Bandas admitem playback de instrumentos nas apresentações do "SuperStar"

Natalia Guaratto

Do UOL, em São Paulo

Com a promessa de promover uma competição de bandas ao vivo, o reality show "SuperStar" surgiu na programação da Globo há pouco mais de um mês como uma alternativa ao "The Voice Brasil". No entanto, segundo integrantes de grupos eliminados, o grande diferencial da atração – justamente o conjunto formado por vocalista mais banda – não é 100% ao vivo: os instrumentos das músicas apresentadas para o público votar são previamente gravados.

O UOL ouviu integrantes de quatro bandas eliminadas do programa – as que continuam na competição são impedidas pela Globo de falar com outros veículos. Dois admitiram ter feito playback. Um contou que as bandas tocam no palco por cima de uma base gravada e outro instrumentista – de uma das bandas que mantêm contrato com a emissora mesmo após a eliminação – afirmou ter se apresentado 100% ao vivo. 
 
Segundo os entrevistados que reconheceram ter fingido tocar os instrumentos, só o vocalista faz sua parte ao vivo. "Ficamos chateados quando soubemos que iríamos 'dublar', mas entendemos que é uma regra do programa para minimizar erros ao vivo", afirmou uma ex-participante do reality, que preferiu não ter seu nome revelado. 
 
A ex-concorrente descreveu o processo de gravação: "Gravamos um dia antes com um metrônomo – equipamento musical eletrônico que indica o compasso da música – para não sair do ritmo". Segundo ela, a maioria das bandas não tem problema com isso, mas algumas contam com ajuda da produção. "Não sei se é nervosismo, mas ouvi lá dentro que tem gente que não consegue [acompanhar o metrônomo]. Aí um músico da produção vai lá e faz o trabalho. Quando isso acontece, essa pessoa vai para o palco como banda de apoio", contou. "Quem é experiente senta lá e grava. Quem não tem experiência precisa ser ajudado", afirmou.
 
Outra explicação para a prática do playback pelo programa é a montagem do palco. "Qualquer um que entende o mínimo de produção de eventos sabe que é humanamente impossível colocar uma banda para tocar em seguida da outra com 30 segundos de intervalo", afirmou Xande Mendes, guitarrista da banda Macucos. "Mas é a gente que coloca a mão na massa", garantiu, referindo-se à gravação.
 
Solivan Almeida, vocalista da banda Cidade do Reggae contou uma versão diferente. Ele confirmou que existe a gravação de uma base instrumental e que todos os integrantes tocam juntos no estúdio, mas que na hora do programa, os instrumentos também são tocados. "Não é bem assim playback", disse. "É uma guia que rola para gente, tipo um metrônomo, que é o andamento da música", explicou. "Tem uma gravação que começa, mas todos tocam de verdade. Pelo menos com a minha banda foi assim", garante. 
 
"Até dei uma erradinha no solo"
Evy Favoretto, integrante da banda Depois do Fim, garantiu ter tocado sua guitarra em suas duas apresentações no "SuperStar". Ela contou que todos os grupos realmente gravam uma base musical usada para a faixa colocada à venda no iTunes. "Mas a gente tocou ao vivão mesmo", disse. "Se você escutar o vídeo de 'Idiota' [música apresentada pela banda nas audições] com um fone de ouvido, vai perceber que eu dei uma erradinha no solo". 
 
Questionada sobre como é a montagem do palco de uma banda para a outra, Evy afirmou que a estrutura para todas as bandas é preparada com antecedência, mas que não poderia dar mais detalhes porque o contrato das bandas com a Globo, não permite aos participantes revelarem os bastidores do "SuperStar". 
 
Procurada pelo UOL, a Rede Globo respondeu, por meio de assessoria de comunicação, que os shows são ao vivo.

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