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05/08/2011 - 18h55

Figurinistas de "Cordel Encantado" contam sobre a escolha dos figurinos dos personagens

Do Pop Tevê

Para se criar uma fábula, a atmosfera onírica e a estética típica de contos de fadas são imprescindíveis. Uma das ferramentas para se mostrar um visual forte e característico de "faz de conta" é o figurino de cada personagem. Foi partindo desse "mundo fantasia", que as figurinistas Marie Salles e Karla Monteiro começaram a trabalhar nas roupas de "Cordel Encantado", da Globo. "Recebemos uma sinopse muito bem escrita e detalhada. No começo, ainda fiquei um pouco perdida de onde poderíamos ir, mas a Marie já começou a imaginar", conta Karla. Com as inúmeras possibilidades, já que poderiam inventar um novo mundo, as duas começaram se encontrando com Amora Mautner e Ricardo Waddington, diretora geral e diretor de núcleo da trama, para uma conversa esclarecedora. "Recebemos uma encomenda. Tudo é muito acordado", explica Marie.

Primeiro fomos para a pesquisa histórica. Filmes como 'Star Wars' e 'Senhor dos Anéis' passaram pelo processo de criação também

figurinista de "Cordel Encantado" Marie Salles sobre pesquisa sobre a trama

Foi na reunião que Marie e Karla descobriram que poderiam começar se inspirando em uma época definida: entre 1900 e 1910. "Primeiro fomos para a pesquisa histórica. Filmes como 'Star Wars' e 'Senhor dos Anéis' passaram pelo processo de criação também", lembra Marie. Depois, a dupla de figurinistas teve de pensar em um conceito único para a novela de Duca Rachid e Thelma Guedes. "Seráfia e Brogodó são antagônicas. Nós tínhamos de fazê-las conviverem harmoniosamente em um lugar só, já que todos acabaram indo para Brogodó", explica Marie, que ainda hoje escuta comentários durante as provas de roupa do tipo "isso não é de época". "Então eu olho em volta e penso: mas o que é? As formas, como a cauda da Úrsula e as saias longas da Açucena, são desse período, mas o que vem por cima é criação", esclarece, referindo-se às personagens de Débora Bloch e Bianca Bin.

Aliás, todo figurino da novela – e isso inclui também o dos figurantes – foi feito exclusivamente para a trama. A única peça que foi comprada – e que, mesmo assim, passou por diversas lavagens e lixamentos – foi uma calça de Jesuíno, herói de Cauã Reymond. "Perto das roupas de parte do elenco, o meu não é tão difícil. O Jesuíno é simples. E, normalmente está com roupas leves e de algodão", analisa Cauã. E essa foi justamente uma das preocupações da dupla com o visual do povo tipicamente "brogodense". Todos os tecidos são 100% algodão e aparentam terem sido tingidos à mão. "Na sinopse, as autoras descreviam Brogodó como uma cidade perdida no meio do sertão. Então essas pessoas faziam as suas próprias roupas", explica Karla. Já o visual da mocinha da história é completamente inspirado no trabalho de patchwork, muito comum em artesanatos nordestinos, que é feito com pedaços de tecidos. "Uma das minhas peças prediletas é uma saia longa toda feita em patchwork. É maravilhosa!", elogia Bianca Bin, intérprete da princesa.  

O visual literalmente mais pesado, cheio de metais e tecidos grossos, ficou com os personagens poderosos da trama: o rei Augusto, de Seráfia, interpretado por Carmo Dalla Vecchia, e Herculano, o "rei" do cangaço, de Domingos Montagner. Para o primeiro, Marie partiu de algumas peças de ferro usadas para decorar portas e varandas. "O mais difícil foi adaptar esses desenhos para um metal que pudesse aderir na roupa. É o figurino mais complicado, pois temos que refazer praticamente toda semana", ressalta. Já Herculano, que representa um homem do sertão, carrega roupas que, além de também conterem metal, são feitas em couro de bode, que tem um forte cheiro. "Quando ele vestiu pela primeira vez, ficou uns 5 minutos tocando na roupa e respirando forte. Quando levantou, parecia que ele havia incorporado o Herculano. Foi incrível! Todos se emocionaram muito", lembra Marie.

Enquanto grande parte da inspiração é nordestina, a vilã Úrsula saiu de um desenho da Disney, "Branca de Neve". As roupas da maléfica personagem são como as da madrasta da amiga dos Sete Anões. "O figurino é louquíssimo. Ela é quase uma Lady Gaga. É ótimo poder ter essa coisa poética nas vestimentas", comemora Débora Bloch. E, por conta dessa criação que vem de diversos universos lúdicos, o ateliê da dupla se assemelha a um parque de diversões para quem gosta de bonecas. "É uma grande brincadeira. Mas nós brincamos durante 14 horas por dia, de segunda a sábado", sintetiza Karla. 

 

(MANU MOREIRA)

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