Calloni faz 51 anos e diz que "não tem senso crítico" para avaliar audiência de "Salve Jorge"
Amanda Serra
Do UOL, em São Paulo
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TV GLOBO / João Miguel Júnior
Ator Antonio Calloni como o personagem Mustafa em "Salve Jorge" (2012)
No ar em “Salve Jorge”, da Globo, Antonio Calloni completa 51 anos nesta quinta-feira (6) e festeja suas realizações pessoais e seus 32 anos de carreira. Em sua quarta novela de Glória Perez, que enfrenta resistências do público, o ator diz "adorar" o personagem e se manter alheio às questões de audiência.
“Estou adorando fazer o turco Mustafa, um cara moderníssimo, liberal. Vamos ver como vai se desdobrar, ainda está no início”, disse o ator em entrevista ao UOL.
Há quase dois meses no ar, o folhetim tem marcado 30 pontos no Ibope, ficando atrás de “Avenida Brasil” (2012), que obtinha 36, e “Caminho das Índias” (2009), com 34.
“Estou envolvido no trabalho. Fora disso, não consigo enxergar. Não tenho senso crítico para entender essas coisas, a minha função, inclusive, não é ter esse senso crítico, mas fazer o personagem apaixonadamente. Não sou especialista em televisão, para saber o que acontece com o sucesso ou não. O brasileiro gosta de uma boa história”, afirmou.
Na trama, Mustafa é dono de uma das lojas do Grand Bazar, tradicional centro de compras de Istambul, na Turquia. Nos próximos capítulos, irá descobrir que sua filha adotiva foi roubada de seus pais biológicos e que mulher, Berna (Zezé Polessa), sabia disso.
O comerciante ficará transtornado ao ver sua família envolvida com o tráfico de pessoas, o pano de fundo de “Salve”. “Será um conflito muito interessante”, adiantou o ator.
"Ser estrangeiro é muito familiar"
Acostumado a viver estrangeiros em folhetins, como Mohamed (“O Clone), Bartolo (“Terra Nostra”) e agora Mustafa, Calloni é exigente com suas performances e costuma se dedicar a cada uma das culturas que retrata.
“Estudo a língua, a cultura, no caso da Turquia, visitei o Grand Bazar. Assisti a novelas turcas, observei os trejeitos das pessoas, fiquei impressionado ao ver os monumentos que foram construídos nos impérios Bizantino, Otomano e Romano. Fui alfabetizado primeiro em italiano em casa e depois em português. Essa coisa de ser estrangeiro é muito familiar para mim”.
Apesar de dizer que não tem um “estrangeiro” preferido, Calloni lembra com carinho do italiano Bartollo. “Marcou a minha vida, no qual eu tive a oportunidade de contar a história da minha família. Fiquei impressionado quando vi a documentação do meu bisavô no Memorial do Imigrante, estava gravando”, relembra.
"Meu projeto de vida era ser ator, escritor e ter uma família"
Poeta, Calloni se prepara para lançar seu sétimo livro. “50 anos inventados em dias de sol e algumas poesias”, que deve ser lançado no fim de 2013, fala sobre sua recém-chegada a fase “cinquentão”. “Me sinto muito feliz. Meu projeto de vida era ser ator, escritor e ter uma família, e fui bem-sucedido nas três áreas. Meu projeto está realizado”. Saiba mais sobre o livro.
“Conto algumas experiências minhas nesse livro, do que vivi nesses 50 anos, da minha carreira, das novelas... mas o livro não é autobiográfico”, explica o ator, ao citar um poema de Manoel de Barros - “noventa por cento do que escrevo é invenção; só 10% é mentira”. “Essa é uma das frases que abre o livro, afinal tem muita coisa que conto da minha vida que são fatos inventados, outros elaborados poeticamente. O que é inventado vira verdade”.
Apaixonado por literatura, Calloni não pensa em abandonar os palcos e as telas, mas não pensa em escrever para televisão. “Tenho uma profunda admiração por autores de novelas. Por quem escreve uma novela genial, medíocre e ruim. Acho dificílimo escrever qualquer tipo de novela. Eles merecem aplausos sempre. Não me imagino, por enquanto, escrevendo uma”.