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16/04/2011 - 08h30

Ator Ricardo Tozzi reencontra o humor com o atrapalhado Douglas de "Insensato Coração"

PopTevê

Mistura de sotaque de carioca com paulista, assim está o tom do personagem de Ricardo Tozzi, em "Insensato Coração". Para dar vida a Douglas, um suburbano da novela de Ricardo Linhares e Gilberto Braga, o ator, que é paulista nascido em Campinas, teve de aprender a falar com o chiado típico dos cariocas. Sem contar as gírias. "Sabe quando você quer comprar um carro e só tem olhos para isso? Comecei a reparar em pessoas parecidas com o Douglas", conta. Essa observação, aliás, começou dois anos antes. Ricardo foi convidado para integrar o elenco da novela quando ainda estava no ar como o indiano Komal de "Caminho das Índias". "Eu tinha uma ideia do que seria. Mas não imaginava que o Douglas seria tão burro, tão sem noção e, ao mesmo tempo, com um bom coração. Estou adorando fazer esse personagem", afirma.

  • Divulgação/TV Globo

    Maria Clara Gueiros e Ricardo Tozzi em cena de "Insensato Coração" (2/4/11)

O autor Gilberto Braga disse que era preciso um ator inteligente para interpretar um homem burro. É mais difícil viver um personagem como o Douglas?
É difícil, porque também tem de ter certa ingenuidade, ou então, não funciona. Acho que tem de ser um ator esperto para interpretar um burro. Mas não acho que o Douglas é burro. Eu diria que ele é mais lento do que o normal. Ele também nunca estudou, não tem cultura, não tem informação. É mais um cara ignorante.

Seus personagens na TV têm um toque de comédia. Você se sente mais à vontade trabalhando com humor?
Adoro o ridículo. Não gosto de gente mascarada, muito equilibrada e lapidada. Não vejo graça nesse tipo de pessoa, coisa que eu era, porque fui criado em um ambiente muito formal. Gosto de gente que fala na cara, que é espontâneo e tem essa comunicação popular. Acho que sempre trago comédia para meus personagens. Adoro trabalhar com humor. Por trás da comédia, tem algo de trágico, de triste. O Komal era oprimido pelo pai. O Douglas é um acomodado, não tem perspectiva de vida. Tudo que é engraçado tem um humor ácido por trás.

Você é paulista de Campinas. Teve alguma dificuldade em interpretar um personagem com sotaque carioca?
Antes da novela, passei seis meses fazendo uma peça em São Paulo, na qual usei todo o meu sotaque paulistano. Quando comecei a gravar "Insensato Coração", senti uma dificuldade enorme. E me preocupo muito com o sotaque. Como o Douglas é típico do Rio de Janeiro, nasceu no Vidigal, tinha de ter sotaque. Mas tenho uma coisa com os personagens que, depois de um tempo, não tem mais volta. Vou criando uma naturalidade que agora estou falando meio Tozzi, meio Douglas. Fica confuso na minha cabeça.

Você decidiu ser ator aos 26 anos, quando já tinha uma carreira executiva estabilizada. Não sentiu medo da instabilidade da profissão de ator?
Senti. Mas tinha mais medo de não poder trocar. Antes dos 26 anos, não passava pela minha cabeça ser ator. Depois que comecei a fazer teatro, me apaixonei por isso. Eu me sentiria um covarde se não trocasse. Tinha de correr todos os riscos e hoje me sinto agradecido por ter feito.
 

(Por Natalia Palmeira)

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