Diretor de TV e cinema Carlos Manga morre aos 87 anos

Do UOL, em São Paulo

O diretor Carlos Manga morreu nesta quinta-feira (17) aos 87 anos em sua casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, informou o departamento de comunicação da Globo. A causa da morte não foi divulgada pela família.

Com extensa carreira na TV e no cinema, Manga tem no currículo humorísticos como "Chico City", "Os Trapalhões" e "Zorra Total", além de minisséries, novelas e programas de auditório. Como cineasta, ele dirigiu 32 filmes e é considerado um dos grandes diretores de chanchada do cinema brasileiro, tendo trabalhado com os atores Oscarito e Grande Otelo.

Manga começou a trabalhar na televisão nos anos 1960, a convite de Chico Anysio, na antiga TV Rio. Em seguida ele foi para a TV Excelsior, onde chegou a ser diretor geral. Já na TV Record, de São Paulo, trabalhou com profissionais como Manoel Carlos e Jô Soares. Ele também se apresentou no Prêmio Roquette Pinto, fazendo imitações do cantor norte-americano Al Johnson.

Sua trajetória na Globo começou em 1980. Na emissora, Manga dirigiu a segunda versão do humorístico "Chico City" e também "Os Trapalhões". Na década de 1990, ele tornou-se diretor artístico de minisséries e foi responsável por produções como "Agosto" (1993), "Memorial de Maria Moura" (1994) e "Engraçadinha...Seus Amores e Seus Pecados" (1995).

Como diretor de núcleo, Manga coordenou duas novelas: "Anjo Mau" (1997), adaptação da obra de Cassiano Gabus Mendes feita por Maria Adelaide Amaral, e "Torre de Babel" (1998), de Silvio de Abreu.

Posteriormente, ele voltou a dirigir programas e comandou "Domingão do Faustão" (1989), "Sandy & Júnior" (1999) e "Sítio do Pica-Pau Amarelo" (2001). De volta ao posto de diretor artístico, ele comandou o "Zorra Total" (1999), a minissérie "Um Só Coração" (2004) e a novela "Eterna Magia" (2007).

Reprodução/Globo
Carlos Manga é entrevistado por Jô Soares no "Programa do Jô", em 2003: "Minha paixão sempre foi o cinema. Via dois filmes por dia", lembrou

Carreira no cinema: 32 filmes e aulas com Fellini

Carioca, José Carlos Aranha Manga, abandonou o curso de direito no segundo ano para se dedicar ao cinema. Sua filmografia inclui 32 produções e ele é considerado um dos principais cineastas do período de ouro, anos 50, da Atlântida.

Manga dirigiu clássicos da chanchada como "Nem Sansão Nem Dalila" (1954), "Matar ou Correr" (1954) e "O Homem Sputnik" (1959). Nos anos 70, ele morou na Itália, onde conheceu a Cinecittá e Federico Fellini, seu grande ídolo. Manga trabalhou informalmente com Fellini, assistindo o italiano a dirigir o longa "Amarcord", em 1973. De volta ao Brasil, ele escreveu, produziu e dirigiu o longa "O Marginal", estrelado por Darlene Glória e Tarcísio Meira, e que foi inspirado nos ensinamentos aprendidos com Fellini.

Seu último filme foi "Os Trapalhões e o Rei do Futebol" (1986), produção co-estrelada por Pelé.

Em entrevista ao UOL, Renato Aragão lamentou a morte do diretor e afirmou que realizou um sonho ao ser dirigido pelo cineasta. "Ele dirigiu vários filmes de Oscarito, um grande ídolo meu, e eu sempre dizia que um dia teria Manga como diretor. Realizei esse sonho no meu primeiro filme "Os Trapalhões e o Rei do Futebol", com Pelé. Nunca esqueci da generosidade, do carinho e do profissionalismo. Nos tornamos amigos", afirmou.

Homenagens

Em 2006, em comemoração aos seus 50 anos de carreira, o diretor fez uma participação como si mesmo na novela "Belíssima" (2006), de seu amigo Silvio de Abreu. No ano seguinte, ele recebeu o primeiro troféu Oscarito, no Festival de Gramado. Em 2010, ele voltou a atuar, no seriado "Afinal, o que Quererm as Mulheres?", como o conde italiano Don Carlo, que fazia par romântico com Celeste, vivida por Vera Fischer.

Já em "Dercy de Verdade", seriado exibido em 2012, Manga foi interpretado por Danton Mello. Ele foi responsável pela primeira aparição de Dercy Gonçalves quando era produtor da TV Excelsior.

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