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16/11/2011 - 06h35

''Não consigo fazer o Crô sem o figurino'', diz Marcelo Serrado sobre personagem gay de ''Fina Estampa''

JAMES CIMINO
Editor-assistente de UOL Entretenimento
  • Marcelo Serrado: Pereirão e Crô são dois tipos extremamente populares

    Marcelo Serrado: "Pereirão e Crô são dois tipos extremamente populares"

Intérprete de tipos truculentos, pedantes e megalomaníacos nas novelas da Record, Marcelo Serrado volta a se destacar na TV por seu trabalho como o inseguro, submisso e subserviente Crodoaldo Valério, o mordomo homossexual de Tereza Cristina em “Fina Estampa”. O ator contou ao UOL que, para interpretar o rapaz no entanto, tem que passar por um processo de, digamos, “afrescalhamento”. Leia a entrevista:

UOL – Você já fez uns tipos extremamente machistas e até misóginos nas novelas da Record. Como é o processo de transformação para o Crô?

Marcelo Serrado – Olha, não tem muito processo não. Quer dizer, depois que comecei a fazer o personagem, passei a fazer as unhas a cada 15 dias. Peguei o trejeito do cabelo de um amigo. Também não consigo interpretar o Crô se não estiver com o figurino...

UOL – Tem alguma peça daquele figurino que você tenha adotado para você?

Marcelo Serrado – Não, não. Não tem nada ali de que eu goste...

UOL – No Twitter, muitos gays criticam a postura do Crô. Dizem que é uma forma de reforçar a imagem do gay caricato e submisso por sua condição sexual, já que Tereza Cristina sempre o trata por “bicha” de uma maneira pejorativa...

Marcelo Serrado – Eu acho que tem duas coisas aí: tem gente que acha isso, que acha que gay tem que ser mostrado casado, com filho etc. Mas tem outra parcela de gays que vivem e se comportam de maneira diferente. E olha que o Crô nem é aquela bicha louca. Ele é contido, meio melancólico até. Ao mesmo tempo ele vai lá e bate no Baltazar pra proteger a Celeste. Tem gay de todo tipo. Eu tenho um amigo que passa laquê no cabelo todo dia de manhã... Agora, eu só ouço coisa boa. Esses dias fui levar minha filha de seis anos para ver o show do Justin Bieber e o que teve de criança me cercando pra tirar foto. Entre meninos e meninas. Eu achei bem legal me botarem para fazer um gay, depois de tantos vilões que fiz. Só me envaidece, mas diferente dos gays da novela anterior, optou-se por não levantar bandeira.

UOL – E ninguém te agrediu até hoje? André Gonçalves foi agredido na época do Sandrinho de “A Próxima Vítima”...

Marcelo Serrado – O máximo que ouvi foi no Rock in Rio. Eu passei e alguém disse: “Lá vai a bicha da novela!” (risos)

UOL – E qual o motivo da submissão de Crô a Tereza Cristina? Só por grana?

Marcelo Serrado – Não.Ele idolatra a mulher que não apenas paga a faculdade da sobrinha, mas que ensinou a ele como se portar, como se vestir. Por que o Crô é uma bicha da comunidade, pobre, que não teve família. Além disso, tem uma coisa de projeção. Tanto que em casa ele veste o robe de seda dela. Embora o dela tenha sido comprado em Paris e o dele no Saara...

UOL – Você passou a ser mais cantado pelos gays depois do papel?

Marcelo Serrado – Depois do papel não, mas antes, durante a preparação, eu ia a boates como a The Week. Chegava com uma amiga e eles perguntavam pra ela se o gato estava sozinho. Ela respondia: “ele não é do babado”.

UOL – Você pensa como o Aguinaldo Silva (autor da novela), que beijo gay só em casa?

Marcelo Serrado – Olha, acho que não precisa não, por causa das crianças. Acho que certos assuntos não devem ser tratados de forma precoce. Agora, no horário das 23h, acho tranqüilo...

UOL – Mas você tem uma filha de seis anos. Ela sabe o que é o seu papel?

Marcelo Serrado – Ela diz que “o papai faz um moço que se veste de mulher”. É muito novinha para entender, mas convive comigo no teatro faz tempo, entende minha profissão mais ou menos. Mas outro dia ela viu um pedaço da novela e disse: “Ela [Tereza Cristina] te maltrata papai?”

UOL – E quanto à lei anti-homofobia, você é a favor?

Marcelo Serrado – Ah, acho legal sim. Acho importante essa lei. Tem muita gente ainda sendo agredida por isso. Tem que ter.

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