"É um privilégio ser chamada de 'a voz do Brasil'", diz Ellen Oléria

Renato Damião

Do UOL, no Rio

  • Diego Bresani/Divulgação

    Ellen Oleria, vencedora do The Voice Brasil, faz show de lançamento do CD Encruzilhada

    Ellen Oleria, vencedora do The Voice Brasil, faz show de lançamento do CD Encruzilhada

"Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo / Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo", são com esses versos da canção "Fé Cega, Faca Amolada", de Milton Nascimento, que Ellen Oléria define seu atual momento. Aos 31 anos, a brasiliense que conquistou o Brasil no reality show "The Voice Brasil", revelou ser um privilégio ser chamada de "a voz do Brasil". Ellen falou com o UOL na tarde desta quarta-feira (11) por telefone. Do outro lado da linha, uma voz suave e calma contrastou com o timbre forte exibido nas performances cheias de atitude da cantora durante sua participação no programa.

"Não teria como eu ter meu vínculo com o 'The Voice' diminuído, eu seria tola de tentar negar ou esconder isso. O programa me projetou nacionalmente. Trouxe uma propulsão fantástica em nossas vidas", disse ela. Ellen acaba de lançar o álbum que leva seu nome. Para o projeto, ela recrutou amigos antigos, como a banda Pretutu, até mais recentes, caso de Alexandre Castilho, com que trabalhou no "The Voice". No repertório, além de canções inéditas, há regravações de canções que ela apresentou no palco da atração, caso de "Zumbi", de Jorge Ben.

Há isso de ser remanescente de um reality show, nunca somos bem vistos pela crítica, mas sobrevivi a essas crises e medos com muito trabalho

sobre carreira após "The Voice"

"A intenção de trazer essas canções para o disco é uma forma de devolver a energia que esse público me ofereceu  e depositou em mim durante essa passagem no programa. Essas músicas são como uma cartão de visita para que as pessoas conheçam a cantora Ellen Oléria, elas também são de alguma forma um ponto de encontro meu com esse público, a pessoa aperta o play e entra em contato comigo, foi uma escolha muito inteligente do Alexandre Castilho", opinou Ellen.

Sabendo da cobrança - e até mesmo da desconfiança - que há com cantores saídos de realities, Ellen afirmou que se surpreendeu com as críticas positivas ("Estava mais preparada para a porrada") e afirmou que chegou a ter certa insegurança sobre o futuro. "Vivi um momento de insegurança como todo mundo. Tive medo de várias coisas, sempre esperamos uma resposta positiva, há isso de ser remanescente de um reality show, nunca somos bem vistos pela crítica, mas sobrevivi a essas crises e medos com muito trabalho e dedicação.Encontrei coragem para me tranquilizar nesse processo, acho que a música falou mais alto. Tudo foi feito com muita verdade e seriedade. Fora isso fui muito bem assistida tanto pela gravadora quanto pela minha equipe, amigos, esposa, nunca estive sozinha".

"A revolução será televisionada"

  • Reprodução/Instagram

    Ellen Oléria e a mulher, Poliana Martins

Negra, lésbica e vegana, Ellen Oléria tem total consciência da imagem que exerce sobre o público. Já nas entrevistas para participar do "The Voice" ela disse que iria negar a frase de Gil Scott-Heron. "Falei que diferente do que ele havia dito, a revolução seria televisionada. Eu sou do mundo, não posso transitar, cantar ou fazer arte ignorando meu lugar de fala. Minha imagem estética é crítica, minha fala é o combustível da minha ação e da minha consciência. Eu nasci dentro de uma revolução, não posso dizer aos meus ancestrais que a luta foi em vão. Onde eu for eu vou levar a revolução comigo, caso contrário eu estaria fazendo só entretenimento, não arte".

Casada com Poliana Martins desde agosto (elas estão juntas há mais de um ano), Ellen se disse "orgulhosa" das suas escolhas. "Esse 2013 foi um ano poderoso em vários sentidos, tive encontros transformadores, muitos desencontros também e dei um passo para a construção da minha família. Também me tornei vegana, meus hábitos mudaram completamente".

Com shows marcados em São Paulo e no Rio de Janeiro, Ellen tem tido pouco tempo para assistir ao programa que a lançou nacionalmente, mas vê em Dom Paulinho, Sam Alves e Gabby Moura grandes talentos. "Gabby tem uma voz poderosíssima e o Dom tem uma presença de palco que é daquelas coisas impossíveis de explicar", elogiou. Para quem  poderá a vir ser "a nova voz do Brasil", a cantora só tem um conselho: "Acredito na verdade de cada um, então acredita e se joga", disse aos risos.

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