Fabio Villa Verde interpreta Telmo, em "Amor e Revolução"
Mesmo com mais de 30 anos de experiência como ator, Fabio Villa Verde nunca havia encarado um personagem envolvido em uma trama tão forte e complexa quanto o Telmo, de "Amor e Revolução". Na pele de um agente da ditadura, Fabio fez sequências em que seu personagem ameaça e tortura pessoas que lutavam contra a ditadura. "Atrocidades aconteciam no regime militar e retratar isso é emocionalmente muito difícil. São cenas de extrema crueldade. Mesmo sendo de mentira ali, você sabe que aconteceu de verdade e até pior com muita gente", avalia.
Na pré-produção da novela, tivemos 'workshop' com pessoas que participaram ativamente da resistência ao regime, porém, pouca informação direta dos militares envolvidos na repressão
Fabio Villa Verde, sobre seu personagem em "Amor e Revolução" Apesar das explícitas cenas de violência mostradas no folhetim, Fabio vê pontos positivos na abordagem da novela. "Nessa época de liberdade de expressão, é muito importante rever esse período recente da nossa história. E, através disso, reforçar a mensagem a favor da democracia, justiça e paz", enumera o ator, que encarou algumas dificuldades na composição do papel. "Na pré-produção da novela, tivemos 'workshop' com pessoas que participaram ativamente da resistência ao regime, porém, pouca informação direta dos militares envolvidos na repressão. Poucos se dispõem a falar sobre isso", conta Fabio, que leu livros como "O Que É Isso, Companheiro?", de Fernando Gabeira, e "1968 - O Ano Que Não Terminou", de Zuenir Ventura, para se inspirar.
Na história, Telmo é um personagem cheio de contradições. Ele é um homem politicamente de esquerda que entra no Exército e, já como tenente, recebe a missão de fazer amizade com um grupo de teatro para colher informações sobre atividades consideradas subversivas. Apesar de agir como um traidor ao causar a prisão de muitos artistas, o personagem acaba descumprindo as ordens e se afasta dos militares. " De certa forma, ele abandona o Exército por amor", romanceia o ator, citando a relação de Telmo com Nina, personagem guerrilheira de Patrícia Dejesus. Além de deixar a farda, Telmo se envolverá, cada vez mais, no movimento guerrilheiro. "Isso faz ele desertar tanto das lideranças políticas de esquerda que o infiltraram entre os militares, quanto do próprio Exército", conta.
Fabio iniciou sua carreira na televisão aos 11 anos em "Brilhante", novela de 1981, da Globo. Antes de ir para o SBT, ainda fez produções como "Malhação" e "O Profeta". Apesar de considerar todos os personagens que viveu até hoje uma forma de aprendizado profissional, Fabio admite que o que teve maior repercussão foi o Thiago Roitman, da novela "Vale Tudo". Fazendo o filho de Renata Roitman, vivida por Renta Sorrah, Fabio se lançou de vez na carreira. Recentemente, a novela foi reprisada por um canal de assinatura pago e o público voltou a comentar sobre seu papel. "Muito bom e interessante poder me assistir 23 anos depois", opina, aos risos.
Da tevê, ele passou a fazer cinema e teatro. Mesmo garantindo que se dedica da mesma forma a todos os tipos de veículo, não disfarça que ainda quer concretizar alguns trabalhos específicos. "Gostaria de ter mais oportunidades no cinema", confessa. Além de atuar, Fabio também usa a atividade como uma forma de promover ações sociais. O ator, junto com outros colegas de profissão, usa o futebol para estimular o público a participar de uma iniciativa em prol de entidades assistenciais. " É uma maneira de nós, atores, retribuirmos o carinho e o respeito do público usando nossa imagem para reforçar a mensagem de responsabilidade social", avalia Fabio, que pretende levar o projeto Futebol dos Atores, nos próximos meses, para cidades da Bahia e de São Paulo.
(Ana Paula Hinz)