Alto Astral

"Não lembram que ela quis matar a mãe", diz Claudia Raia sobre Samantha

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

  • Reprodução/Artur Meninea/Gshow

    Claudia Raia

    Claudia Raia

Desde que não tenha ligação direta com a realidade, toda maldade será perdoada. Essa parece ser a regra do público, que rejeita as vilanias de "Babilônia", mas releva as atrocidades cometidas por Samantha (Claudia Raia) em "Alto Astral". Explodir uma ponte para conseguir atenção da mídia é pouco perto das armações da vidente. Mas a aceitação sem restrições à trambiqueira surpreendeu a própria intérprete.

"Ela é uma personagem bem forte, que ganhou um rumo próprio. No começo era bem definida como vilã, mas não foi assim que o público viu. No primeiro grupo de discussão não lembraram que ela queria matar a mãe pra ficar com a herança dela, não é isso que fica para o público. Mas ela tem um caráter péssimo", analisa.

A atriz acredita que o humor ácido da personagem ajuda a amenizar os absurdos que ela fala sem parar. Mas a vidente também conquista os telespectadores ao apelar para a memória afetiva: várias personagens marcantes da carreira de Claudia já foram citadas pelo autor Daniel Ortiz na novela

"Uma coisa muito legal dessa história é a metalinguagem. Como o autor é muito meu fã, ele fica brincando com meus personagens. Ele escreve a base e me deixa solta. Cantar 'Beijinho Doce' foi uma ideia minha, por exemplo. E outra vez me vesti de Tonhão! Até um 'Não fuja da raia, não' ele colocou no texto. É uma homenagem muito natural dele, e o público ama quando faço qualquer menção dessas . Eles reconhecem o código, então fica mais fácil", afirma.

Renato Rocha Miranda/TV Globo
Claudia Raia revive Tonhão, seu famoso personagem da "TV Pirata", em cena de "Alto Astral"

Ao sentir que o humor era o caminho para fisgar o público, o autor foi aumentando progressivamente as doses de comédia da dupla Samantha e Pepito (Conrado Caputo). A coisa tomou uma proporção tão grande que os dois se desconectaram da trama principal, como na recente sequência em Maktub.

Com essa pegada tão forte, ela aposta numa torcida por um final que absolva a médium de algum castigo no fim da novela. "Eu acho que ela devia se ferrar, mas não acho que é isso que o autor vai fazer", aposta.

Os vários tons acima que a personagem foi adquirindo geraram alguns comentários negativos, mas Claudia minimiza a reação e ressalta que a opção foi feita em conjunto. "Recebemos crítica de um único jornal, dentro de tantos outros elogios que a gente está recebendo. Mas não quero saber disso, só do que gera no público, se ele gosta dessa nossa construção. Porque eu não estou fazendo sozinha: o autor escreveu, o diretor dirigiu e eu fiz. Funcionou horrores, e a Samantha é um sucesso", afirma ela, que mede a recepção da personagem pela reação das pessoas nas ruas.

"Quando entro no avião, sempre alguém pergunta: 'Samantha, esse avião vai cair?'. Outro dia, fui assistir a um balé e quase morri de vergonha quando uma mulher na plateia começou a falar alto, 'Eu amo a Samantha, saaaabe?". Ela é muito esfuziante e desperta isso nas pessoas.

Trinta anos de carreira

Assim que terminar de gravar a novela, Claudia mergulha de cabeça num projeto que comemora seus 30 anos de carreira. A data será celebrada em um espetáculo musical, escrito por Miguel Falabella, que vai passar por oito capitais brasileiras, um livro organizado por Gringo Cardia, com fotos de sua trajetória profissional e uma exposição com 30 de seus figurinos mais marcantes.

"O musical está sendo escrito, e começo a ensaiar na ultima semana de maio. E o legal é que ano que vem a Nenê de Vila Matilde, escola de samba de São Paulo, vai fazer um enredo sobre minha carreira. Vai fechar com chave de ouro", festeja.

Enquanto não se despede de "Alto Astral", que lhe exige uma média diária de 20 cenas, a atriz conta que faz malabarismo para equilibrar sua vida pessoal. O namorado, o ator Jarbas Homem de Mello, ensaia a peça "Chaplin", produzida por ela, na capital paulista, e o casal se reveza na ponte aérea. E faz o possível para arrumar tempo para os filhos Enzo e Sophia, entre uma atividade e outra.

"Novela é assim. Minhas aulas faço nos horários mais inusitados: tem dias que faço balé às 8h, nos outros malho às 22h, depois de decorar os textos para o dia seguinte. E faço a unha às 23h30. Enquanto isso, passo um tempo com meus filhos. Muitas vezes chego em casa e eles já estão dormindo", conta.

Cenas de "Alto Astral"
Cenas de "Alto Astral"

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