Silvio de Abreu diz que já teve novela arruinada por "Aqui e Agora", do SBT

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/GloboNews

    Silvio de Abreu em entrevista para o programa "Ofício em Cena", na Globo News

    Silvio de Abreu em entrevista para o programa "Ofício em Cena", na Globo News

Silvio de Abreu foi sabatinado por uma plateia de atores no "Ofício em Cena", da GloboNews, na noite desta terça-feira (7), e relembrou seus sucessos e fracassos como autor de novelas. Entre seus projetos que não emplacaram, ele destacou a novela das sete "As Filhas da Mãe" (2001), que sofreu com a concorrência direta do "Aqui e Agora", do SBT.

"Entre uma novela esquisita e a história do sequestro da filha do Silvio Santos [Patrícia Abravanel] que estava no 'Aqui e Agora', a concorrência ganhava. Depois foi o próprio Silvio sequestrado, e eu com a novelinha estranha. Quando a gente conseguiu atingir um bom índice de audiência, chegamos aos 37 pontos, os aviões atingem o World Trade Center em Nova York. Agora você vem dizer que a novela era boa? Ninguém viu", divertiu-se.

O autor opinou que em novelas tudo é importante: o autor, o ator, a relação do ator com o personagem, mas que um elenco maravilhoso também não garante uma audiência.

"A gente faz o melhor e reza para dar certo. 'As Filhas da Mãe' tinha um elenco maravilhoso, mas não garantiu sucesso. Era uma novela muito doida que tinha um rap em forma de narração que eu tinha que escrever e dava muito trabalho."

Silvio também disse que o formato dos folhetins mudaram muito com o tempo, fator ao qual um novelista tem de estar atento. "Antigamente você colocava o mocinho e o vilão. O primeiro, só por ser bonzinho, todos já gostavam, mas hoje ele precisa ter atitude. Não pode ser muito passivo. Esses truques de folhetim já não funcionam mais".

Ele também confessou que não costuma ler histórias de ficção porque tem "medo de roubar histórias", já que autor de novela, quando está desesperado, "rouba história de qualquer lugar".

"Eu começo a fazer uma novela sabendo que se eu não tiver um ator certo ali, que entenda o meu texto e faça essa ponte com o público, não funciona. Eu gosto de ver o ator fazendo o ofício. No meu texto, eu coloco a música, o posicionamento na câmera, o sentimento dele. Esse é meu lado diretor. Eu descrevo um filme que está na minha cabeça, a cena, a ação e tudo completa meu raciocínio", revelou.

Por último, Silvio ainda admitiu que tem prazer em escrever porque se sentiria como uma espécie de Deus que pode manipular muitas vidas em suas tramas.

"Eu sou casado há quarenta anos com a mesma mulher, nunca fui de baladas, mas quando estou ali escrevendo uma novela, posso fazer tudo o que eu quiser. Eu posso matar, abraçar, beijar quem eu quiser. Ali eu sou deus. Eu sou deus daquele universo. Por isso é um grande barato escrever. Só não é legal quando a novela não vai bem de audiência", salientou o autor de sucessos como "A Próxima Vítima", "Belíssima" e "Rainha da Sucata".

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