Ana Beatriz Nogueira acredita na boa intenção de sua personagem Eva, em "A Vida da Gente"

Alguns atores consideram fazer papéis semelhantes um problema. Desde os 37 anos, Ana Beatriz Nogueira interpreta mães na televisão. Hoje, prestes a fazer 44, vive Eva em "A Vida da Gente", uma mãe que se projeta na filha, a sofredora Ana, de Fernanda Vasconcellos. "Na ficção é assim, se a gente combina que é, é. Não me preocupo em fazer mães, e sim em mostrá-las de maneira única", ressalta ela, que acaba de interpretar a traída Clarice, mãe de Rafael, vivido por Jonatas Faro, em "Insensato Coração". Apesar de Eva aparecer na novela de Lícia Manzo tomando atitudes um tanto quanto egoístas, Ana Beatriz acredita na "boa intenção" da personagem. "Acho que ela é vítima das próprias escolhas", sintetiza. E, mesmo com características de uma vilã, a atriz prefere ainda não rotular Eva. "Ela pode acabar resultando em uma vilã sim. Mas ainda não sei. Ela me surpreende muito", garante.     

Pop Tevê – Você acaba de sair de uma personagem que também era mãe e tinha problemas familiares. Além disso, o visual das duas é um pouco parecido. Encontra diferença nos papéis?
Ana Beatriz Nogueira –  Elas têm semelhanças, mas no fundo são muito diferentes. Acredito que essas diferenças até são bem claras. O que eu acho ótimo. Encontro o que não há em comum. Quando você sai de uma personagem e pega outra completamente diferente é muito mais estimulante. É uma variação do mesmo tema. Não acho necessário mudar muito o visual. A não ser que queiram, por uma questão estética da novela. Até acho bom o visual parecido porque aí preciso fazer realmente diferente, investir na interpretação sempre. E não ter medo de o cabelo ser razoavelmente parecido. Não adianta ter um rastafári na cabeça e interpretar sempre a mesma coisa.

Pop Tevê – O texto da Lícia Manzo, autora da novela, ainda é pouco conhecido pelo grande público. Como está a sua relação com a escritora?
Ana Beatriz Nogueira – Já conhecia o trabalho dela no teatro. E também acompanhei "Tudo Novo de Novo" (seriado exibido na Globo em 2009). Mas conheço a Lícia pessoalmente há muitos anos. Desde os vinte e poucos. Tive a possibilidade de encontrar com ela em alguns momentos e isso é maravilhoso. Para saber se a gente está indo pelo caminho certo, se ela está vendo o que ela escreveu em cena. São nesses comentários que a gente vai vendo o que está funcionando. E montei a personagem bem no que a Lícia me contou sobre ela. Por isso, esse contato também é fundamental para mim. E ela parece estar satisfeita com o que estamos fazendo.

Pop Tevê – Com mais de 20 anos de carreira, você já interpretou personagens diversificados. Como faz para não se repetir em cena?
Ana Beatriz Nogueira –  O teatro me ajuda muito nesse processo. Me esvazio muito nos palcos. Mas acredito que o ator de verdade, aquele que está realmente interessado em atuar como um profissional se esforça para que isso aconteça. Gosta de personagens diversificados e, mesmo que eles não aparentem diferenças na sinopse, o ator as encontra. Faz de uma maneira única. Eu busco isso desde sempre na carreira. Ser atriz é a minha profissão. Faço da melhor maneira. Ainda tenho a sorte de ser apaixonada pelo que faço.

Pop Tevê – Você também é bastante conhecida por seu trabalho no teatro. Inclusive estava em cartaz com o monólogo "Tudo Que Eu Queria Te Dizer". Como fica a peça com o trabalho no folhetim?   
Ana Beatriz Nogueira –  Preciso parar por um tempo. Um monólogo é algo que consome bastante e precisa de certa dedicação. A Eva também. É uma personagem que participa muito da trama central. Por isso, gravo bastante. Quando posso conciliar, faço. Mas agora está difícil. Depois da novela, eu retomo a peça. Agora só me dedico a "A Vida da Gente".

(Manu Moreira)

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