Após não receber direitos de "Crô", Aguinaldo descarta filme sobre Xana

Amanda Serra

Do UOL, em São Paulo

  • AgNews

    Aguinaldo Silva entre Alexandre Nero e Marcelo Serrado, estrelas da comédia "Crô - O Filme", em um cinema do Rio. O longa é baseado no personagem homônimo que fez sucesso na novela "Fina Estampa"

    Aguinaldo Silva entre Alexandre Nero e Marcelo Serrado, estrelas da comédia "Crô - O Filme", em um cinema do Rio. O longa é baseado no personagem homônimo que fez sucesso na novela "Fina Estampa"

Apesar de "O Crô – o filme" ter ficado na lista dos mais vistos em dezembro de 2013, tendo arrecadado R$ 4,4 milhões em um fim de semana, o roteirista e criador do personagem vivido por Marcelo Serrado, Aguinaldo Silva, ainda não recebeu pelos direitos autorais do longa. 

Por conta disso, o autor não tem interesse em levar para as telonas a história da cabeleireira Xana Summer, personagem vivido por Ailton Graça na novela "Império". O mais provável é que vire um seriado, conforme adiantou Graça para imprensa na última quarta-feira (18) durante apresentação da peça "Intocáveis". Sucesso no folhetim "Fina Estampa" (2011 - 2012), o mordomo Crô acabou ganhando sua própria história no filme dirigido por Bruno Barreto ("Flores Raras").

A produtora Paula Barreto confirmou ao UOL que ainda não conseguiu pagar os R$ 150 mil que deve ao autor, porque só teve prejuízo com o longa, que custou R$ 5,5 milhões.

"Tive um prejuízo de R$ 1,6 milhão no 'Crô'. Não consegui captar nem R$ 0,01. Só tivemos incentivos da produtora Paris Filme, Globo Filmes e Telecine Productions. Ou seja, captei cerca de R$ 3,9 milhões. Sobrou R$ 1,5 milhão, mas não consegui pagar todo mundo. Como o Aguinaldo [Silva] sempre me falava: 'Paula, tudo bem, eu entendo. Quando você puder você me paga, o importante é fazer o filme... Venho mantendo contato com ele, explicando que a situação não mudou. Continuamos na mesma pindaíba", disse ela.

Paula ainda falou da dificuldade do filme em conseguir patrocinadores por conta da temática homossexual do personagem central. "O Crô teve muita dificuldade para conseguir [patrocínio] de marcas, algo que eu jamais acreditei que teria. A agência que ajudou a gente com a divulgação dizia que arrecadaríamos R$ 2 milhões fácil, por conta da popularidade do personagem. Mas ao contrário, o brasileiro apesar de parecer uma coisa é outra. É muito reacionário, conservador e preconceituoso. O Crô era um personagem gay", afirmou.

"Só as comédias dão dinheiro. O Crô não era uma comédia simples que o público costuma gostar. Tinha um pano de fundo sobre o trabalho dos bolivianos na indústria têxtil...", completou ela.

O ator Marcelo Serrado é outro que ficou sem receber. Para ele, ainda falta o bônus em relação às vendas de bilheterias.

Filme no Brasil

Paula também comentou sobre o papel das distribuidoras no país e disse que o longa só conseguiu ficar em cartaz durante quatro semanas, sem concorrentes diretos. "Quando o filme estava com quatro semanas e um milhão de expectadores, as distribuidoras Downtown Filmes e Paris lançaram 'Até que a Sorte os Separe 2', que já era um sucesso. Ou seja, não deram um tempo para o 'Crô' ficar sem nenhum concorrente. Se isso tivesse acontecido, poderíamos ter arrecado mais uns R$ 3 milhões. Mas as distribuidoras não estão nem aí: elas recuperam o lucro delas e depois já lançam outro projeto", desabafou Paula.

Em relação aos R$ 4,4 milhões arrecadados em um fim de semana, a produtora explica que o valor custeou os distribuidores, os exibidores, o diretor, entre outros. "Para mim não sobrou nada".

"Fazer cinema no Brasil é muito complicado. A Ancine (Agência Nacional do Cinema), que deveria ser mais reguladora, fiscalizadora junto aos exibidores, não é. Os exibidores tiram o filme quando querem as salas, colocam somente uma sessão, disponibilizam só um horário. Estamos órfãos. A agência só quer decidir o que os produtores vão produzir", criticou.

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