Goulart de Andrade diz que bordão "vem comigo" surgiu em boate

Do UOL, em São Paulo

O programa "Roda Viva" recebeu nesta segunda-feira (21) Goulart de Andrade, de 80 anos, jornalista conhecido pelas reportagens investigativas sobre a madrugada paulistana em programas como "Comando da Madrugada" e criador do bordão "vem comigo".

No primeiro bloco do programa Goulart contou como o bordão que se tornou sua marca registrada nasceu ao acaso, enquanto cobria um evento em uma boate. Ele falou "vem comigo" para seu inseparável cinegrafista de alcunha "Capeta", como forma de indicar um plano de sequência sem cortes por 20 minutos. "Depois na edição nós percebemos como o 'vem comigo' funcionava e mantemos", disse Goulart.

O jornalista também brincou sobre como morreu Capeta. "Morreu de oitocentos e um. Setecentos e cinquenta cilindradas mais uma cinquenta e um", falou indicando uma moto e uma cachaça. Goulart mantém até hoje um programa com o nome do seu bordão, um projeto colaborativo com alunos de jornalismo e rádio e TV da faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. No novo "Vem Comigo", que é transmitido pela TV Gazeta, os alunos assistem a uma matéria do acervo de mais de 15 mil horas de Goulart e tentam recriar um equivalente atual de hoje.

Goulart também lembrou alguns dos seus grandes casos, como quando foi "presa" ao fazer uma matéria travestido entre prostitutas. "Virei um trubufu, ninguém me queria", brincou o jornalista. Enquanto estava na delegacia uma outra prostituta se cortou para irritar o delegado. "O delegado viu aquela bagunça e disse: 'bota essas puta pra fora'. E fomos embora para a mesma rua".

Entre os outros casos notáveis lembrados esteve o infarto diagnosticado enquanto entrevistava o cardiologista Euríclides Zerbini. "Falei que sentia uma dor e que era uma úlcera, e ele me examinou e disse: 'você está com um bruta de um infarto agora mesmo'. Eu tive que fazer uma cirurgia de emergência e falei para o Capeta não parar de gravar. Ele filmou toda a cirurgia e o meu falecimento de dois minutos", contou Goulart.

O jornalista com quase seis décadas de experiência na televisão também contou como recusou uma proposta para ser diretor de criação quando a Rede Globo ainda nascia. Mas ele elogiou o trabalho que foi feito na emissora por Boni: "Boni, você construiu a mais inteligente emissora do planeta da sua época". Goulart criticou a TV aberta atual, que considera rasa. "A TV se prostituiu como veículo, se vendendo para igreja e pastores", afirmou. "Esse veículo não foi feito pra isso, é um veículo de informação".

O programa "Roda Viva" desta segunda também contou com a participação de Keila Jimenez (colunista de TV da Folha de S. Paulo), Gérson de Souza (repórter da TV Record), e os jornalistas Rodolpho Gamberini e Rose Nogueira.

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