"Não sei fazer vilã que não tem prazer na maldade", diz Eva Wilma

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

Homenageada do 26ª edição do Prêmio Shell de Teatro por seus 60 anos de carreira, nesta quarta-feira (18), em São Paulo, a atriz Eva Wilma contou algumas histórias de sua vida profissional à reportagem do UOL, como por exemplo, da vez que fez um teste para um filme de Alfred Hitchcock e de seu papel como Ruth e Raquel na primeira versão de "Mulheres de Areia", em 1973, na TV Tupi.

Questionada sobre as diferenças entre sua interpretação e a de Glória Pires na versão da novela de Ivani Ribeiro, de 1993, Eva disse o seguinte: "A minha Raquel era mais engraçada porque eu não sei fazer vilã sem humor. Gosto de fazer aquela vilã que tem prazer na maldade porque embora isso possa parecer um clichê, nem todo mundo é só bom ou só mal. E a vilã sempre tem mais conflitos que o herói".

Ela conta ainda sobre o episódio em que a atriz Regina Duarte ofereceu o Troféu Imprensa de 1973 para ela. Em 1974, ao ser premiada com o Troféu Imprensa por seu trabalho em "Carinhoso", Regina surpreendeu a todos ao repassar o prêmio para Eva Wilma em reconhecimento pelo trabalho dela na novela "Mulheres de Areia".  "Eu peguei um avião, comprei um buquê de flores e fui entregar para Regina lá em Campinas (SP).

Hitchcock

Eva Wilma também contou sobre o teste que fez para o filme "Topázio" (1969), de Alfred Hitchcock, em Hollywood, e negou que o diretor inglês, famoso por ser um conquistador, tenha tentado seduzi-la.

"Ele era sim muito sedutor, mas não teve nada disso. A história que me lembro foi quando  fui ao cenário do filme fazer o teste e, ao entrar,  de repente todo mundo começou a aplaudir. Mas não era para mim, era para o Hitchcock entrando no estúdio", disse a atriz, aos risos. "Na época o diretor precisava de uma latina americana, só que acabaram escolhendo uma atriz alemã. Meu único consolo é que este não foi um dos melhores filmes dele, mas queria muito ter feito", admitiu. 

É por causa dessa droga de Facebook. De repente botar eu lá, íntima de todo mundo, não. Eva Wilma, explicando porque não gosta que fãs tirem fotos abraçados com ela.

Sobre o reconhecimento do público, Eva ressaltou que poucas pessoas a chamam pelo nome dos personagens que interpretou na TV: "Na época da Maria Altiva (de "A Indomada" – 1997) o povo repetia muito os bordões. Diziam: 'Oxente my God'". Assim como Beatriz Segal, Eva Wilma afirmou que não gosta que fãs tirem fotos abraçados com ela: "É por causa dessa droga de Facebook. De repente botar eu lá íntima de todo mundo, não".

Apesar da ironia com as redes sociais, a atriz afirmou que gosta muito de usar a internet para mandar e-mail e para ler as notícias. "Mas em geral, eu uso o computador como uma máquina de escrever. E para decorar texto eu preciso escrever a mão, com lápis e borracha", argumentou.

Sobre a homenagem pelos 60 anos de carreira, Eva Wilma disse que dedica a todos os autores, diretores, atores e técnicos das artes cênicas "a quem eu considero heróis". Ela estará de volta à TV em breve em uma participação na última temporada de "A Grande Família", que estreia em abril, na Globo.

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