Minissérie política "Plano Alto" estreia na Record retratando manifestações

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

  • Michel Angelo/TV Record

    Soraia (Flávia Monteiro) e Lucrécia (Carla Diaz) numa manifestação na minissérie "Plano Alto"

    Soraia (Flávia Monteiro) e Lucrécia (Carla Diaz) numa manifestação na minissérie "Plano Alto"

As manifestações que tomaram conta do país desde junho do ano passado vão invadir a telinha mais uma vez, agora na minissérie "Plano Alto", que estreia nesta terça-feira (30), às 23h30, na Record. Para que a arte imitasse a vida, mais de mil figurantes foram convocados para gravar quatro protestos na cidade cenográfica da emissora, com direito a quebra-quebra dos black blocs. O primeiro dos 12 capítulos da trama de Marcílio Moraes já dá uma ideia do que vai surgir na atração, que tem como fio condutor as diferentes facetas políticas de três gerações da mesma família.

"Tratar de assuntos tão urgentes é um desafio, todo dia a situação pode mudar. Mas acredito que o texto vai continuar atual, porque foca nas engrenagens da política, nos interesses, nas articulações", afirma Marcílio. Exibida de terça a sexta, a atração, com direção geral de Ivan Zettel, não poderia estrear em momento mais propício: a apenas cinco dias das eleições. "Queremos levar à reflexão. Acreditamos na inteligência do espectador", aposta o autor.
 
Michel Angelo/TV Record
 
Na minissérie, a discussão gira em torno do governador Guido Flores (Gracindo Jr.), envolvido em denúncias de corrupção e uma CPI em plena campanha para a Presidência da República; seu filho, o deputado federal João Titino (Milhem Cortaz), que se transforma num importante aliado; e seu neto, Frederico (Bernardo Falcone), estudante universitário que se envolve com anarquistas radicais. Entre escrever uma história policial, como suas séries anteriores "Fora de Controle" (2012) e "A Lei e o Crime" (2009), e uma história política, o autor preferiu ficar com a segunda opção. "É um tema de que gosto muito. Na década de 60, participei de movimentos estudantis. E de junho do ano passado pra cá, o debate político voltou ao país. Resolvemos pegar esse assunto pela raiz", conta o escritor, de 70 anos.
 
Assim como Marcílio, Gracindo Jr. se identifica com o contexto político da minissérie. "Também briguei contra a ditadura, vejo uma certa semelhança com a minha vida política. Foi uma revisitação do que eu vivi", explica o ator, cujo personagem passou um período exilado fora do Brasil durante os anos de chumbo. Se o governador representa os movimentos contra a ditadura, João Titino representa a geração cara pintada e Frederico, os jovens que foram às ruas protestar no ano passado.
 
Michel Angelo/TV Record

Entre os anarquistas da trama, uma personagem se destaca por possíveis semelhanças com Sininho, uma figura da vida real: a jovem Lucrécia (Carla Diaz), estudante de jornalismo que se junta ao movimento com propostas radicais. "Ela representa milhões de brasileiros que quiseram lutar por um país melhor", que desconversa sobre a lembrança: "Sininho foi uma personagem que teve grande repercussão. Mas quero que o público tire suas próprias conclusões".

A atriz de 23 anos conta que foi a uma manifestação e não presenciou cenas de violência. Mas para reproduzir a realidade, teve que suar a camisa. "Tivemos preparação para as cenas de ação, tivemos aulas de luta junto com os dublês e aprendemos a manusear objetos certos objetos como bombas", conta a atriz, que disfarçou bem em cena um deslocamento de vértebra, causado por uma lordose. "Mas o resultado ficou incrível", comemora.

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