Há algumas semanas, João Miguel se tornou figura quase onipresente na televisão. Depois de aparecer no especial "Luz, Câmera, 50 anos", da Globo, em quatro produções diferentes (fenômeno que foi apelidado de "Festival João Miguel"), o baiano de 45 anos estreia segunda em uma minissérie inédita na emissora, que promete dar o que falar. Em "Felizes para Sempre?", o ator encarna o engenheiro Hugo, que vive uma crise no casamento com Tania (Adriana Esteves).

"Eu estava na Chapada Diamantina, e deu pra sentir o efeito disso (risos). Mas Festival João Miguel é um pouco demais, é uma brincadeira. De fato, é bacana de ver que essas participações que tenho feito, de 2007 até agora, foram escolhidas para serem mostradas agora. Fiquei bem orgulhoso, não esperava. Foi uma surpresa", comemora.

Antes de ganhar terreno na TV, João teve sua carreira bastante marcada por trabalhos importantes no cinema, em filmes como "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005) e "Estômago" (2007). Hoje, o ator se diz feliz por conseguir conciliar os dois veículos. "Acho que tem uma ponte aí, meus trabalhos em televisão são bastante cinematográficos. Sempre me interessou dialogar com as duas linguagens", conta ele, contente com a repercussão.

"A TV tem um alcance muito grande, mas as pessoas sempre falam comigo de uma maneira muito carinhosa e singela, nunca sobre um trabalho só, mas sobre o conjunto da obra. Acho muito legal esse meu trabalho quase artesanal ganhando essa dimensão. Ando muito na rua, isso cria identificação. E é pro público que a gente faz", diz ele.

Curiosamente, foi das mãos de um cineasta, o diretor Fernando Meirelles, que partiu o convite para atuar na minissérie. E a proposta foi aceita de imediato. "Ele havia falado que o personagem tinha uma virada interessante e, quando li o roteiro, me vi fazendo esse papel. Achei a proposta muito interessante, de abordar conflitos familiares. Hugo é esse cara que queria que a vida fosse boa. Ele quer ter mais um filho para regenerar o casamento. Trabalha na empresa do irmão, mas percebe que ele não é honesto. Chega uma hora em que o mundo dele cai, e ele precisa se reinventar", afirma.

A relação com Tania se deteriora ainda mais depois que o engenheiro descobre que é estéril e, portanto, não pode ser pai de Júnior (Matheus Fagundes), que ele ama profundamente. "É um personagem bonito, que vai se apresentando muito humano", conta João, que na vida real também tem uma filha de consideração, Natasha, de 26 anos.

Depois da minissérie, as atenções de João se voltam novamente para o cinema: no primeiro semestre, filma "Tiradentes", de Marcelo Gomes, e até o fim do ano lança "Quase Memória", de Ruy Guerra, "Voltando pra Casa", de Gustavo Rosa de Moura, e "Éden", de Bruno Safadi. Enquanto isso, dedica-se ao roteiro de um longa-metragem que será seu primeiro trabalho como diretor. "Vai ser uma história de amor, uma memória pessoal transformada em ficção", adianta.