Gravação do "Globo de Ouro" tem novos fãs, reencontros e nostalgia
Ana Cora Lima
Do UOL, no Rio
Um dos programas de maior audiência na década de 80, o "Globo de Ouro" nunca saiu da parada de sucesso. E a maior prova disso é que a reprise da atração musical, um dos destaques na grade do canal Viva, ganhou uma edição especial, que será exibida em dez episódios, a partir do dia 17 de novembro. Nesta terça-feira (23), o UOL acompanhou um dia de gravação e viu de perto a correria dos bastidores dos shows, a emoção da plateia e o entusiasmo dos profissionais envolvidos na produção. "Globo de Ouro no Palco Viva" é um convite ao passado de uma maneira bem agradável.
Antes mesmo do comando "gravando" já dava para viajar no tempo durante os ensaios, com os arranjos instrumentais de "Pombo Correiro", de Moraes Moreira, "Palco", de Gilberto Gil, "Asa Morena", de Zizi Posi e "Oceano". A sintonia com a realidade chega com as batidas eletrônicas de "Beijinho no Ombro", de Valesca Popozuda, e "Ex May Love", de Gaby Amarantos. O mix de sucessos é a ideia da versão atual do programa.
"O 'Globo de Ouro' foi um divisor de águas na televisão e contribuiu muito para a música brasileira. Nesse programa especial, nós vamos mixar esses artistas, além de fazer homenagens aos que deixaram saudade, como Renato Russo, Cazuza e Emílio Santiago. Teremos ainda programas voltados para as trilhas de novelas", explicou Letícia Muhana, diretora do canal Viva.
Bolas de acrílico presas em fio de nylon, jogo de luzes multicoloridas projetados em um fundo neutro e a banda -sem playback- dão um toque bem diferente do programa original, mas nada que tire o glamour e a sensação de "vale a pena ver de novo" da plateia, de aproximadamente 150 pessoas, formada por caravanas.
O UOL encontrou com um grupo bem animado de moradores de Paciência, zona oeste do Rio. "Estou amando essa gravação. Me divertindo muito e feliz de ver meus ídolos de perto, como Valesca Popozuda, Roupa Nova e Lucas Lucco, ainda mais de graça, em um programa de auditório", contou a balconista Elisângela Miranda 32 anos, que estava há mais de quatro horas no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, zona Sul do Rio, e continuava com todo o pique. "Só não volto outro dia porque não tenho mais folga para tirar no trabalho", entregou a mulher que chegou a comprar um vestido novo para ocasião.
O comerciante Fabiano Alves, de 23 anos, também caprichou no visual usado pela primeira vez. Cantando e dançando sem parar, ele contou que gostaria de ter participado das gravações da versão clássica do programa, que foi ao ar de 1972 a 1990. "Eu adoro tudo relacionado aos anos 80. Não perco uma reprise na televisão e quando soube que teria uma edição especial corri para me inscrever. Já vim três dias, mas o que eu queria mesmo é que o programa voltasse para eu ir sempre", explicou o rapaz que ficou emocionando com a número de Zizi Possi. "Ela é linda e canta super bem".
Marcelo Tabach O engraçado é que a maioria das pessoas que estava ali deveria ser bem pequena na época que essa música estourou, mas cantaram estrofe por estrofe.
Visivelmente emocionada, Zizi Possi não se importou em gravar cinco vezes a música "Asa Morena" (1982), ainda mais com o público cantando junto. "Foi lindo! O engraçado é que a maioria das pessoas que estava ali deveria ser bem pequena na época que essa música estourou, mas cantaram estrofe por estrofe", observou a cantora, que era presença certa no "Globo de Ouro". "Era muito bom participar porque dava também um impulso na carreira, mas o legal mesmo era a confraternização nos bastidores entre os artistas".
Valesca Popozuda não fazia sucesso nos anos 80, mas também ressaltou o encontro com outros artistas. "Fiquei emocionada de dividir o palco com cantores como Ivan Lins, Gilberto Gil, Djavan, Fafá de Belém, Zeca Pagodinho e tantos outros. Uma festa total nos camarins. Deu um frio na barriga desde o convite inicial, desde que soube que eu estaria no "Globo de Ouro", mas tudo foi bem bacana. Estou muito feliz e realizada."