Série de 1966 teve "tia" para afastar rumor de casal entre Batman e Robin

Natália Engler

Do UOL, em San Diego (EUA)

A San Diego Comic-Con ganhou ares nostálgicos no final da tarde desta quinta-feira (24) quando o Hall H, maior salão do centro de convenções, recebeu o elenco da série "Batman", exibida entre 1966 e 1968, para um painel que se concentrou em contar histórias daquela época.

Pouco antes de Adam West (Batman), Burt Ward (Robin) e Julie Newmar (Mulher-Gato) subirem ao palco, houve uma visível troca de público, com a saída dos adolescentes e a entrada de uma plateia predominantemente formada por "tiozões", com direito a um Batman de meia idade circulando pelo salão em uma fantasia que imitava a do seriado.

Em meio às conversas sobre bastidores, Newmar pediu para West contar por que os responsáveis pela série criaram a tia Harriett, vivida por Madge Blake, personagem que não existia nos quadrinhos.

"Porque nós dois éramos dois caras andando por aí de colante, que vivíamos sozinhos na mansão Wayne, e algumas pessoas achavam isso muito suspeito", relembrou o ator, rindo. "Então inventaram a tia Harriett, que estava ali para trazer biscoitos e ficar de olho na gente, para garantir que eu e Burt não fossemos um casal. Era tão bobo."

As especulações sobre a identidade sexual de Batman e Robin acompanham o personagem há décadas e costumam ser alvo de brincadeiras de fãs e até profissionais dos quadrinhos. Em 2012, Grant Morrison, um dos mais respeitados roteiristas do mundo das HQs, defendeu que, conceitualmente, "Batman é muito, muito gay".  

Reprodução

"Acho que conseguimos encantar vocês"

West foi aplaudido de pé ao entrar e, logo em seguida, os três receberam um prêmio da Comic-Con por suas contribuições para a cultura pop.

O ator tentou explicar a longevidade do sucesso da série. "Acho que conseguimos encantar vocês. Fizemos isso quando vocês eram crianças, com as lições de moral e toda a ação, os 'pow', 'zap' etc. E depois como adultos, quando vocês puderam entender os elementos satíricos."

David Maung/Efe
Julie Newmar, a Mulher-Gato do seriado "Batman", atualmente com 80 anos

Newmar também comentou o fato de ter sido um símbolo sexual para toda uma geração comentando uma história. "Tive uma experiência maravilhosa numa Comic-Con em Chicago, quando um homem veio com seu filho, que não estava em nada interessado naquela Mulher-Gato, era muito assustador para ele. E o pai disse para o filho: 'Daqui a alguns anos você vai entender'. E logo atrás vinha o avô, um senhor muito bem vestido, e ele me disse: 'Sra. Newmar, você sabia que foi minha primeira musa?".

"Sabíamos desde o começo que teríamos algo grande", contou West. "Porque a Fox e todos estavam muito animados e seria a primeira série em cores, com dois episódios por semana. Então, o entusiasmo quando o programa saiu foi incrível".

Ward, o menino prodígio, contou sobre cenas perigosas que filmou, com carros em movimento e uma explosão não planejada. "Eu ia parar no hospital todos os dias". Mas ele não parece se arrepender. "Fico feliz de ter trazido alguma felicidade para vocês enquanto estavam crescendo", disse à plateia.

A reunião do elenco foi motivada pelo lançamento dos Blu-rays e DVDs da série completa e remasterizada em HD, como parte das comemorações de 75 anos do Batman. Também foram mostradas cenas da nova versão.

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