O book rosa pode até estar em evidência, mas a prostituição de modelos não é o único assunto polêmico de "Verdades Secretas". A cada passo de Sam (Felipe de Carolis) e Larissa (Grazi Massafera), a trama desce um degrau em direção ao fundo do poço do vício do crack. Para o intérprete do modelo, a chance de discutir um tema tão pesado em sua primeira novela é algo a se comemorar. 

"É muito bom tocar nesse assunto na novela e fazer um personagem completamente diferente de mim. Toda cena que o Sam faz tem algum propósito. Se ele está em cena, ele tem uma responsabilidade, e tenho consciência disso. Talvez eu não me encaixe no estereótipo do traficante no Brasil, mas apostaram em mim e compro isso da maneira que posso", afirma.

Nos workshops que fez no período de preparação da novela, Felipe conta que o elenco aprendeu a diferenciar os efeitos de cada droga no corpo e que tipo de dependência cada uma causa nos usuários. Mas foi o contato com as histórias de quem já passou pelo drama do crack que o sensibilizou mais. "Não se pode colocar rótulos. Na Cracolândia, existem pessoas de classes sociais opostas. O ponto em comum entre elas é o vício. Aprendi muito, e se eu tinha preconceito, hoje tenho muito menos", analisa.

O ator faz mistério sobre o que a trama de Walcyr Carrasco guarda para seu personagem, mas conta que já gravou algumas cenas mais barra pesada. "A gente já está nessa lama", diz. "Mas Sam não é a pessoa que mais consome. Se ele consumir, não ganha. Ele tem a sagacidade de entender o que pode usar, ele tem que vender. Se ele vai perder esse controle não posso contar, mas ele sabe que leva pro buraco", conta.

Com a chegada de Roy (Flávio Tolezani) na vida de Larissa, o modelo vai perdendo terreno - tanto que a loira resolveu terminar com o rapaz. "Roy não é a pessoa mais legal do mundo, ele me afronta o tempo todo. Mas ela não está sendo disputada por dois polos masculinos e sim por duas potências adictas. Ela não fica balançada por amor, é pela droga. Os dois têm uma relação oportunista", analisa. 

Embora considere questionáveis os métodos do personagem para se dar bem na vida, o intérprete o defende. "Ele não se dá bem como modelo, não pega nenhum casting, é humilhado o tempo todo por causa disso. Essa foi a maneira que ele encontrou pra começar a prosperar na vida a ter uma ascensão. Ele chega a Angra de helicóptero e acha o máximo", diz.

Desde que foi anunciado como par de Grazi na trama das 23h, o ator não escapa das perguntas sobre a parceria: bem-humorado, diz que representa todos que gostariam de estar em seu lugar. "Ela é uma mulher linda, uma pessoa adorável. O Brasil gosta muito dela, as mulheres, as donas de casa. Ela é mesmo uma pessoa incrível. E claro que os homens também têm atração por ela", analisa. Filho de Marieta Severo na peça "Incêndios" há dois anos, ele acrescenta que só suaria frio se tivesse que contracenar com Tony Ramos.

Graças ao boxe que pratica há dois anos, Felipe não precisou intensificar sua rotina de exercícios para aparecer bem em cena. Só precisou se aprofundar mais no universo da moda, com o qual não tem intimidade.

"Comecei a seguir perfis de moda no Instagram porque não sei nada. Todos foram modelos, eu não sabia nem o que era casting", diz ele, que se inspirou em algumas fotos para compor o visual de Sam, com o cabelo raspado pela metade e o bigode enrolado nas pontas.

Quanto às cenas de nudez, o ator diz que encara "numa boa". "Não tenho nenhum problema porque o personagem me protege muito. Ele é um cara que fez programa com mulher, com homem, com senhora... Se eu vier a ter algum pudor, meu álibi é o personagem. Ele estaria ali tranquilamente", diz.