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09/11/2011 - 06h15

Venda de sêmen entre irmãos na novela "A Vida da Gente" é antiética, dizem médicos

THAYS ALMENDRA
Da Redação
  • Jonas noticia para Cris que seu irmão Lourenço será o doador do sêmen

    Jonas noticia para Cris que seu irmão Lourenço será o doador do sêmen

Lourenço (Leonardo Medeiros) não queria ter filhos com sua mulher Celina (Leona Cavalli), mas aceitou vender seu sêmen para o irmão Jonas (Paulo Betti) fertilizar sua mulher Cris (Regina Alves). A trama presente na novela "A Vida da Gente", além de moralmente contestável,  não é permitida no Brasil e está totalmente fora do Código de Ética Médica. “É um absurdo eticamente. Não é permitida a doação de uma pessoa conhecida e muito menos cobrar um valor para isso”, afirma o ginecologista especialista em reprodução humana, Luiz Eduardo de Albuquerque.

A médica e diretora do banco de sêmen Pró-Seed, Vera Feher Brand, explica que a doação no país é feita de maneira anônima e da forma abordada na trama pode gerar problemas. “No Brasil, não é permitido. Vai criar problemas futuros, como por exemplo: ‘Quem é o pai? O próprio pai ou o tio?’”.

Na novela, Jonas não gostou de saber que Cris escolheria um sêmen através das características físicas e psicológicas de um doador anônimo e, por isso, fez uma surpresa para sua esposa. Ele ofereceu R$1 milhão para o irmão ser o doador da fertilização artificial e Lourenço acatou a ideia.  

De acordo com a Central Globo de Comunicação, “A Vida da Gente” é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade. Na trama, Jonas é um personagem sem caráter que propõe um acordo que envolve conflitos, críticas e discussões. Ainda segundo a emissora, a inseminação artificial ocorrerá nos Estados Unidos, em Nova Iorque, onde é possível realizar a utilização de sêmens de parentes próximos.

Mesmo a trama não seguindo a ética médica, Vera Feher afirma que há um aumento na procura de inseminação artificial quando a temática é exposta na mídia. “Percebemos que cresce a procura e vemos que hoje é mais viável, o povo brasileiro está ganhando mais, influenciando à busca pela fertilização”.

A doação

Com o aumento da procura por inseminação, o número de sêmens se reduz devido a quantidade escassa de doadores. “Precisamos de doadores e quem quer doar é porque quer ajudar um casal infértil”, disse Vera Feher.  

De acordo com o ginecologista Luiz Eduardo, a lista de doadores é numérica, anônima e, cada um tem suas características físicas e psicológicas expostas para que quem for escolher o sêmen, selecione aquele que tem semelhanças físicas a do casal.

Para doar, é necessário o homem ir 8 vezes à clínica e ter abstinência sexual de 3 dias. Além disso, é necessário entrar em contato com o banco de sêmen  Pró-Seed ou qualquer outro banco.

Além disso, o dr. Luiz Eduardo apontou outro cuidado que deve ser tomado na hora de procurar um doador, para que a vida da criança não acabe se tornando um conflito digno de novela. "Em alguma cidade menor como Curitiba, por exemplo, é necessário um cuidado maior na hora da distribuição do sêmen, para que, no mesmo local, não haja várias crianças criadas por pais diferentes, mas filhas do mesmo doador. Imagine se essas crianças se conhecem e desenvolvem uma relação afetiva?"

Para que isso não aconteça, diz a médica Vera Feher, o material coletado de cada doador é distribuído em clínicas espalhadas pelo Brasil inteiro.


Pró-Seed

Onde: Rua Peixoto Gomide, 515 - Térreo Jardim Paulista - São Paulo
Contatos: Tel/Fax (11) 3171-1196 / (11) 3262-5253 www.pro-seed.com.br

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