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01/07/2011 - 07h00

"As mulheres perguntam quando vou largar minha mulher e os homens perguntam quando vou chifrá-la", conta Marcelo Valle sobre o personagem Júlio

Do Pop Tevê

Marcelo Valle sempre foi meio faz-tudo. O intérprete do Júlio de "Insensato Coração" já foi dono de uma fábrica e loja de roupas, trabalhou como técnico em eletrônica e chegou a cursar faculdade de Jornalismo. Sempre fazendo teatro quando podia. Mesmo assim, na hora do vestibular, nem cogitou a possibilidade de fazer Artes Cênicas. Para ele, viver da interpretação parecia muita loucura. "Um amigo meu não sabia se escolhia Comunicação ou Teatro. Falei: 'Deus me livre! Você vai fazer teatro profissionalmente?'", recorda. A dúvida ficou entre Educação Física, Informática e Comunicação Social. Mas, depois que entrou para o teatro Tablado – renomado curso na Zona Sul do Rio de Janeiro –, foi impossível evitar a vida nos palcos. Marcelo começou faltando às aulas de quarta-feira da faculdade. Até que passou a faltar também ao trabalho. "O teatro foi me tomando, me engolindo", dramatiza.

A carreira televisiva, no entanto, não aconteceu logo de cara. Acostumado com a linguagem dos palcos, Marcelo não tinha vontade de explorar a teledramaturgia. Ele, aliás, não esconde que nutria um certo preconceito pela tevê. "Sempre fiz 'teatro-cabeça'. A gente fazia peças que davam certo imediatamente. O teatro me satisfazia", conta ele, que foi um dos fundadores da Cia dos Atores, em 1988. Mas chegou um momento em que decidiu diversificar e investir mais na televisão. Depois de algumas participações em produções de televisão, quis tentar um papel mais expressivo e, através de testes, conseguiu entrar para o elenco de "Celebridade", interpretando o jornalista Guilherme. Mas foi na pele do produtor de moda Osmar, de "Viver A Vida", que Marcelo conquistou espaço. "O personagem era legal, tinha a questão da bissexualidade, então criei uma leveza. Agora é uma coisa mais dramática", compara.

As pessoas falam muito a respeito da vida familiar do meu papel. Há uma certa confusão porque nem sempre elas têm isso claro: se gostam de mim ou do personagem

Marcelo Valle conta sobre Júlio

Na pele de Júlio, o ator se diverte com a repercussão nas ruas. Na trama, o personagem é muito ligado à família, mas não é um homem com um caráter completamente íntegro. Ao longo da história, se envolveu em chantagens, brigas com as filhas e discussões com a mulher, Eunice, de Deborah Evelyn. Mas tem se mostrado cada vez mais equilibrado com o passar dos capítulos, ainda que continue aturando as chatices da esposa ambiciosa. É por causa disso que Marcelo escuta algumas "gracinhas" por aí. "As mulheres perguntam quando vou largar minha mulher e os homens perguntam quando vou chifrá-la", revela, aos risos. De uma maneira geral, é com carinho que Marcelo é abordado. "As pessoas falam muito a respeito da vida familiar do meu papel. Há uma certa confusão porque nem sempre elas têm isso claro: se gostam de mim ou do personagem", avalia.

Por se tratar de um papel realista, Marcelo prefere não se ater a um trabalho de composição. O que o ator faz é entender e estudar bem o texto. "A cada leitura da cena, vai acontecendo um desdobramento e você vai enriquecendo o personagem e o universo dele", ressalta. Mas, para se inspirar ainda mais, o ator pesquisou o trabalho do fotógrafo inglês Martin Parr, que retrata o cotidiano da classe média. "É curioso ver as pessoas no dia a dia. Você pega umas expressões, uns sentimentos que são, na verdade, muito subjetivos", conta ele, que precisa conciliar as gravações da novela com as apresentações do espetáculo "A História de Nós Dois", há mais de dois anos em cartaz. "Estou muito feliz e muito cansado. Não sei o que estou mais", confessa, bem-humorado.

(Por Luana Borges)

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