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09/09/2011 - 07h00

"Nunca vou ser galã, então vou pelo lado esquisito", diz Guilherme Gonzalez, o Efraim

FÁBIA OLIVEIRA
Do UOL, no Rio

Guilherme Gonzalez demora cerca de 40 minutos para se transformar no jardineiro Efraim em "Morde & Assopra". A caracterização inclui orelha e dentes postiços, barriga falsa, uma enorme franja e pesados óculos. Além disso, o pescoço está sempre encolhido."Tenho 1,67m de altura. Nunca vou ser galã, então vou pelo lado esquisito", diverte-se. Acostumado a transitar incólume pelo Rio de Janeiro, o ator, que nasceu em Belém, aceitou o desafio proposto pelo portal UOL: Caminhar pela Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega, a famosa Saara, para testar se ele seria reconhecido pelo público. Primeiro, o passeio aconteceu sem nenhuma interferência.

Uma hora depois, quando o fotógrafo sacou a máquina e começou a fazer as fotos, Guilherme chamou a atenção dos passantes, mas ninguém chegou a abordá-lo. Já no final, quando os últimos registros eram feitos, uma vendedora perguntou se ele não fazia parte do elenco da novela de Walcyr Carrasco. Mesmo assim, ela precisou de uma pista de Guilherme para matar a charada e finalmente descobrir o nome de seu personagem. "Se eu te oferecesse um chocolate, você aceitaria?", perguntou ele, com bom humor. "Efraim!", gritou a vendedora Naiara Ribeiro, de 19 anos, se referindo ao traficante de comidas do spa Preciosa. Em seguida, os dois posaram para uma foto.

O ator pondera o lado bom e ruim de não ser reconhecido nas ruas do Rio. "Sou muito reservado. Por isso é bom passar sem ser reconhecido. Normalmente, só me param se eu estiver acompanhado por alguém do elenco, como a Suzy Rêgo. Mas não ser reconhecido complica quando chego em alguns eventos porque tenho que explicar quem sou eu", admite. Mas, quando volta para sua cidade natal, a história é outra: "Em Belém o Efraim é rei!", brinca. As redes sociais são boas aliadas para que Guilherme tenha maior contato com o grande público. "Tenho três mil seguidores no Facebook e lá não há nenhuma foto do Efraim. Escrevo coisas da minha carreira e, assim, as pessoas ficam sabendo um pouco mais sobre mim", analisa.

Guilherme admite que gosta de fazer comédia mas, por passear pelas ruas do Rio sem ser abordado, o ator não tem nenhuma história engraçada para contar sobre fãs. Mas ele lembra ter passado por uma saia justa no "Domingão do Faustão". "Estava atendendo uma ligação para o 'Criança Esperança' e a senhora que foi fazer a doação me chamou de invejoso. Falou que eu queria tomar o lugar do Guilherme, personagem de Klebber Toledo, no spa", rememora.

O intérprete de Efraim fez o teste para o papel através da indicação da atriz Ana Lúcia Torre. "Me disseram que precisaria de um ator branquinho, com cerca de 19 anos para o personagem. Quando cheguei para a prova, parecia que todos os atores branquinhos do interior de São Paulo haviam sido recrutados. Lembro que estudei um texto enorme em apenas um dia e meio. Levei o papel na mesma linha de interpretação do ator [Amácio] Mazzaroppi e deu certo. Fui aprovado pelos diretores por unanimidade", orgulha-se, revelando ter se inspirado na atriz Vera Holtz para fazer o sotaque do personagem. Só que Guilherme não preenchia a dois quesitos: Ser branquinho e ter 19 anos. Só de teatro, são 18 anos de carreira. "O Walcyr foi muito generoso e escreveu que o Efraim seria feio e passaria a ter 26 anos", afirma o ator, de 33.

Quando recebeu o telefonema de uma produtora avisando que havia conquistado o papel, Guilherme estava em plena 25 de Março, rua de comércio popular em São Paulo. O ator, que também é produtor, garimpava coisas para uma peça. "Comecei a chorar porque a Globo é uma grande vitrine. Tanto que já fiz teste para uma outra novela que ainda vai estrear na emissora. E o papel não tem nada a ver com o Efraim", comemora ele, que é formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Pará. "Fiz a faculdade só pra ter o diploma pendurado na parede. Se a vida de ator não desse certo, eu teria uma segunda opção", explica.

Depois de seu primeiro passeio pela Saara, Guilherme confessa ter se divertido -o ator inclusive brincou fazendo bolinhas de sabão- e prometeu voltar. "Vi várias coisas que me interessaram aqui. Já gravei os nomes de algumas lojas e com certeza vou voltar para buscar objetos para serem usados em peças", diz. Guilherme, aliás, acaba de montar uma companhia de teatro ao lado do também ator André Bankoff. "A companhia se chama 'Teatro de Janela' e o [mestre em dramaturgia] Leonardo Moreira vai escrever um texto para a gente encenar no ano que vem", finaliza.

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