"Saía para vender debaixo de tiro", diz ambulante do Alemão que está no ar em "Salve Jorge"

Do UOL, no Rio

  • Ricardo Leal/UOL

    Adriana exibe as empadinhas enquanto vende os quitutes no Alemão (14/11/2012)

    Adriana exibe as empadinhas enquanto vende os quitutes no Alemão (14/11/2012)

A rotina da vendedora ambulante Adriana de Souza, mais conhecida como Adriana da Empadinha, é puxada. Três vezes por semana, a carioca de 34 anos que está representando ela mesma em “Salve Jorge” percorre as ruelas e ladeiras do Complexo do Alemão, no Rio, para vender as empadinhas aos moradores da comunidade.

Por volta das 16h, ela veste seu jaleco branco e uma calça legging, abastece seus isopores com aproximadamente 300 salgados e sai cantando paródias de funk para sua clientela. À meia-noite, Adriana volta para casa com tudo vendido.

“Vai fazer cinco anos que ganho a vida vendendo as empadinhas. E, graças a Deus e a elas, tenho honrado meus compromissos. As empadinhas de frango, queijo e carne seca custam R$ 2 cada. Já as de bacalhau e camarão custam R$2,50. Também vendo brigadeiro, cajuzinho e beijinho de coco a R$ 1”, contou Adriana, durante reportagem para o UOL.

Adriana afirmou que antes da pacificação do Alemão, costumava sofrer com a violência. “Saía para vender debaixo de tiro. Tinha que entrar na casa das pessoas, nos bares. E tinha que começar à tarde, que é quando as empadas estão prontas. Não ia deixar os salgados estragarem. O pessoal falava: ‘entra aqui, Empadinha! Pô, até debaixo de tiro, Empadinha?’. E eu respondia: ‘pois é. Tenho que pagar minhas contas”, lembrou, aos risos.

Famosa na comunidade, ela contou que foi parar na TV depois que Renê Silva – conhecido pelo blog “Voz da Comunidade” – mostrou a Glória Perez, autora da trama das nove, um vídeo em que ela aparecia cantando os funks.

“O Renê ficou amigo da Glória [Perez] na época da pacificação. E ela já estava querendo escrever uma novela sobre o Alemão. Então pediu a ele indicação de pessoas que se destacavam na comunidade. Ela me viu cantando as músicas, gostou de mim e me chamou para o workshop com todo o elenco no Projac [complexo de estúdios da Globo na zona oeste do Rio]”, lembrou.

Adriana disse que foi ao workshop e cantou para a autora e todo o elenco. “Depois a Glória me abraçou e me convidou para participar da novela. Pensei que não ia dar em nada. Mas depois de um mês me ligaram e fui para lá sendo eu mesma”, contou.

A vendedora – que atualmente mora apenas com o marido, o porteiro Márcio Roberto Evangelista em um conjunto habitacional – afirmou que já morou no alto do morro e elogiou a maneira como Glória Perez está retratando o Alemão. “Ela está mostrando a realidade do Complexo, a verdade da comunidade. Antes era horrível”, afirmou.

Se antes da novela, Adriana já fazia sucesso com a criançada – “as crianças são meus maiores e melhores clientes”, contou ela–, depois que apareceu em “Salve Jorge” a vendedora virou “celebridade” no Alemão.

“As crianças me param, me dão tchau do ônibus, me dão flor. Sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre rindo”, garantiu ela, confessando que também tem seus dias de mau humor. “Tem o dia da TPM, o dia em que estou com cólica. Nem todo dia a gente está feliz da vida. Mas quando é assim nem saio para vender. Quero tratar sempre bem e com amor os meus clientes”, acrescentou.

Ricardo Leal/UOL
As crianças me param, me dão tchau do ônibus, me dão flor. Sou apaixonada pelo meu trabalho. Estou sempre rindo

Adriana de Souza, vendedora

Adriana contou que aprendeu a receita da empadinha com sua mãe adotiva, dona Eunice. “Ela está muito feliz e orgulhosa de mim”, afirmou ela, contando que consegue uma renda "bacana" com a venda dos quitutes. Ainda mais porque não gasta muito com o material. “Eu pechincho muito. Vou a vários mercados. Só o camarão que compro sempre no mesmo mercado, que é mais fresquinho”, disse.

A vendedora ainda explicou que foi motivada pelas crianças que começou a inventar funks e outras músicas para vender as empadinhas. “As crianças adoram funk. As músicas estão na boca delas. Então comecei a escutar os funks e fui fazendo as adaptações. Elas adoram [risos]”, contou a vendedora, que está sempre com uma bala de gengibre no bolso para manter a voz.

Conheça abaixo a receita da empadinha de camarão de Adriana:

Massa para empadinha ou empadão

Ingredientes

750g de margarina, com sal, em temperatura ambiente

1 kg de farinha de trigo sem fermento

Recheio

2 kg de camarão inteiro

Modo de preparo

Separe a casca e a cabeça do camarão. Reserve a carne do camarão ainda crua. Lave e refogue a casca e a cabeça com cebola, alho e cheiro verde. Acrescente dois tabletes de tempero pronto: 1 para peixe e o outro de galinha. Mexa. Acrescente água suficiente para cobrir o refogado. Espere levantar fervura. Deixe esfriar e depois bata tudo no liquidificador. Passe essa mistura por uma peneira, espremendo bem o bagaço. Leve este caldo em uma panela com amido de milho dissolvido e mexa até virar um creme, não muito grosso e nem muito líquido. Refogue a carne do camarão com alho e óleo e acrescente tempero em pó de sabores Peixes e Aves. Abra a massa nas forminhas de empada, acrescente o creme e insira os camarões inteiros, adicionando coentro cru. Feche cada empada com a massa e pincele com gema de ovo. Leve ao forno pré-aquecido até assar.

  • Ricardo Leal/UOL

    Empadinha de camarão de Adriana (14/11/2012)

Rendimento

Um empadão, 100 empadinhas pequenas ou 50 grandes (depende do tamanho da forminha)

Tempo de preparo

Leve ao forno de 20 a 30 minutos, até ficar moreninho

 

 

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