Reginaldo Faria diz que entrou "em pânico" quando começou a trabalhar na TV
Do UOL, no Rio
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Divulgação/TV Globo
Reginaldo Faria
Há 50 anos Reginaldo Faria era um jovem ator de 27 anos, que precisou superar suas dificuldades emocionais para começar a trabalhar na televisão.
"Tinha muito medo. Cada câmera era como se fosse um take. Então, tinha que representar para todas. Só que dentro disso tudo você falava um texto só, que era gigantesco. A possibilidade do ator se encontrar nisso era mínima. Eu entrava em pânico!", contou ele no programa "Grandes Atores", que vai ao ar no dia 6 de maio no canal Viva, às 23 horas.
O medo fez o ator recusar o convite para "O Espigão" (1974), já que não teria tempo para se preparar para o personagem.
"Daniel [Filho] me chamou na sala dele. Lima Duarte e várias personalidades da época estavam lá. Ele me convidou para fazer a novela, mas eu queria mais ou menos um mês para me preparar. Quando ele disse que começava a gravar no dia seguinte, pulei fora".
O diretor insistiu, o ator "sempre fugia", como admite: "Até que ele conseguiu me levar para "Dancin' Days" (1978). Estava tão apavorado, que procurei um neurologista. Ele me receitou um remédio para tomar 40 minutos antes de entrar em cena. Quando chegou a hora de gravar, estava completamente drogado, não conseguia falar!", conta ele no depoimento.
"No dia seguinte, voltei sem remédio, né? Fui enfrentando a situação. Comecei a fazer yoga. Foi o que segurou minha barra durante as gravações."
No programa, Reginaldo Faria comenta ainda sua relação com o irmão, Roberto Farias e relembra vários momentos de sua carreira.
Em "Vale Tudo" (1988), Reginaldo interpretou uma das cenas mais emblemáticas da teledramaturgia: Marco Aurélio, seu personagem, vai embora do Brasil, cheio do dinheiro, e se despede mandando uma "banana" para o país. "Foi uma novela que questionou bastante política e socialmente a situação em que o país estava. Ficou para a história a cena. Gilberto [Braga] acertou na mosca. Maravilhoso!".
A estreia na televisão do ator foi em 1965, em "Ilusões Perdidas", primeira novela da Globo. "Eu e Leila Diniz éramos os protagonistas. Foi delicioso trabalhar com ela. Era extrovertida, carinhosa, deixava você à vontade. E muito bonita, né? Eu contracenava com ela babando com aquela beleza toda."
"Era capaz de brigar por qualquer coisa"
Durante sua participação no programa "Grandes Atores", Reginaldo comentou um momento difícil de sua vida, em 1999, quando estava em "Força de um Desejo", devido a problemas de saúde, que o levaram a fazer um cateterismo e rever o modo de encarar a vida.
"Comecei fazendo um cateterismo. Cinco anos depois, tive que me submeter a outro, mas, por erro médico, romperam minha coronária. Fiquei 20 dias em coma. Fiz uma viagem onírica ou, realmente, fui parar em outro tipo de dimensão. Foi um troco incrível. Quando sai do hospital não tinha massa muscular, pesava 60 quilos. Não conseguia escrever nem falar. Foi um período de grande aprendizado, de grande necessidade de lutar pela vida. Deus me fez compreender uma série de coisas que eu não entendia, até mesmo pela minha própria arrogância. Aprendi a reconceituar a minha vida. Antes, era capaz de brigar por qualquer coisa. Isso me fez sentir melhor o que é a vida. Emociona estar vivo, que é muito mais importante", finaliza.