Corpo de José Wilker é cremado no Rio de Janeiro

Carla Neves

Do UOL, no Rio

O corpo do ator José Wilker, morto aos 69 anos, vítima de um infarte fulminante, foi cremado às 17h40 deste domingo (6) no Cemitério Memorial do Carmo, na Zona Portuária do Rio de Janeiro.

A cerimônia foi fechada, restrita a familiares e amigos. O padre Jorjão, Pároco da Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, fez a última homenagem ao ator. Ao UOL, o religioso contou que fez a oração de São Francisco com a família e ao final Wilker foi aplaudido durante quase um minuto.

O corpo chegou ao local por volta das 16h, após ter deixado o Teatro Ipanema, onde estava sendo velado desde a noite do último sábado (5).

Velório

Aberto ao público, o velório do ator reuniu fãs e artistas que queriam prestar sua última homenagem ao ator.

Carla Neves/UOL
A dona de casa Rosana Silva viajou de São Roque, no interior de São Paulo, para o Rio para se despedir de José Wilker

A dona de casa Rosana Silva viajou 700 km para se despedir de José Wilker, na cerimônia aberta ao público. "São pessoas que fazem tanto pela gente que é o mínimo que a gente pode fazer. Não o conhecia pessoalmente, mas ele por si só é uma pessoa marcante. Adorei o trabalho dele na minissérie 'JK' e em 'Dona Flor e Seus Dois Maridos'", contou ela, que pegou um avião de São Roque (SP) para o Rio para ver de perto o ator

A aposentada Maria Ares de Barros também lamentou a perda de Wilker. "Não tem outro artista melhor do que ele. Acabou a televisão. Vim me despedir dele. Lembro que uma vez mandei ele parar de fumar. E ele me disse: 'não posso porque faz bem para a minha vida'", afirmou.

Uma das presentes no velório era a advogada e ex-atriz Ruth Gouveia, amiga de Wilker, com quem ele se encontrava com frequência no Leblon, bairro da zona sul do Rio em que o ator morava e ela também.

Carla Neves/UOL
Ruth Gouveia, amiga pessoal de José Wilker, se despede do ator em velório

"Fui atriz durante muito tempo, editei dois livros sobre expressão corporal incentivada por ele. Moro no Leblon e sempre encontrava com ele lá. Minha última lembrança dele foi na semana passada. Nos encontramos e falei com ele sobre o meu neto, que está fazendo teatro. Ele me disse: 'Ruth, o que o seu neto precisar, estou à disposição'. A minha lembrança dele é de generosidade. Ele era capaz de tirar a roupa do corpo e dar para o outro. Até agora estou sem chão".

Na manhã deste domingo, chegaram quatro coroas de flores ao velório: uma da Secretaria de Cultura do Estado, uma da Rio Filmes, entidade da qual Wilker já foi presidente, uma do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e outra da Chaim Produções Artísticas. O apresentador Fausto Silva e o diretor Wolf Maya também enviaram coroas em homenagem ao ator.

Atores também homenageiam Wilker

Os atores Marcelo Serrado, Susana Vieira e a ex-mulher Mônica Torres foram uns dos primeiros a chegar ao velório. Serrado disse que tinha falado com Wilker na última sexta. Glória Pires, emocionada, não quis comentar a perda do ator. Já Tony Ramos está chocado com a morte do colega. Leia abaixo a repercussão da morte de Wilker.

Artistas lembram de José Wilker

Wagner Santos/PhotoRioNews A cerimônia foi linda. O Jorjão (padre) acalmou espiritualmente com a palavra. O Jorjão leu o evangelho do dia, sobre a ressurreição de Lázaro, que foi lido em todos os países do mundo. Isso redimensionou o Zé universalmente. Sobre as cinzas, ninguém sabe, pois ninguém imaginava. O Zé era muito vivo e muito especial. Vera Holtz, atriz, durante a cremação
Wagner Santos/PhotoRioNews É muito triste. A morte é a única certeza que temos na vida, mas é a coisa mais triste. Há 15 dias foi o Paulo Goulart. Ele foi meu marido em "Três Irmãs". Quero me lembrar do Wilker como na cena em que ele me chamava para passear num carro dourado e acontecia uma chuva de prata e o carro ia em direção a uma luz. Quero me lembrar dele assim: como se estivesse despertando feliz para um outro plano Ana Rosa, atriz, durante a cremação
Fábio Martins/PhotoRio News Era um irmão, amigo, companheiro. Eu não realizei que não vou ter mais esse amigo. Foi uma surpresa. Saiu de cena muito rápido. Deixa saudade da companhia, da risada, tinha um humor delicioso, e do calor humano. Falei com ele na semana passada por telefone. Ele estava feliz e disse que estava fazendo uma dieta nova, caminhando na companhia da namorada, se sentindo muito saudável. Não entendo como isso acontece Betty Faria, atriz, durante o velório
Foto Rio News Ele era uma pessoa especial, bacana e sensacional. Estava bem de saúde, mas coração é uma fatalidade. Morreu do jeito que queria, dormindo e não sentiu nada. Para quem fica é mais difícil Guilhermina Guinle, atriz e ex-mulher de Wilker, no velório
AgNews Wilker era meu amor, meu melhor companheiro de cena, eu talvez seja a maior viúva de todas as atrizes. Foram mais de 40 anos juntos, começamos em 72 no 'O Bofe'. Tínhamos uma relação de amor, era como o Giovani falava para a Maria do Carmo: "pode sempre contar comigo". Eu sei que sempre podia contar com ele. Era um homem muito doce, que nunca esqueceu meu aniversário. Ele era um homem tão delicado, tão chique que mereceu a morte que teve, ele não merecia sofrer ou ficar doente. Espero que onde ele estiver ele esteja com os tênis coloridos dele olhando por nós. Susana Vieira, atriz, durante o velório
AgNews Essa morte foi muito chocante, ninguém estava esperando. Zé tinha um espírito irreverente, um jeito de olhar sacana. Para mim ele sempre vai ser o Vadinho. Acho muito simbólico ele ser velado aqui, no teatro onde ele começou, onde tantos atores importantes passaram, e num momento onde o teatro está tão fragilizado. Vai ser difícil repor o Zé. Giulia Gam, atriz, no velório
AgNews O Zé foi um dos maiores atores da geração dele. Quando mais jovem ele gostava de briga. Chegamos a brigar, ficamos alguns anos sem nos falar e fizemos as pazes na década de 80. Depois, ele fez um dos meus trabalhos que mais gosto que foi 'Anos Rebeldes'. Vou sentir saudades de implicar com ele. Gilberto Braga, autor de novela, durante o velório
AgNews Falei com ele há três semanas. Foi ótimo. O Zé é sempre muito carinhoso. Ele tinha ido ver 'Elis Regina', o espetáculo que eu estava fazendo. O Zé é uma referência para mim, sempre foi. Muito antes de pensar em ser ator, eu assisti 'Bandeira 2', que eu acho que foi o primeiro trabalho dele na TV. Eu nunca esqueci a interpretação dele. Eu tinha 11 anos. Era uma figura fortíssima, fazia o filho do Tucão, que era o Paulo Gracindo. O Zé era o nosso Jack Nicholson. Mas além disso, muito além, ele era a nossa multiplicação dos pães como artista. Um cara que atuou em vários setores: dirigiu, escreveu, fez locuções. É um apaixonado por cinema, fez críticas. É uma referência muito forte. Ele estava muito bem, dito pelas pessoas bem próximas dele. A Claudia [Montenegro, namorada de Wilker] falou que ele estava ótimo, morreu dormindo. Pelo menos não sofreu nada. Fica aí o legado dele. Tomara que ele esteja bem lá. Do jeito que o Zé gostava de trabalhar já deve estar pegando alguma função lá. Ele já deve estar querendo fazer alguma coisa. Felipe Camargo, ator, no velório
Fábio Moreno/PhotoRio News Wilker nunca passou despercebido em nada. Gostava de marcar sua presença em tudo. Fazia alimentação ayurvédica, tinha muito cuidado com a saúde. Encontrei com o Wilker em todos os lugares do mundo. Foi inesperado. Encontrei com ele há 20 dias em uma reunião de amigos Stênio Gracia, ator, durante o velório
Fábio Moreno/PhotoRio News Tinha que prestar essa solidariedade, um homem que representava a arte brasileira para o mundo. Mariana, a filha dele, me mandou um email tão lindo quando o meu pai morreu que não poderia deixar de vir aqui hoje para dar um abraço nela Beth Goulart, atriz, durante o velório
Anderson Borde e Leo Marinho/AgNews O Wilker era irônico, crítico, sempre muito bem-humorado. Nos encontramos há pouco tempo e ele passou grande parte do encontro falando que estava muito preocupado com a situação do cinema nacional. Vai fazer muita falta não só como ator, mas também como pessoa Luiz Carlos Barreto, produtor e roteirista, durante o velório
Fábio Moreno/PhotoRio News O Zé ainda não é lembrança nem saudade. É uma presença eterna nas nossas vidas. Sempre manteve o humor e foi um homem de opinião. A opinião dele vai fazer muita falta em ano de Copa e eleição. Até já, Zé Vera Holtz, atriz, durante o velório
Anderson Borde e Leo Marinho/AgNews Foi um grande artista, um colega que deixa saudade. A marca dele é a elegância e a qualidade Arlete Salles, atriz, durante o velório
Fábio Moreno/PhotoRio News Trabalhei com ele em "Duas Caras", que foi a minha primeira novela. Depois trabalhamos em "Amazônia" e "Gabriela". Ele tinha ousadia em interpretar e tinha uma sabedoria e inteligência marcantes. Era um grande ator. Saiu de um ensaio e foi para casa dormir. Deixa um legado que é eterno Leona Cavalli, atriz, durante o velório
Anderson Borde e Leo Marinho/AgNews É a perda de um grande amigo, da minha geração de atores, um mestre. Fizemos teatro, novela juntos. Cinema não. Deixa uma história bonita. Uma pessoa assim é um orgulho que eu tenho pela minha profissão, e que todos os atores devem se orgulhar. Nos falamos há dois anos, quando peguei um depoimento dele para o filme sobre o meu pai Gracindo Jr., ator, durante o velório
Anderson Borde e Leo Marinho/AgNews A última vez que falei com o Zé foi por telefone, quando o convidei para assistir a um espetáculo meu. Ele não pôde ir porque tinha um compromisso. Fizemos 'Amor à Vida' e 'Gabriela' juntos. O Zé era um cara brincalhão, mal-humorado mas de um jeito engraçado, na verdade era um menino. Tenho quase a mesma idade dele. Para mim foi um choque. Genésio de Barros, ator
É inacreditável. Ele foi um cara surpreendente. A morte dele foi tão surpreendente quanto a maneira como ele morreu. Ele se foi cedo demais. Ainda tinha muita coisa para fazer. Mas não poderia ser diferente, não seria uma morte anunciada. Estreamos juntos na TV, em 'Bandeira 2', eu com 17 e ele com 23. Fiz meus 18 anos com ele na praia. Foi muito intenso o que a gente viveu. Era uma amizade que marcou muito. Todo mundo está muito abalado. O Wilker não parava de pensar, não descansava. Resolveu ser protagonista da própria vida Stepan Nercessian, ator e deputado federal, no velório
Não tinha relação de amizade. Sou um admirador dele, nunca tive o prazer de contracenar com ele. Sempre admirei muito o trabalho, sempre foi um ato de inspiração em tudo o que ele fez na relação de ator, de conhecimento e comportamento. Então vim fazer essa última homenagem, pois acho que ele merece mais que isso Marcos Oliveira, ator, durante o velório
AgNews Zé era um cara muito culto, muito atenado e engraçado. Um cara de super bom humor, brincalhão. Quem via a cara carrancuda, fechada não imaginava o quanto ele era engraçado, sacana... O Zé era corajoso, se jogava de cabeça em qualquer papel, qualquer personagem. Nós dirigimos juntos o 'Sai de Baixo' e era muito divertido. Não dá para falar as brincadeiras e as sacanagens porque são impróprias. Dennis Carvalho, ator e diretor
Anderson Borde e Leo Marinho/AgNews Vim ontem, mas fiz questão de me despedir hoje novamente. Falei com ele na sexta. Íamos nos encontrar na segunda. Estávamos trabalhando em um projeto para a TV. Nessas horas a gente vê que a vida é um fio. Lembro "O Arquiteto e o Imperador da Assíria". Assisti e morria de medo de ficar perto dele. Mas quando ele me dirigiu eu vi que ele era um cara incrível, muito generoso. Estava cuidando da saúde e adorava ligar para os amigos Marcelo Serrado, ator, no segundo dia de velório
AgNews Muita dor. Uma grande perda para a classe artística. Falei com ele ontem, às 13h, e ficamos de falar mais tarde ou na segunda. E aí ele morreu. Uma grande perda para o Brasil. Marcelo Serrado, ator, no primeiro dia do velório
Trabalhei poucas vezes com o Wilker. Ele era um ator admirável. Notícia muito triste, ele era novo ainda e tinha muita coisa para fazer. Guel Arraes, diretor, do velório
Estive com ele ontem até 23h. Estávamos ensaiando há três semanas uma peça chamada 'O Comediante'. Foi um choque para todos nós. Ele estava bem. Zé era um colega de muito tempo, muito bem humorado, culto, gentil e educado. Era sagaz e ao mesmo tempo muito gentil. Angela Rebello, atriz, no velório
AgNews Estou muito abalada. Trabalhamos muitas vezes juntos. Um homem bom, sensível, de muito humor e um ator fantástico. Não consigo falar mais nada. Natália do Vale, que fez par romântico com José Wilker em "Final Feliz", novela de 1982.
AgNews A obra do Zé é seu grande legado. É uma obra admirável. Ele sempre foi um homem muito inteligente, um amigo especial. Vou sempre levar o bom humor dele e lembrar do caráter cínico, ferino. José Mayer, ator
Wilker foi o primeiro ator que vi em cena, na época eu ainda estudava medicina. Foi um ator que serviu de referência para a minha geração. Ele era corajoso, irreverente. Influenciou muitos outros atores. Vou sentir muita saudade da nossa convivência, mas vou guardar sempre em mim o prazer de ter trabalhado com ele. Acho importante para os novos atores se espelharem no Wilker, ele tinha um DNA de ator que está em extinção. Wolf Maya, ator e diretor, no velório
Wilker foi uma das inspirações para eu ser atriz. Quando o vi pela primeira vez logo quis fazer parte do grupo dele. Depois tive o prazer de ser amiga dele. Foi um ator imenso, um gigante da arte. Um homem tão inteligente que não precisava disputar com o ego. É uma grande perda. Maria Padilha, atriz, durante o velório
Era um menino bom, um amante do cinema, um revolucionário, uma mente inquieta com uma alma irreverente. Daniel Filho, diretor, no velório do ator
Tive o prazer de ser dirigido por ele na peça "Remember". Ele tinha um cuidado muito grande com as palavras. Tinha noção de jeito de falar, a sutileza da comédia. O deboche dele em "Roque Santeiro" foi marcante. Ele deixa a seriedade da profissão Rafael Infante, ator, durante o velório
Foram mais de 45 anos de uma grande amizade. Ele conhecia tudo de mim e eu dele. É uma perda inestimável. Ary Fontoura, ator, durante o velório
AgNews É muita dor. Temos que lembrar sempre desse homem incrivel, desse artista preocupado com a sua gente, com a cultura. O Zé era um homem sofisticado e de fina ironia. Culto, muito culto. Quero lembrar dele com aquele grande sorriso. Estávamos sempre em contato, nos falávamos por telefone sempre. Íamos nos aniversários, conversávamos muito nos corredores da Globo. Tony Ramos, durante o velório.
Divulgação O que eu sinto é que a maioria dos amigos estão em estado de choque. Todo mundo está muito chocado com a notícia. O impacto da notícia foi enorme. Todo mundo está se ligando e perguntando: 'será que é verdade?'. A gente não acredita. O Zé era muito próximo. Muito querido e presente na vida artística brasileira. Ninguém sabe nada ainda. As pessoas ainda estão tentando confirmar. Muita gente está tentando saber. O Zé é vivo ainda. Agora não adianta dizer o que fica dele. Não se pensou nisso. Ninguém pensou. Ele é muito vivo, presente, risonho, brincalhão. Vera Holtz, em entrevista ao UOL.
AgNews Um colega muito bacana, muito querido e um ator genial. Foi um susto muito grande a sua morte. Zé foi um ator muito importante para o cinema, teatro e televisão. Letícia Sabatella, atriz, no velório
Julia Chequer/Folhapress Eu fiz com ele alguns trabalhos como 'Salvador da Pátria'. Tenho muitas memórias daquele tempo, a TV Globo mandava a gente para Volta Redonda e ficávamos lá a semana inteira, todo o elenco junto e era muito agradável. A gente almoçava juntos, jantava juntos, era como um colégio interno. Falávamos muitas bobagens, mas falar bobagens com alguém interessante como o Zé faz você sair do lugar comum, toda aquela conversa trazia uma espécie de luz nova. Wilker tinha uma forma diferente de levar a vida, um pensamento independente. Maitê Proença, ao UOL.
Wilker foi o ator com quem mais trabalhei na minha vida. Fiz a primeira peça que ele escreveu no final da década de 60 e a partir daí a gente sempre trabalhou juntos. Wilker dizia que meu sobrenome Sorrah foi ele quem tinha inventado. Foi um homem brilhante, de teatro, de cinema. Um homem do nosso tempo, da minha geração. Um homem atento a vida, sempre com muito humor, com alegria de viver. Como isso foi acontecer? Éramos meio vizinhos, morávamos na mesma rua e sempre estávamos nos esbarrando. Ninguém esperava essa morte, ele estava cheio de saúde, de vontade de viver, fazendo coisas. Tudo o que Wilker fez vai ficar para sempre. Foi um ator extremamente talentoso, inteligente e sensível. Renata Sorrah, ao UOL
Daniela Nader/Divulgação O Wilker foi o ator com quem mais trabalhei, fizemos cinco ou seis filmes juntos e ainda participei do "Giovani Improtta", o filme que ele lançou ano passado. Wilker não foi só um grande ator mas também um bom amigo, um amigo fiel, solidário. Tinha um talento incomensurável e tudo o que ele fez vai ficar para sempre. Ele vai deixar muita saudade. Digo que ele não era só um ator mas um "ator-autor". Ele não só fazia o personagem, mas ele também construía. Nossa amizade foi baseada nesse gosto dele pelo cinema. Sempre nos divertíamos muito filmando Cacá Diegues, ao UOL
Estou passado, acabei de saber e não estou acreditando. Que coisa louca, estive com ele outro dia e ela ia dirigir uma peça comigo. Ele me chamou e estava esperando a Eliane Giardini, uma peça chamada 'Sangue'. Estou chocado. Tínhamos uma amizade de trabalho, fizemos algumas coisas juntas e nos divertimos muitos em 'Senhora do Destino'. Não sei o que falar, uma pena eu não estar no Rio para poder me despedir. Nós tínhamos uma trajetória parecida, segundo o Luis Correa [diretor de teatro] três 'zés' mudaram a vida do teatro Ipanema, ela dizia isso se referindo ao Wilker, a mim e ao Zé Vicente [dramaturgo] José de Abreu, ao UOL
Meu bate papo com ele foi no final de 'Amor à Vida'. Sempre que a gente se encontrava, ele perguntava da Sonia Braga [Médici e Sonia são bem próximos]. Eu acho que ele era um tipo de galã que guardava uma brasilidade e cuja ironia era impressa nos personagens. Ele tinha uma risadinha que comunicava com o público. Especialmente quando os personagens estavam fazendo alguma maldade, ele dava essa risadinha de quem diz: 'Bem, meus amigos, vamos admitir que isso aqui não é algo sério... Marcelo Médici, ao UOL.
Eu lamento muito a morte do José Wilker. Eu o assisti quando era muito jovem numa peça chamada "O Arquiteto e o Imperador da Assíria", que foi um dos mais belos trabalhos de ator que já vi. Tive o prazer de trabalhar com ele e me aproximar pessoalmente duas vezes, em "Gabriela" e em "Amor À Vida". "Gabriela" foi uma novela na qual ele fez as duas versões. E brilhou em ambas. Sua interpretação do coronel Jesuíno foi intensa, histórica, a ponto do Brasil inteiro falar "hoje eu vou lhe usar". Em "Amor A Vida" fez uma participação especial que eu considero aquém de seu talento, mas cujos limites ele soube entender, compreender e ficar a meu lado. Tínhamos sim, uma amizade. Wilker gostava de usar chapéus e uma vez estava com um azul, lindo. Eu elogiei, porque também gosto de chapéus e vinte dias depois ele me presenteou com um igual! Toda vez que eu olhar esse chapéu vou lembrar dele e de seu inigualável talento. Walcyr Carrasco, ao UOL
Minha última história com ele é de ontem. Tinha lido um email dele e disse que iria assistir à entrevista que ele ia gravar esta semana com o Lima Duarte. Ano passado ele tinha me convidado a participar desse projeto e eu dei o cano nele por conta de algum compromisso. Agora a gente fica aqui zapeando a TV e sem acreditar, pensando, 'poxa, eu devia ter ido na entrevista...'. Era um grande ator, inteligente, eu gostava de estar perto dele, de conversar com ele. Me dirigiu no teatro muitas vezes e trabalhamos juntos em duas novelas maravilhosas, que foram 'Roque Santeiro' e 'Fera Ferida'. Ainda não tô acreditando. 66 anos não é idade pra ninguém morrer Cássia Kiss Magro, ao UOL
Levei um susto quando soube. Ele estava bem, não estava doente nem nada. Wilker foi um colega muito querido, fomos marido e mulher na novela ?Três Irmãs? e ele sempre foi um cara carismático, para cima. É uma lástima tudo isso acontecer. Acho que fica esse homem articulado, inteligente. Sabemos que a vida não termina, mas a perda da pessoa física é muito triste. Fiquei muito chateada quando soube Ana Rosa, ao UOL
Reprodução Meu querido amigo, para sempre! Conheci o Wilker quando fui para o Rio com a peça 'Hair', em 1969, e me apaixonei loucamente por aquela pessoa linda. E por toda a minha vida continuei o amando intensa e platonicamente. Wilker sempre foi e continuará sendo um dos meus melhores e mais queridos amigos. Queria mandar um grande beijo para suas filhas e sua família. Sônia Braga, que atuou com Wilker em "Dona Flor e seus Dois Maridos", em seu Facebook. Na noite de sábado, a atriz recebeu o Prêmio Platino no panamá e o dedicou a Wilker.
É uma perda muito grande, para todos nós. Eu devo a Wilker a minha ida para a televisão. Foi ele que me botou na minha primeira novela, 'Transas e Caretas'. O Wilker tinha um timbre incrível, temperado por esses cigarros que levaram ele a essa infarto. Ele era um gênio, realmente um dos maiores talentos do Brasil. Paulo Betti, a GloboNews
A gente perdeu o Paulo Goulart, agora o Wilker, horrível. Tem um artista que diz que quando morre um artista, morrem três. Morreu o Goulart, o Wilker, espero que esse dito não seja verdadeiro. O Wilker fazia muito piada. A gente achava muito divertido, muito engraçado. É uma tristeza a morte dele. Rosamaria Murtinho, a GloboNews
Eu tive o privilégio, a alegria e a satisfação de ter sido dirigida por ele, em 'Querida Mamãe'. Para ele, eu não diria 'adeus'. Diria 'até sempre'. Na minha memoria, foi um momento brilhante, afetivo e maravilhoso ter sido dirigida por ele Eva Wilma, a GloboNews
Era uma pessoa muito ligada comigo. Era um homem extremamente culto, extremamente generoso, extremamente dedicado no trabalho. Ontem fiquei falando horas no telefone com ele, porque ele viu uns espetáculos que eu também havia visto. A morte sempre pega de surpresa, mas essa me pegou mais profundamente. Foi uma coisa inimaginável. Jô Soares, a GloboNews
Sempre vou lembrar dele com aquele sorriso no rosto. Jamais o vi de cara angustiada ou se queixando da vida. Me inspirava muito na inteligência dele, na cultura dele. Arlete Salles, a GloboNews
Vou me lembrar do senso de humor, da ironia, da inteligência. Apesar de a gente não ser amigo íntimo, eu cheguei a conhecer bastante o Wilker. A relação que eu tive com Wilker foi bastante intensa, no campo profissional. É uma figura fascinante, a gente percebe pelo trabalho dele. Foi realmente uma notícia muito triste Antonio Calloni, a GloboNews
Estava com ele até ontem, à meia noite, brincando, trocando ideias. 50 e tantos anos de convivência, tantos trabalhos, e hoje pela manhã recebo essa notícia que me deixou tonto. Não posso acreditar como pode ser assim. Uma despedida estranha. Logo eu, que iria encontrá-lo novamente hoje. Mas eu sei que a vida é assim. Me diverti tanto com ele. Eu e ele casávamos quando trabalhávamos juntos, porque o trabalho era um meio de vida e de morte. Ficamos juntos em todas as circunstâncias e agora estou sozinho aqui. Já chorei tudo o que tinha que chorar. Estou comovido. Vou sentir uma saudade muito grande. Ele era um grande amigo meu. Não ficou nada entre nós que precisássemos acertar Ary Fontoura, a GloboNews
O humor dele era ótimo, nunca deixava ninguém sério. Ele foi uma pessoa fundamental na minha vida, a gente se conheceu jovem e teve um breve romance quando eu era adolescente. Foi uma pessoa muito importante na minha construção Bárbara Paz, a Globo News
José Wilker, grande ator, grande colega, uma vez meu pai... Quanta saudade você vai deixar! Quanto aprendizado você deixou! Pra sempre no meu coração. Deborah Secco, em seu Instagram
Só tenho amor, muito amor, e agora saudades, sempre. Obrigada a todos pelo carinho. Isabel Wilker, filha do ator, em seu Facebook
Joao Cordeiro Jr/Folha Imagem Um beijo eterno nesse 'mestre absoluto', nesse homem tão especial, tão inteligente, culto, divertido, de um humor sensacional... Amigo, pai maravilhoso, ser humano mais gentil que eu conheci, sensível, talentoso, e de uma profunda generosidade. Único. Com uma trajetória de vida emocionante e uma profissional brilhante. Que honra ter feito parte da sua vida durante 10 anos! Obrigada José, obrigada Zé pelo seu precioso tempo. Tempo que você sabia aproveitar como ninguém. Sua historia de vida é um exemplo vivo da imortalidade da alma. O dia está triste. É um pedaço da nossa vida que vai embora hoje. Guilhermina Guinle, atriz e ex-mulher de Wilker, em seu Instagram.
Devastado. José Wilker não era só um grande ator. Era um homem profundamente culto, interessante, afetuoso e generoso. Um dos melhores amigos que fiz nessa profissão e na vida. Gostava de trabalhar com ele e, juntos, fizemos muitos trabalhos. Não sei como é que vou subir ao palco do teatro Procópio Ferreira hoje à noite para fazer comédia, pois foi ali que ele nos dirigiu durante muito anos no Sai de Baixo. Hoje, o dia amanheceu sem cor. Perdi um irmão. Estou à deriva. Miguel Falabella, ator, roteirista e diretor
Morei com Wilker num apartamento da Senador Vergueiro quando vim pro Rio. Era uma 'república' compartilhada com Nenem e Lopes Cansado. Eu achava Wilker lindíssimo. Ele ela bem magro e usava óculos. Tinha pinta de intelectual e não de galã, mas eu dizia que ele era um galã. Ele escrevia peças. Trabalhara no MPC no Recife. Não tinha sotaque nordestino. Era cearense. No exílio, já em 1970, surgiram capas de revista com Wilker de galã da Globo. Achei que eu tinha visto o futuro. Às vezes, em encontros casuais, eu lembrava essas coisas a ele e ele reagia com muita ternura. Ninguém nunca vai se esquecer do Roque Santeiro. Caetano Veloso, em seu Facebook
Hoje perdemos um grande talento. Faltam palavras para expressar minha gratidão e tristeza. Wilker foi muito importante na minha vida e na minha história. Uma honra dividir a cena com ele. Tantas risadas...tanta cumplicidade. Daniele e Giovanni Improta estarão sempre guardados no meu coração. Ludmilla Dayer, atriz, em seu Facebook
Triste com a partida repentina do José Wilker, que tanto nos ensinou através do seu talento e dedicação a arte. A vida é inexplicável, mas se nessa tristeza existe um consolo, morrer sonhando e tendo vivido intensamente. José Wilker, sua vida esta eternizada na sua família, nos seus amigos, nos seus personagens, nos nossos sonhos e na sua grande paixão, o cinema. Leandra Leal, no Instagram

Por meio de seu Twitter, a presidenta Dilma Roussef lamentou a morte do ator no último sábado. "Ator, crítico de cinema e exemplo de dedicação à arte, José Wilker nos presentou com interpretações que se tornaram ícones do cinema e da TV".

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*Com reportagem de Carla Neves

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