Regina Dourado é velada em Salvador; corpo será cremado neste domingo após missa

Luiz Francisco

Do UOL, em Salvador

O corpo de Regina Dourado, 59, começou a ser velado no final da tarde deste sábado (27) no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador. A atriz morreu na manhã de hoje, depois de uma semana internada, “em decorrência da evolução de um tumor maligno na mama”, de acordo com a assessoria de imprensa do Hospital Português. A atriz lutava contra um câncer desde 2003.

Logo que os familiares anunciaram que o corpo da atriz seria velado e cremado no Jardim da Saudade, dezenas de fãs se dirigiram para o cemitério. “Com seu talento e irreverência, Regina Dourado ajudou a projetar a cultura da Bahia em outros estados e países através das novelas e do teatro”, disse a artista plástica Regina Martinez Ferreira, 36.

Irmão da atriz, o músico e fotógrafo Oscar Dourado foi um dos primeiros familiares a chegar ao cemitério. “Desde que ela foi internada, a gente sabia que a morte era uma questão de dias, talvez horas. Os médicos e funcionários do hospital fizeram tudo que estavam ao alcance da ciência, mas não tinha jeito. O câncer tomou conta do corpo de minha irmã.” Depois de abrir a cerimônia ao público, Oscar Dourado afirmou que, neste domingo, será celebrada uma missa às 15h e, às 16h30, o corpo de Regina Dourado será cremado. Somente familiares e amigos mais próximos vão acompanhar a cremação.

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    Apesar do sucesso, Regina Dourado afirmou que não tinha planos de seguir a carreira de atriz. Ela foi passar férias no Rio de Janeiro, fez um teste para o especial "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'água", dirigido por Walter Avancini em 1978, e acabou sendo contratada para trabalhar em sua primeira novela, "Pai Herói", de Janete Clair, em 1979

Em nota, a família agradeceu o empenho dos médicos e funcionários do Hospital Português durante o período em que a atriz ficou internada. Ainda na nota, os familiares informaram que Regina Dourado “será sempre lembrada pela presença vibrante, forte personalidade e pelo sorriso positivo e contagiante”.

Ex-secretário da Cultura do governo baiano e diretor de teatro, Márcio Meireles lamentou a morte da atriz. “Ela tinha uma presença incrível no palco e dominava a televisão. Sua morte deixa um grande vazio para nós que amamos a arte.” Também diretor de teatro, Paulo Dourado, irmão da atriz, disse que a marca que Regina Dourado deixa é a simplicidade. “No auge da carreira, quando era disputada por emissoras de televisão e diretores de teatro, minha irmã sempre agiu de forma simples. Ela nunca quis ser uma estrela porque sempre achou que a vida é muito efêmera.”

A doença

Atriz de teatro, cinema e TV, onde foi escalada para mais de 20 programas, Regina Dourado teve seu maior destaque na novela “Explode Coração" (1995), de Glória Perez. Na trama da Globo, ela interpretava Lucineide, que ficou famosa por criar o bordão "stop, Salgadinho", usado quando falava com o marido, interpretado por Rogério Cardoso.

Regina Dourado deu entrada no Hospital Português no último sábado (20), depois de passar mal em casa. Ao chegar à unidade, os médicos decidiram, em comum acordo com os familiares, suspender a quimioterapia. “Não adiantava mais tanto sofrimento. Nas últimas horas de vida, a única coisa que funcionava em minha irmã era o coração. Ela já não reconhecia mais ninguém, necessitava de oxigênio permanentemente e tinha muitas dificuldades para abrir os olhos”, disse Oscar Dourado.

A carreira

Nascida em Irecê (374 km de Salvador), em 22 de agosto de 1953, Regina Dourado começou cedo na carreira de atriz. Aos 15 anos, ela já estava atuava na Companhia Baiana de Comédia e praticava aulas de canto e dança. Dez anos mais tarde, a artista conseguiu seu primeiro papel na televisão, na série “A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água”, dirigida por Walter Avancini e exibida na Globo.
A estreia de Regina em novelas aconteceu em 1979 com “Pai Herói”, de Janete Clair, onde interpretava Nancí. Em seguida, ela conseguiu diversos papeis em novelas como “Cavalo Amarelo” (1980), “Pão Pão, Beijo Beijo” (1983) e “Roque Santeiro” (1985), além da já citada “Explode Coração".

Além das novelas, Regina também se destacou em minisséries e seriados, como “Lampião e Maria Bonita” (1982), “O Pagador de Promessas” (1988), “O Sorriso do Lagarto” (1991) e “Tereza Batista” (1992). Na Globo, o último trabalho da artista foi em "América", de Glória Perez, em 2005. Na sequência, a atriz foi para a Record, onde atuou nas novelas "Bicho do Mato" (2006) e "Caminhos do Coração" (2007).

O teatro tampouco foi esquecido por Regina, que trabalhou nas montagens de “Memórias de um Sargento de Milícias”, “Declaração de Amor Explícito”, “Rei Brasil 500 Anos, Uma Ópera Popular” e “Tratado Geral da Fofoca”. No cinema, a atriz estreou com uma pequena participação no filme “Amante Latino”, em 1979, e logo depois cantou na trilha de “O Encalhe - Sete Dias de Agonia” (1982). Seu primeiro grande papel na telona veio em 1984, quando trabalhou no filme “Baiano Fantasma”.

Em seguida, ela atuou em "Tigipió - Uma Questão de Amor e Honra" (1986), "Corpo em Delito" (1990), "Corisco & Dada" (1996) e "No Coração dos Deuses" (1999). Seu último longa foi “Espelho d'Água - Uma Viagem no Rio São Francisco”, em 2004. De acordo com familiares, a última atuação de Regina Dourado aconteceu em abril deste ano, na Concha Acústica do TCA (Teatro Castro Alves), em Salvador, quando participou do espetáculo “Paixão de Cristo”.

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