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11/05/2011 - 07h00

"O público GLS se manifesta muito", diz Leonardo Miggiorin sobre repercussão de Roni

CARLA NEVES
do UOL, no Rio

Para Leonardo Miggiorin, atualmente, não há diversão maior do que gravar “Insensato Coração”. Afinal, para dar vida ao afetado promoter Roni Fragonard, o ator de 29 anos tem de contracenar quase que diariamente com Deborah Secco, intérprete da voluptuosa ex-participante de reality show Natalie Lamour. “A gente se dá muito bem em cena. Quando você faz um par romântico ou uma dupla tem que estar muito próximo. É fundamental que o respeito exista acima de tudo. E o núcleo todo do meu personagem – o Guilherme Piva, o Ricardo Tozzi e a Rosi Campos – interage bastante. Às vezes me sinto no Chaves, quando estou naquela cidade cenográfica. Tem uma coisa de seriado naquele núcleo”, conta ele, aos risos, durante entrevista exclusiva ao UOL feita em um intervalo de gravação do Projac, complexo de estúdios da Globo na zona oeste do Rio.

Feliz da vida com o papel que tem lhe rendido elogios das mais variadas faixas etárias e classes sociais na rua, Leonardo conta não se arrepender de ter tido a ousadia de pedir o papel a Gilberto Braga, autor da novela juntamente com Ricardo Linhares. “Depois de ‘Viver a Vida’, escrevi um e-mail para o Gilberto dizendo que adorava o trabalho dele, que sabia que ele estava com um novo projeto e queria me candidatar para algum teste. E ele me respondeu dizendo que falaria com o produtor de elenco dele, com a direção e que no momento adequado seria chamado para o teste. Já vibrei com a possibilidade de saber que teria a chance de participar”, lembra.

Pouco depois, Leonardo conta que foi chamado para fazer o teste para o Roni. “Primeiro, fiz um teste no Projac e depois outro com a Deborah [Secco]. Estava super ansioso para contracenar com ela. E um pouco nervoso também. O que soube depois que passei é que ela já estava torcendo por mim!”, orgulha-se ele, que ainda divide seu tempo com a banda Vista, da qual é vocalista.

Na entrevista a seguir, o ator fala ainda sobre a repercussão do personagem, a aceitação que está tendo por parte do público GLS e os trejeitos e expressões que criou para Roni e acabaram caindo no gosto da direção.

UOL – Como surgiu o convite para fazer o Roni em “Insensato Coração”?
Leonardo Miggiorin – Depois de “Viver a Vida”, escrevi um e-mail para o Gilberto [Braga] dizendo que adorava o trabalho dele, sabia que ele estava com um novo projeto e queria me candidatar para algum teste. E ele me respondeu dizendo que falaria com o produtor de elenco dele, com a direção e que no momento adequado seria chamado para o teste. Já vibrei com a possibilidade de saber que teria a chance de participar e passei a me preparar para um possível teste.

UOL – E quando foi chamado para o teste?
Leonardo Miggiorin – Pouco tempo depois. Primeiro, fiz um teste no Projac e depois outro com a Deborah [Secco]. Estava super ansioso para contracenar com ela. E um pouco nervoso também. O que soube depois que passei é que ela já estava torcendo por mim.

UOL – Você e Deborah já se conheciam?
Leonardo Miggiorin – Já. Ela era amiga da Júlia Almeida, minha ex-namorada, e a gente se conheceu em Nova York, quando eu morei lá. Já a admirava muito, acompanhava seu trabalho. Mas quando soube que contracenaria com ela me aproximei o máximo possível, para criar uma relação de relaxamento, de amizade, de intimidade.

  • Divulgação/Globo

    Miggiorin faz dupla com Deborah Secco em "Insensato Coração" (2011)

UOL – E rola uma química muito forte entre vocês...
Leonardo Miggiorin – É... A gente se dá muito bem em cena. Quando você faz um par romântico ou uma dupla tem que estar muito próximo. É fundamental que o respeito exista acima de tudo. E o núcleo todo do meu personagem – o Guilherme Piva, o Ricardo Tozzi e a Rosi Campos – interage bastante. Às vezes me sinto no Chaves, quando estou naquela cidade cenográfica [risos]. Eu penso: "eu tô no Chaves?" Porque vem um personagenzinho, depois vem outro... Tem uma coisa de seriado ali naquele núcleo.

UOL – Em quem você se inspirou para fazer o Roni?
Leonardo Miggiorin – Prestei atenção a tudo que se relacionava ao universo dele. Eu tenho muitos amigos promoters, artistas. Sou convidado para festas há muito tempo. Conheço um pouco da profissão do promoter. Então pesquisei esses trejeitos. Também vi o Sean Penn fazendo um personagem gay no filme “Milk” e o Tom Hanks em “Filadélfia”. E fui descobrindo o sempre muito atrelado ao texto e ao que a direção me pedia.

UOL – Então o Roni não é baseado em ninguém especificamente?
Leonardo Miggiorin – Exatamente. Ele é uma somatória de muitos fatores e elementos. Às vezes me perguntam: “ah, por que você resolveu fazer aula de computação ou de desenho?”. Porque tudo na carreira do ator é o que ele pode absorver e que pode auxiliá-lo em cena. Então todas essas vivências e conhecimentos me ajudaram a compor o Roni.

UOL – Como tem sido a repercussão do personagem nas ruas?
Leonardo Miggiorin – Pessoas de todas as classes vêm falar comigo: isso que é muito bacana. É criança, adulto, homem, mulher, gay, profissionais de todas as áreas, executivos.

UOL – E o que as pessoas têm falado?
Leonardo Miggiorin – Ah! Elas se divertem muito. Dizem: ‘você tá ótimo!’. Existe muito respeito.

UOL – Já existiu preconceito por você interpretar um gay?
Leonardo Miggiorin – Não. Porque as pessoas já me conhecem de outros trabalhos, de outras profissões. Elas sabem que já fiz vários personagens. Então acho que é interessante a pessoa me ver num personagem completamente diferente de tudo que já fiz. É nisso que aposto na minha carreira. Que sorte que eu tive! Eu digo assim: “a gente vai atrás da sorte. A gente tem que correr atrás da sorte”. No caso, eu fui atrás dessa sorte. Mas que sorte que o personagem que surgiu para mim foi o Roni. Porque ele está sendo muito bem aprovado.

UOL – A que você atribui o sucesso do personagem?
Leonardo Miggiorin – Acho que tem a ver com a interação na hora da cena, com o momento da cena. Como a gente se relaciona ali para falar aquele texto... É lógico, tem um texto, tem uma coisa para seguir, mas também tem muita coisa que acontece por trás disso.

Às vezes me sinto no Chaves, quando estou naquela cidade cenográfica [risos]. Eu penso: "eu tô no Chaves?"... Tem uma coisa de seriado ali naquele núcleo.

Leonardo Miggiorin, ator

UOL – O quê, por exemplo? Você já acrescentou algo ao Roni e os autores e a direção acabaram aderindo?
Leonardo Miggiorin – A minha ex-namorada [Júlia Almeida] usava um termo que eu achava muito engraçado, que era ‘sugar’. No dia de gravar a primeira cena, tinha uma palavra tipo ‘baby’, em inglês. Aí lembrei do ‘sugar’ que ela falava e perguntei para o diretor se eu podia usar. Ele achou legal e a gente encaixou o ‘sugar’. Mas eu também fico muito atento ao Twitter (@leomiggiorin), por exemplo. Tem muita gente que escreve. O público GLS é um público que se manifesta muito, que tem opinião. E é importante ver que eles estão recebendo de uma forma positiva o Roni.

UOL – O que o público GLS têm falado para você?
Leonardo Miggiorin – Eles me parabenizam, eles me abordam para falar que estão adorando e que se sentem identificados.

UOL – Você torce para que o Roni se envolva afetivamente com alguém?
Leonardo Miggiorin – Torço pela felicidade dele [risos]. Não penso muito sobre isso. Mas se vier no texto... Tenho certeza de que nada vai ser gratuito na novela. Tudo vai ser feito da maneira tranquila que tem sido feita até agora.

UOL – Você gostaria de dar o primeiro beijo gay da Globo?
Leonardo Miggiorin – Eu sou ator, sou profissional. Escreveu, está no texto, então eu estou disposto a fazer. Mas eu não fico pensando sobre isso nem dando muita trela para esse assunto. Mas acho que as pessoas querem que o Roni fique bem, que ele se sinta feliz.

UOL – O Roni cresceu muito desde a estreia da novela. A que você credita esse crescimento?
Leonardo Miggiorin – Eu estou dentro da parada, então não consigo enxergar se ele cresceu tanto assim, como as pessoas estão falando. É tão diferente para a gente que está fazendo. As pessoas têm me reconhecido muito mais. Às vezes ligo para pedir uma informação e elas já me conhecem pela voz. Engraçado, né? [risos]

 

  • Arquivo pessoal

    Miggiorin ensaia com a banda Vista (maio/2011)

UOL – Além de atuar, você é vocalista da banda Vista. Há quanto tempo canta?
Leonardo Miggiorin – Na verdade, sempre cantei em musicais. Nunca tinha pensado em ter uma banda. Ela surgiu quando fiz um seriado independente chamado “Surto”. Como fazia um cantor de uma banda de garagem, tive que gravar uma música. Foi dificílimo, mas gostava muito daquilo, queria fazer. Então gravei a música e fiquei fascinado. E depois o produtor dessa música me chamou para montar uma banda com ele. E falei: ‘como assim, montar uma banda?’.

UOL – E decidiu montar a banda?
Leonardo Miggiorin – É... Ela já existe há quatro anos e meio. Treinamos semanalmente em São Bernardo do Campo. Brinco que nessa novela ainda dá para eu ter uma febre. A banda é um projeto que tenho muito carinho, que levo em paralelo com a minha carreira de ator. Componho as letras, escrevo todas as músicas. Declamo poesias do Drummond e do Pessoa. Tem uma performance musical: músicas nossas e covers.

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