pessoas me mandando abrir o olho. Me divirto", comemora.   

Este é seu segundo trabalho com Walcyr Carrasco, autor da trama. Antes, Sérgio interpretou o vilão cômico Nicholas em "Caras & Bocas", exibida em 2009 também no horário das sete. "São poucos os personagens nas tramas do Walcyr que não se desenvolvem. Ele costuma dar oportunidade para todos. É um autor acessível, visita o estúdio uma vez ou outra e dialoga com os atores", elogia. A interação entre os dois ficou ainda mais evidente em "Morde & Assopra". Marcos frequentemente dava tapinhas na bunda de Cleonice, vivida por Vera Mancini. A ideia de trazer o gesto para o folhetim foi da dupla de atores. Agora que Cleonice está rica, Walcyr já escreve as cenas incluindo a brincadeira. "Só que os papéis se inverteram. E ela é quem dá os tapinhas nele", ressalta.   

Em seu terceiro folhetim das sete na Globo – ele também esteve em "Cobras & Lagartos", de João Emanuel Carneiro –, Sérgio defende o tipo despretensioso que predomina sobre as novelas da faixa. Apesar de "Morde & Assopra" ter passado por uma crise na audiência em sua estreia, o folhetim hoje chega a marcar por volta de 30 pontos no ibope. "É outro estilo e é bom ter a oportunidade de exercitá-lo. Personagens com uma linha muito tênue entre o drama e a comédia, com um humor leve, mas que torna ainda mais prazeroso o trabalho na tevê", opina.

Com o fim da trama, Sérgio já está cheio de planos. O inquieto ator pretende fazer duas peças do Nelson Rodrigues no centenário do nascimento do escritor, em 2012. Uma delas será a remontagem de "Escravas do Amor", espetáculo que já interpretou em 2005, com a Cia. de Teatro Fodidos e Privilegiados. "A outra ainda não foi definida. Mas já estamos pensando", explica. E, pela primeira vez, o ator pretende produzir um filme. Ele comprou os direitos do romance "Jesus Kid", de Lourenço Mutarelli, para transformá-lo em longa metragem. Além de encabeçar a produção, ele também atuará no papel que dá título a história. "Sei que vai ser difícil, mas o filme tem muito potencial. É a coisa mais pop que li do Lourenço em forma de romance. Fala, com o humor ácido dele, sobre o mercado editorial e o cinema, uma atividade que mistura arte e dinheiro como nenhuma outra", explica. Já para a tevê, no próximo ano o ator pretende atuar de outra maneira. Sérgio já está pensando em um formato de programa para a tevê fechada. "Estou pensando e desenvolvendo essa ideia com uma agência de São Paulo, mas ainda está na 'encubadora'", adianta. 

(Manu Moreira)

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