Saramandaia

Padre de "Saramandaia" será excomungado por casar lobisomem com cafetina

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/ TV Globo

    Em "Saramandaia", Aristóbulo e Risoleta se beijam em cemitério

    Em "Saramandaia", Aristóbulo e Risoleta se beijam em cemitério

O autor Ricardo Linhares contou em evento na USP ocorrido na última quinta-feira que "Saramandaia" terá mais uma história inspirada em fato real. Desta vez o padre da cidade, interpretado pelo ator Maurício Tizumba, será excomungado por realizar o casamento entre o lobisomem Aristóbulo (Gabriel Braga Nunes) e a cafetina Risoleta (Débora Bloch).

A cena, segundo autor, foi inspirado no caso real do padre Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, excomungado em Bauru por defender o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Recentemente, o padre recorreu à Justiça para anular sua expulsão da Igreja Católica, mas teve seu pedido recusado.

Embora admita essa alusão, Linhares disse durante o evento, que analisava o realismo fantástico na teledramaturgia brasileira, que quis evitar polêmicas com a igreja. Segundo ele, na hora de adaptar o texto original de Dias Gomes, exibido na Globo em 1976, deixou de fora as beatas e deixou o papel do padre existir de forma secundária na trama.

"Quis evitar polêmica com a igreja. Por isso a gente fez essa brincadeira com o Santo Dias, que é uma homenagem ao Dias Gomes. Fiquei com medo de usar um santo católico e gerar polêmica à toa, porque hoje em dia todo mundo se ofende com tudo. E aquele beatice eu deixei de fora porque achei que aquilo não existe mais hoje em dia."

Questionado se a beatice não havia apenas mudado de religião, o autor de "Saramandaia" disse que a trama não tinha "espaço para mexer nesse vespeiro". Mas que, mesmo assim, usou a cena falso milagre atribuído ao Santo Dias para fazer uma crítica ao uso da religião com fins políticos, um tema recorrente no Brasil atual.

"É uma crítica a quem tenta manipular politicamente a fé das pessoas. O milagre do Santo Dias teve essa função na trama. Claro que eu não citei nomes, mas em tempos de Felicianos e Malafaias, quem tem um olhar mais crítico percebeu do que eu estava falando."

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