"Ele tinha uma santidade, transcendia o galã", lembra Zé Celso sobre Marzo

Do UOL, em São Paulo

O diretor e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, relembrou o tempo em que dirigiu Claudio Marzo no Teatro Oficina e destacou o espírito de liderança do ator, que morreu aos 74 anos, vítima de complicações no enfisema pulmonar.

"Ele tinha uma espécie de santidade, algo interiorizado. As pessoas gostavam muito dele, não era demagogo. Ele tinha uma visão irônica da vida. Não era um sujeito convencional", lembrou Zé Celso em conversa com o UOL, neste domingo (22).

Antes de ingressar na Globo, Claudio encenou duas peças com o Teatro Oficina, entre elas "Os Pequenos Burgueses" (1963) na qual conheceu a atriz Betty Faria, com quem foi casado e teve Alexandra, filha do casal. 

Zé Celso ressaltou que apesar da beleza, Claudio não se valeu do estereótipo durante a carreira artística.

"O Claudio [Marzo] já trabalhava na Tupi e era mais ou menos conhecido quando fizemos 'Os Pequenos Burgueses'. A grande coisa dele é que ele sempre foi um homem muito bonito, mas nunca um galã, você nunca o via fazendo pose, não era uma celebridade. Era ator acima de tudo. Ele transcendia o galã. Ele, inclusive, se irritava com essa coisa de autógrafo, fãs", contou.

Apesar de estarem afastados, o dramaturgo fez questão de relembrar um momento de sufoco que passou com o colega no Rio de Janeiro na década de 60.

"Lembro uma vez que a gente tomou uma chuva enorme no Aterro do Flamengo e achávamos que íamos morrer. A chuva chegou a nossos joelhos. No dia seguinte, a gente apresentou 'Os Pequenos Burgueses' à luz de vela. Lembro muito bem desse dia. Ele era uma grande pessoa. Nos últimos tempos, não tivemos muito contato. Mas sempre gostei muito dele. Ele estava sofrendo muito, estava internado há muito tempo, foi melhor para ele", disse. 

Outros artistas lamentaram a morte de Claudio Marzo, entre eles Eva Wilma e Regina Duarte.

A atriz Eva Wilma, parceira de Marzo na novela "A Indomada" (1997), destacou a cortesia e generosidade do amigo. "Foi uma grande parceria. Ele era o marido da Maria Altiva, o Pedro Afonso. Lembro da primeira cena, quando descia da escada e dizia 'Pedro Afonso, stop!'. Nós tivemos cenas, nas quais ele mostrou o talento e generosidade, onde quanto era bom ator e uma grande pessoa.Foram inúmeros momentos de grande prazer, um parceiro tão talentoso e tão companheiro. Fica, aí, o nosso adeus e uma boa viagem a ele", concluiu Wilma.

Já Regina Duarte, que formou par romântico com Claudio Marzo nas novelas "Irmãos Coragem" (1970), "Minha Doce Namorada" (1972) e "Carinhoso" (1973) , destacou que o ator  foi uma "pessoa apaixonada pela vida, e que viveu intensamente".

Biografia

Cláudio Marzo nasceu em 26 de setembro de 1940, em uma família de operários descendentes de italianos de São Paulo. Abandonou os estudos aos 17 anos para seguir a carreira de ator, trabalhando como figurante na TV Paulista. Em seguida foi contratado pela TV Tupi e logo depois começou a atuar no grupo de teatro Oficina, com José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso.

Aos 25 anos assinou contrato com a Globo, integrando o primeiro grupo de atores contratados pela emissora, que foi fundada em abril de 1965. Sua estreia na televisão aconteceu na novela "A Moreninha", exibida naquele mesmo ano.

Atuou em diversas novelas globais, com destaque para "Irmãos Coragem" (1970), "Saramandaia" (1976), "Brilhante" (1981), "Fera Ferida" (1993) e "Mulheres Apaixonadas" (2003).

Fora da Globo, participou de "Kananga do Japão" (1989) e "Pantanal" (1990), na TV Manchete. Nesta última ele interpretou José Leôncio e o lendário Velho do Rio. Seu derradeiro trabalho na televisão foi na minissérie "Guerra e Paz" (2009), exibida pela Globo.

Marzo também teve uma carreira de sucesso no cinema, com participação em 35 longa-metragens. Atuou em filmes como "A Dama do Lotação" (1978), "Pra Frente, Brasil" (1982) e "O Homem Nu" (1997), pelo qual recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado. Seu último filme foi "A Casa da Mãe Joana" (2007).

O ator deixa três filhos de três casamentos com as atrizes Betty Faria, Denise Dumont e Xuxa Lopes - são eles, Alexandra Marzo, Diogo e Bento.

Apesar de estarem afastados, o dramaturgo fez questão de relembrar um momento de sufoco que passou com o colega no Rio de Janeiro.

"Lembro uma vez que a gente tomou uma chuva enorme no Aterro do Flamengo e achávamos que íamos morrer. A chuva chegou a nossos joelhos. No dia seguinte, a gente apresentou 'Os Pequenos Burgueses' à luz de vela. Lembro muito bem desse dia. Ele era uma grande pessoa. Nos últimos tempos, não tivemos muito contato. Mas sempre gostei muito dele. Ele estava sofrendo muito, estava internado há muito tempo, foi melhor para ele", disse. 

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