Autor defende papel de ex-chacrete: "Não estamos falando de todas elas"

Do UOL, em São Paulo*

  • Divulgação/TV Globo

    Elizabeth Savalla é Márcia em "Amor À Vida"

    Elizabeth Savalla é Márcia em "Amor À Vida"

O dramaturgo Walcyr Carrasco, autor de "Amor à Vida", partiu em defesa do papel de Márcia (Elizabeth Savalla), depois que um grupo de ex-dançarinas do programa "Cassino do Chacrinha" ameaçou processar a Globo. Em uma das cenas da novela, a ex-chacrete da ficção contou ter feito programa para sustentar a filha Valdirene (Tatá Werneneck), o que causou indignação nas que dançaram de verdade no programa do Abelardo Barbosa.

"O texto de Márcia não sofrerá modificações. Estou falando de uma personagem que foi chacrete, não de todas elas, pois muitas tiveram vidas diferentes. É apenas a criação de uma personagem e tanta reclamação não faz sentido. É impedir a liberdade de criação", afirmou Walcyr ao UOL. Além de ex-prostituta, Márcia foi mostrada na trama como fichada na polícia.

O autor contou que recebeu algumas mensagens "desagradáveis" via Facebook e uma das pessoas se identificou como ex-chacrete. A emissora ainda não recebeu nenhuma notificação judicial.  Diferentemente de suas colegas, a ex-dançarina do Chacrinha Rita Cadillac, que serviu de consultora para a construção da personagem, contou que não se sentiu ofendida e defendeu a obra em entrevista ao UOL.

"Já estão me perguntando se eu fiz programa por causa da novela. Eu nunca fiz programa. Também nunca fui presa! Gente, a Márcia é uma ex-chacrete fictícia, ela não tem necessariamente tudo a ver comigo. O Walcyr fez dela chacrete porque ela não tinha idade pra ser bailarina do Faustão! Tem gente que é burra e não entende que ficção é uma coisa e realidade é outra", afirmou.

  • TV Globo/Divulgação

    Elizabeth Savalla e a ex-chacrete Rita Cadilac durante gravação de "Amor à Vida" na 25 de Março, em São Paulo

Rita foi convidada pelo autor para dar algumas dicas para Elizabeth Savalla e contou como foi o encontro: "A gente se encontrou e eu contei para ela que eu acordava cedo, ensaiava muito, mostrei como a gente dançava, que o Chacrinha era muito severo... E ela pegou muito meu gestual. Então aquela batida com a mão que ela dá na coxa é minha. A jogada de cabelo também. Ela só não fala os palavrões que eu solto no meio das conversas".

Ex-chacretes

Regina Polivalente, que já dançou no palco do Chacrinha, foi uma das que não gostou do comentário da personagem e usou sua página no Facebook para se manifestar.

"Fiquei indignada com a rotulação que a Rede Globo faz as ex-chacretes nesta nova novela das nove. Porque será que sempre que falam que ex-chacretes são ex-garotas de programa, oportunistas, mal sucedidas, acabadas??? Eu sou um exemplo oposto disso tudo. Estudei muito, me formei, nunca me droguei, nunca fui presa, trabalho a vida toda e tenho uma vida digna e sei que tem várias outras, que tenho contato, que também são como eu. Trabalham com sucesso, têm famílias maravilhosas e são realizadas. Vamos parar de preconceito".

Márcia Val, ex-dançarina do "Cassino", também não se sentiu à vontade com o relato da personagem do folhetim, pois, para ela, o texto foi agressivo e teme pela sua filha de 12 anos.

"Nada tenho contra qualquer personagem que possa fazer menção às chacretes, desde que não seja algo que possa denegrir, ainda mais, a imagem. Tenho uma filha de 12 anos, moro numa cidade do interior do Rio de Janeiro, onde somos muito felizes. A minha família e as pessoas que conviveram comigo naquele período não residem nesta cidade, não me conhecem tão bem", disse a psicopedagoga ao UOL

*Com reportagem de Amanda Serra

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