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19/09/2011 - 07h00

"Quero que ele sofra muito", diz Bruno Gagliasso sobre fim de Timóteo em "Cordel"

FÁBIA OLIVEIRA
do UOL, no Rio

Os olhos azuis de Bruno Gagliasso brilham cada vez que ele fala de Timóteo, o vilão que interpreta em "Cordel Encantado". Nas ruas, escuta bronca das senhoras que assistem a trama escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid. "As avós me odeiam. Elas dizem: 'Timotinho não vale nada!'", diverte-se. O ator afirma que Timóteo não é um personagem distante. "Solto meus demônios com o Timóteo", avisa.
 
Bruno diz que o destino de seu personagem já está traçado. "Recebi as cenas secretas, mas ainda não gravei. O final dele é surpreendente", despista o ator. Mas antes do dia 23, quando "Cordel Encantado" termina, Timóteo ainda vai aprontar muito. Depois de fugir do hospital e voltar para a fazenda, em Brogodó, o vilão se veste de mendigo e vai até a cidade para sequestrar o filho de Carlota (Luana Martau), que acaba de nascer. Ele chega a invadir o palácio, mas a moça acorda na hora e grita. Timóteo então foge, e Carlota consegue salvar o menino das garras do pai. A sequência está prevista para ir ao ar a partir desta segunda-feira (19).

Leia a seguir a entrevista exclusiva com o ator, em que ele fala do orgulho de fazer parte de uma novela das seis que tem uma audiência com média de 30 pontos -considerado um grande feito para o horário.  

UOL - Como você vê a evolução de Timóteo na trama?
Bruno Gagliasso - Eu não esperava que Timóteo fosse um papel tão envolvente e tão terrível como ele é. Foi uma das maiores experiências profissionais da minha vida, isso se não for a maior. Quando a [diretora] Amora Mautner me chamou, ela disse: "Bruno, esse é o tipo de personagem que você ama fazer. Ela me conhece. Trabalhamos juntos em "Celebridade" e "Paraíso Tropical". Confio 100% nela e entrei de cabeça na novela. E Amora, mais uma vez, estava certa.

UOL - Como você avalia o sucesso de "Cordel Encantado", uma novela das seis que dá 30 pontos de média no Ibope?
Bruno Gagliasso - Acho que "Cordel" entrou para a história por ser uma novela completa. Todos os atores estão inteiros nessa novela. Tudo é muito visceral. É a junção perfeita da arte com a ousadia. A trama é uma fábula, mas retrata muito do que acontece. Timóteo é o retrato dos coronéis que ainda existem no interior do Brasil, que colocam suas próprias regras. Através desse personagem, as autoras [Thelma Guedes e Duca Rachid] denunciam os poderes paralelos, como as milícias. Acho que "Cordel" deu muito certo porque retrata a realidade.

UOL - Antes da novela estrear, muito se falou sobre a probabilidade de o público aceitar ou não uma trama diferente como a de "Cordel Encantado". Você sempre acreditou no sucesso da novela?
Bruno Gagliasso - Eu gosto do risco e da arte. Só assim a gente cria e fica inteiro. Se não for para correr riscos, qual é a graça? Um fator determinante para aceitar um personagem é justamente se ele for um risco. Isso me instiga. E eu quis correr esse risco.

UOL - Muita gente associa Timóteo ao Napoleão Bonaparte. Você se inspirou nele para o papel?
Bruno Gagliasso - Me inspirei sim em Napoleão Bonaparte. O texto das autoras induziu isso. Ficou claro quando Napoleão tira a coroa das mãos do Papa e se intitula rei. Fiz uma cena assim, quando Timóteo tira a coroa das mãos do Cardeal. E Timóteo estudou os grandes reis da história para se inspirar.
 

Todo mundo tem anjos e demônios como o Timóteo. O bacana é poder controlar os dois, mantendo um equilíbrio. Solto meus demônios com Timóteo

Bruno Gagliasso, sobre vilão de "Cordel"

UOL - O que você ouve nas ruas sobre Timóteo?
Bruno Gagliasso - As crianças adoram porque elas associam a novela às histórias das princesas que fazem parte do cotidiano delas. Mas as avós me odeiam. É engraçado porque eu ouço muita bronca nas ruas. Elas dizem: "Timotinho não vale nada!". Algumas brigam comigo, mas depois sorriem. Mas a maioria só briga.

UOL - Os bordões de Timóteo caíram no gosto popular, como o "Timóteo, me mate!". Eles já vieram no texto?
Bruno Gagliasso - Foi tudo invenção da minha cabeça. E o bacana é que as autoras deixam a gente fazer sem se importar com isso. Criei também o "Caladinho!" e o "Êta". Isso pegou até entre o elenco da trama. Jayminho [Matarazzo] não para de falar o "Eta". É gostoso ver isso.

UOL - Qual foi a cena mais difícil de fazer?
Bruno Gagliasso - As mais difíceis são sempre as mais prazerosas. Gostei muito de ter feito as cenas da coroação de Timóteo. Quando ele virou coronel eu gostei... A cenas em que ele leva um tiro do Zóio-Furado [Tuca Andrada] também foi muito bacana, quando me visto de mendigo... Eleger uma só é complicado.

UOL - Como você definiria o Timóteo?
Bruno Gagliasso - Ele é um cara que passa por cima de qualquer pessoa para conseguir o que quer. Ele é debochado e sarcástico. Ele é sádico, porque gosta de ver as pessoas sofrendo.

UOL - Você tem alguma coisa de Timóteo?
Bruno Gagliasso - Claro! [risos] Todo mundo tem anjos e demônios como o Timóteo. O bacana é poder controlar os dois, mantendo um equilíbrio. Solto meus demônios com Timóteo. Falar que eu não tenho demônios é desmerecer esse controle. Claro que tem gente que é 90% anjo. Assim como tem gente que é 90% demônio. [risos]

UOL - Na sua opinião, a loucura de Timóteo pode ser comparada à esquizofrenia de Tarso, seu personagem em "Caminho das Índias"?
Bruno Gagliasso - De jeito nenhum! Timóteo é um psicopata, demoníaco. Se fosse para comparar, acho que ele seria mais parecido com a Yvone [papel de Letícia Sabatella na trama de Glória Perez]. Timóteo não tem cura. O Tarso tinha cura e era isso o que a Glória tentou mostrar. Os esquizofrênicos sofrem com isso porque as pessoas confundem.
 

  • Divulgação/Globo

    Timóteo (Bruno Gagliasso), em cena de "Cordel Encantado" (16/9/2011)

UOL - Como você gostaria que fosse o final de Timóteo?
Bruno Gagliasso - Ah! Ele tinha que sofrer muito. Alguém tinha que conseguir colocar uma máscara de ferro nele e deixar ele lá, com a máscara, por um bom tempo. Depois, ele seria enforcado. Quero que ele sofra muito.  

UOL - "Cordel" está com poucos capítulos de frente. O elenco vai gravar até o dia 23. Trabalhar assim é mais complicado?
Bruno Gagliasso - Toda reta final de novela é dessa forma. "Cordel" foi assim desde o começo. Foi uma novela em que os atores se doaram muito. A gente precisou se doar porque a gente grava cenas elaboradas, com um figurino caprichadíssimo e em muitos cenários distintos. Cada um deles tem uma luz diferente. Todos esses fatores que te falei fazem com que seja necessário um tempo muito grande para que a novela possa ir ao ar da maneira como está indo.  

UOL - Parece que o elenco ficou muito amigo. Isso é um facilitador na hora de gravar as cenas?
Bruno Gagliasso - O elenco é muito sincronizado. É impressionante a minha amizade com a Bianca Bin [Açucena], o Domingos Montagner [Herculano] e o João Miguel [Belarmino]. Fiz grandes amizades que quero levar para sempre na minha vida. São pessoas maravilhosas e muito importantes.

UOL - Timóteo é seu primeiro papel em uma novela de Thelma Guedes e Duca Rachid e você está satisfeito com o resultado. O que você gostaria de dizer para elas neste momento?
Bruno Gagliasso - Eu sempre digo alguma coisa quando a gente se encontra. Mas diria o seguinte: "Que venham outros Timóteos, Jesuínos e Herculanos por aí".

UOL - Você fala de "Cordel Encantado" com um orgulho enorme...
Bruno Gagliasso - Acho que a Globo arriscou. Foi ousada ao colocar uma novela como essa no ar e abriu o caminho para próximas produções deste nível. Todo o elenco tem mesmo um imenso orgulho de ter feito parte de "Cordel Encantado". Para mim, essa novela revolucionou a história da TV.

 

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