Ávila tem 45 anos, é casado com uma dona de casa e tem um filho adolescente que sofre bullying na escola. Vendedor de seguros, ele leva uma vida acima de qualquer suspeita. Mas, secretamente, ele pertence a uma organização de assassinos profissionais que usam uma funerária como fachada para seus negócios escusos. E é ele o protagonista da nova série da HBO, "Sr. Ávila", que estreia às 21h deste domingo (26).

Gravado na Cidade do México, o seriado escrito pelos irmãos argentinos Walter e Marcelo Slavich, de "Epitáfios", tem cenas fortes de violência, mas os assassinatos – às vezes com requintes de crueldade – não ocupam o lugar do central da trama, reservado aos dilemas do personagem título, interpretado pelo mexicano Tony Dalton.

Conhecido do público brasileiro por uma participação na novela mexicana "Rebelde", o ator sabe que o foco da série é o drama. "Quando comecei a ler o roteiro, achei que ia matar uma pessoa diferente a cada dia, mas não é assim. Às vezes, eu não mato ninguém, às vezes mato cinco pessoas. É tudo uma grande história sobre esse homem", explica.

Logo no primeiro episódio da série, que tem duas horas de duração, Ávila sofre duas reviravoltas: ele recebe uma missão que o coloca em um profundo dilema pessoal e descobre que assumirá o comando da organização de assassinos, se tornando o "Senhor" do título. Paralelamente, as fissuras em sua família começam a se aprofundar quando seu filho Emiliano (Adrián Alonso) começa a ter reações violentas e sua esposa Maria (Nailea Norvind) começa a se incomodar com seu distanciamento dos problemas domésticos.

O malabarismo para equilibrar a vida dupla enquanto tudo começa a mudar será o principal desafio do personagem, adianta Dalton. "O maior conflito é entre sua família e seu trabalho. Ele está constantemente lutando para ver qual lado vai ganhar", afirma, revelando que o personagem deve mudar bastante até o final da temporada: "O arco do personagem na série é enorme. Ávila chega ao décimo-terceiro episódio completamente diferente. Até a forma como ele anda, fala e se veste muda. Ele fica mais consciente de seu contexto".

A família será o núcleo onde mais se poderá ver o lado humano do assassino, segundo o ator. "Os momentos em que ele está com a família são os momentos em que você pode ver a humanidade dele. Quando esse assassino frio que parece fora da realidade está com a mulher e o filho, você vê os sentimentos dele", analisa.

O ator, adepto de improvisações, adaptou alguns dos diálogos que interpreta, mas tentou não exagerar na carga de humor. "Em uma das gravações, eu estava com Iván [Carlos Aragón] e comecei a imitá-lo. O produtor me chamou e pediu que eu fizesse isso sempre. Mas eu disse 'não posso fazer isso, não é uma série de comédia'. É difícil se conter e não fazer algo muito engraçado ou muito sanguinolento", afirma.

Fã de seriados, Dalton vê grande influência das produções "Breaking Bad", sobre um paciente terminal que resolve vender drogas, e "The Sopranos", sobre uma família de mafiosos, em "Sr. Ávila". "Acho que 'Sopranos' é uma das melhores séries do mundo. Adoro ela e 'Breaking Bad'. Mostram foras-da-lei, que vivem escondendo a verdadeira identidade e é o que eu sinto que acontece em 'Ávila'. Na funerária, você pode ver todas essas figuras que têm vidas normais na cidade, mas são matadores ásperos. Há pessoas que são muito excêntricas, mas seguem essa rotina da organização".

A temática pesada da série não deve ser um obstáculo para os fãs adolescentes que o ator conquistou em "Rebelde", novela pela qual ele é lembrado mesmo sete anos após sua participação. "Se as crianças tinham 15 anos na época de 'Rebelde', agora devem ter 22. É uma idade boa para ver 'Ávila'", brincou, contando que sempre recebe menções no Twitter sobre o papel do inspetor Gastón Diestro na produção teen.

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Sr. Ávila
Quando: Domingo (26), às 21h
Onde: HBO Brasil