"O convite foi feito pela Leticia Muhana, com quem eu trabalhei na Globo e foi uma das minhas chefes de jornalismo. Ela só me disse que teria um projeto novo, que eu seria a pessoa ideal para apresentar. Fiquei animada e quando soube o que era atração, aceitei de cara", contou Valéria ao UOL durante o intervalo das gravações da atração, que estreia no dia 19.

 

Aos 49 anos, completados em março, a ex-apresentadora do "Jornal Nacional" e do "Fantástico" acredita que o programa vai resgatar a memória afetiva dos brasileiros. "Quem viveu aquela época vai se identificar, vai lembrar de fatos e momentos marcantes. Quem não viveu, vai ter a oportunidade de ver parte da historia da televisão brasileira", disse.

 

Mesmo sabendo que esse retorno é pontual - o programa terá um mês de duração, exibido de segunda a sexta –, Valéria não descarta voltar à função de apresentadora permanentemente. "Não estou esperando que aconteça nada daqui por diante, mas também confesso que não estava esperando ser convidada para voltar à televisão. Quem sabe o que o futuro reserva? Ninguém. O mundo dá tantas voltas", declarou a musa, que decidiu seguir outros caminhos justamente no auge da carreira, nos anos 90.

 

"Eu quis sair porque eu pretendia ser correspondente dos Estados Unidos. Quando eu comecei a apresentar o 'JN', ficou meio que acertado essa função e isso que não se materializou. Preferi ir por minha conta, viver a minha vida. Precisava daquele momento", lembrou. Valéria admitiu ainda ter sentido o peso da seriedade do jornalismo. "Eu entrei para a Globo com 21 anos e tudo aquilo tomou conta da minha juventude e eu precisava me reencontrar com o que eu era e não com as expectativas das outras pessoas".

 

Período nos EUA e propostas na TV

Na metade dos anos 90, Valéria foi morar nos Estados Unidos, onde passou nove anos. Estudou inglês, fez cursos, mas voltou ao jornalismo. Trabalhou na WNBC, que é a NBC local de Nova York, depois passou um tempo no canal de notícias Bloomberg, até que conseguiu uma vaga de roteirista em uma produtora independente. Fez cinco pré-roteiros de uma série sobre acidentes aéreos, mas com a tragédia de 11 de setembro em 2001 e todo trabalho virou pó. "De uma hora para outra, fiquei sem nada. Ruiu toda a minha estrutura nos Estados Unidos e tive que voltar", revelou a jornalista, que voltou ao Brasil em 2002.

 

"Abri uma empresa e fiz programas para internet e para a TV. Cheguei até a produzir uma banda, mas nada deu muito certo. Fiquei um bom tempo desiludida, quieta no canto procurando fazer alguma coisa mais criativa. Não queria voltar a fazer jornalismo e pensei em ser atriz ou fazer cinema. Há dois anos, me direcionei a fazer roteiros e tenho dois em fase de finalização: um drama e uma comédia romântica", contou Valéria, que não fez nenhum curso para virar roteirista.

 

Valéria conta que, antes do convite para o programa do Viva, recebeu propostas para voltar a trabalhar como apresentadora. "Não levei em consideração uma proposta do SBT porque era baixa e uma infraestrutura precária na época. Tive também um convite da Record quando a emissora reformulou a televisão com a ideia de copiar a programação da TV Globo para competir. Me chamaram para fazer o Domingo Espetacular, mas não fazia sentido e eu recusei. Era uma proposta ótima financeiramente, mas eu não topei", disse.

 

Carinho e reconhecimento das pessoas

Apesar dos anos afastada do vídeo, o título de musa do telejornalismo ainda é marcante. "As pessoas me reconhecem muito mais do que eu esperava nas ruas. Elas cobram uma volta, querem saber da minha vida. É engraçado", contou Valéria, que diz ver outra pessoa no vídeo ao rever apresentações antigas. "É como se eu fosse minha filha, porque ao longo dos anos você se transforma não só na aparência física. Vejo com carinho, mas eu gosto de coisas novas, gosto de olhar para frente". 

 

Atualmente, Valéria mora no Rio com a filha, Vitória, de 24 anos, fruto de seu casamento com o diretor Paulo Ubiratan, falecido em 1998. "Ela está fazendo estágio de assistente de direção na novela 'Em família'. Essas coisas estão no DNA, ela gosta de trabalhar em televisão", diz a mãe.  

 

Além de Paulo Ubiratan, Valéria foi casada com um americano e agora está solteira. "Meu lado mulher está cada vez mais mulher, cada vez mais independente. A mulher tem que lutar para ser o que ela quer ser, o que ela quer fazer. Se eu não achar o companheiro que possa me dar tranquilidade, paz, sossego, companhia e não entender a minha bagagem, a minha experiência, fica difícil. E olha que está cada vez fica mais difícil achar uma pessoa. Eu sou uma pessoa de personalidade forte", admitiu.

 

Apesar dos elogios pela boa forma física, Valéria prefere levar tudo na base do bom humor ao revelar seus segredos de beleza. "Eu uso cinta. Dessas que apertam mesmo. As pessoas com quem eu trabalho também me protegem. Falando sério, é diferente. Na televisão, a luz ajuda, um ângulo te favorece, mas pessoalmente dá para notar que você não é mais a mesma. Eu sempre fui preocupada com a minha saúde, mas nada neurótico. Procuro me alimentar bem e faço ginástica regularmente. O segredo é por ai", contou a jornalista antes de seguir para a terceira de cinco gravações programadas para o dia.