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09/04/2011 - 10h00

Em "Amor e Revolução", Marcos Breda protagoniza cenas sangrentas

PopTevê

Até com um personagem pesado e dramático é possível se divertir. Pelo menos, para Marcos Breda é assim. Na pele de Carlo, em "Amor e Revolução", do SBT, ele interpreta um militante de esquerda que é sequestrado e torturado até a morte por militares, na época da ditadura estabelecida em 1964. Apesar da temática e das cenas tensas e sangrentas que protagoniza, o ator costumava alternar momentos de total concentração com brincadeiras durante as gravações dos oito capítulos em que participa. Afinal, contracenar com amigos, como Fábio Villa Verde e Jayme Periard, deixa o clima bem mais leve nos bastidores. "Na hora de gravar, era todo mundo sério: muito sangue, dor, sofrimento, lágrimas. Quando cortava, um olhava para a cara do outro e dava risada", revela. A descontração não significa falta de comprometimento. Pelo contrário. "As pessoas confundem seriedade com sisudez. Você não precisa estar com uma cara amarrada para fazer uma coisa séria", explica. "Você pode estar bem sério e se divertindo para caramba. Diversão ajuda a trabalhar", completa.

Por pouco, Marcos não faz um personagem do início ao fim da trama. Mas quando surgiu o convite, o ator teve de recusar o papel maior. Isso porque já estava comprometido com as duas sequências do filme "Os Senhores da Guerra", de Tabajara Ruas, cujas filmagens começariam ao mesmo tempo em que parte das gravações do folhetim de Tiago Santiago. "Não tinha como conciliar com a novela porque é um ritmo muito intenso. Então, o autor e o diretor sugeriram esse outro papel. Deu tudo certo", constata. Apesar de pequeno, o personagem é intenso e ainda trouxe à tona recordações em Marcos. Ele era muito novo na época do Golpe de 64 – tinha um pouco menos de quatro anos –, mas lembra que seu pai, que era sargento da Aeronáutica, passou um bom período longe de casa. "A imagem que guardo é de um medo no ar. Lembro da ausência do meu pai e da minha mãe chorosa, preocupada com a situação", revela. No auge da ditadura, um pouco mais velho, Marcos cantava canções ufanistas na escola, enquanto pessoas eram torturadas nos porões da ditadura. "O país ia sendo silenciosamente massacrado. Era um pano de fundo meio distante para uma geração que cresceu alienada. A gente nem tinha noção dos horrores que eram cometidos", avalia.

Na pele de um preso político que é duramente torturado, você protagoniza cenas fortes. Fez alguma preparação específica para isso?
As cenas de tortura são "barra pesada", com muito sangue, choque. Por mais que você faça tudo tecnicamente, sempre se machuca um pouco, mas isso faz parte do jogo. Como eu só apanho, não tive de fazer grandes preparações em manuseio de arma, por exemplo. Mas sempre privilegiei, na minha formação como ator, a preparação corporal. Fiz 20 anos de capoeira, lutei judô, caratê, jiu-jítsu, faço alongamento, ioga. É uma coisa que venho trabalhando a vida toda.

A caracterização ajuda você nesse processo de entender o personagem?
Ajuda, mas é um acessório. Acredito que, mais do que qualquer coisa, o importante é a preparação interna do ator. Não é cabelo, não é roupa, não é maquiagem. Esses artifícios ajudam, mas o principal trabalho é de dentro para fora. A caracterização é importante, mas vem depois do processo do ator, que é ler aquele texto, entender de onde vem e para onde vai o personagem.

Você tem 30 anos de profissão e já trabalhou em todas as emissoras de TV. Que personagem elege como o mais marcante de sua carreira?
Um dos personagens mais legais que já fiz pouca gente viu, porque era em uma novela da Band: "Paixões Proibidas". Eu fazia um "serial killer" de época. Era muito bom trabalhar com esse tipo de universo que, apesar de macabro e terrível, é fascinante. Os monstros são personagens muito ricos para um ator.
 

Veja cenas da novela "Amor e Revolução"
Veja Álbum de fotos

(Por Luana Borges)

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