"Breaking Bad" aquece economia local com gasto de US$ 1 milhão por episódio

Jorge Corrêa

Do UOL, em Albuquerque (EUA)

Uma das principais paradas da Rota 66, caminho que corta os Estados Unidos de leste a oeste e que ficou famoso no best-seller "On The Road" de Jack Kerouac, Albuquerque se viu novamente no mapa cultural e turístico do país com o sucesso de "Breaking Bad", seriado que acaba neste domingo (29), quebrando recordes de audiência e aprovação de crítica e público.

O local – que foi escolhido ao invés da Califórnia por conta de isenções fiscais – virou personagem do programa, que ajudou a economia local a se aquecer nos últimos cinco anos. Autoridades locais comemoram essa visibilidade pelo dinheiro que a própria produção girou durante as gravações e por ter ajudado o turismo e o comércio da cidade.

O escritório de desenvolvimento econômico de Albuquerque diz que a produção do seriado gastou cerca de US$ 1 milhão por episódio com a cidade. De acordo com levantamento do jornal "Los Angeles Times", "Breaking Bad" levou entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões em bens, serviços e salários ao estado do Novo México.

"Ajudou muito a melhorar a cidade, com certeza foi bom para a economia, trouxe muitos empregos que faziam parte da série, pessoas diferentes movendo a indústria. Foi uma coisa boa. Estou muito triste de ver o final porque, dos postos de trabalho que vieram para cá, agora muitos vão embora", disse Andrea Zamora, funcionária da lanchonete Rebel Donut e criadora de uma rosquinha em homenagem ao seriado.

A secretaria de turismo local admite que demorou um pouco a se organizar para capitalizar esse movimento em torno de "Breaking Bad", mas nos últimos dois anos, passou a centralizar a procura por visitas e pontos de interesse na cidade relacionados à série. Até por esse atraso, ainda não tem um levantamento oficial de quantos turistas a mais a cidade passou a receber depois que o programa foi ao ar. Mesmo assim, a entidade garante que esse acréscimo é considerável e um balanço será divulgado ao final do seriado.

"Ficamos um pouco tristes porque deixaremos algumas visitas, mas as pessoas estão viciadas no show. Acho que vai ficar tudo bem, já temos muito mais turistas agora e ajudou muito a economia", disse Candy Lady, que além de produzir os doces que serviram de metanfetamina nas primeiras temporadas, comercializa outros produtos do programa. "Temos muitos visitantes apenas pelos produtos, pelo doce. É muito importante e isso me deixa feliz, tudo isso deixa as pessoas felizes."

Vendendo a série
Desde que Albuquerque passou a ser protagonista de "Breaking Bad", com seus restaurantes, ruas escuras – que na vida real não são nada escuras – longas estradas com deserto dos dois lados e subúrbios de grandes casas e vastos quintais, a cidade virou roteiro para os fãs. É possível encontrar na internet mapas virtuais com a localização de quase todos os cenários e locações para quem quiser fazer esse passeio por conta própria. Mas também já está disponível um tour com 13 locais por US$ 65, de trenzinho, ou US$ 75, de limusine.

Esse é apenas um dos produtos da série que faz sucesso na cidade. A loja da Candy Lady, além do pacotinho de doce parecido com a droga do programa por US$1, vende camisetas, o chapéu do Heisenberg, bottons, encosto de copos e calendários. "Já não consigo mais nem saber para quantos países estou enviando esses produtos, além do pessoal que vem até aqui. Mas não tenho do que reclamar", completou a famosa doceira da cidade.

Personagens de "Breaking Bad" viram bonecos
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As cervejas em homenagem à série são os carros-chefes do bar Marble Brewery. "Somos muito fãs da série, então decidimos criar um tributo. Temos a Walter White light, que é sobre o lado claro de sua personalidade, e temos a Heisenber escura, levando ao lado sombrio que ele entra durante as temporadas", explicou o Jason Fittzpatrick, gerente do estabelecimento.

Já o "Bathing Bad" são sais de banho muito parecidos com a metanfetamina azul produzida pelos protagonistas do programa. "Como fãs, fizemos uma piada e nos perguntamos: 'O que Walter White faria se tivesse um lugar livre e precisando de dinheiro?' Como sabemos, ele produziria metanfetamina, mas não queremos ir para a cadeia", brincou Andre West-Harrison, dono do local. "Então tivemos a ideia de fazer sais de banho azuis, que parece com a droga da série."

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