Produtora de "CSI" acredita que série mostra como a profissão de criminalista deveria ser

Mário Barra

Do UOL, em São Paulo

Assistida por 63 milhões de pessoas no mundo, a série "CSI" chega à 13ª temporada no Brasil no dia 22 de outubro para elevar novamente o fascínio por mistério e ciência entre os fãs.

Mas para a produtora Liz Devine, o maior trunfo da atração transmitida pelo canal de TV a cabo Sony, está na descrição do trabalho de um criminalista, por vezes mais fiel do que a própria realidade. "Há coisas no programa que os profissionais de verdade deveriam fazer", diz a norte-americana em entrevista ao UOL.

Um exemplo está na condução de provas coletadas nas cenas dos crimes para serem analisadas por uma parafernália de tecnologias.

"Quando eu trabalhava como criminalista em Los Angeles, era comum sempre levar o material para ser analisado em laboratório, igual como acontece na série", afirma. "Mesmo sendo algo feito para TV, as histórias mostram como um investigador deveria agir. E nem é assim, até mesmo aqui nos EUA."

Mas Liz não pretende retratar os episódios como se fossem manuais da profissão. A preocupação em deixar uma série de TV mais interessante para os fãs da série faz a produção de "CSI" eliminar práticas entediantes do cotidiano de criminalistas como preencher relatórios ou esperar até dias por laudos de necropsias ou resultados de exames.

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Para a produtora, que também escreve roteiros e serve como uma das consultoras da série, não se trata apenas de esconder o que é chato, mas também guiar o espectador entre as nomenclaturas e reviravoltas que envolvem um crime hediondo. “Existe um lema nosso que diz: ‘não fale, mostre’. Quer dizer que nós devemos evitar as explicações longas e focar em colocar na tela aquilo que quem assiste precisa saber.”

Desafios
Liz não esconde sua preferência por imagens para realizar a tarefa de esclarecer a trama e descarta as frases de professor quando os personagens precisam usar lógica e ciência para explicar um crime. “Nem sempre quando as pessoas vêem um homem falando difícil com óculos de aro grosso na cara elas acreditam que aquela pessoa é inteligente”, brinca.

O tempo escasso da televisão também é outra barreira a ser vencida na hora de escrever cada episódio. “É o meu principal desafio aqui, algo que eu não estava acostumada a fazer, contar uma história com lógica, fácil de ser entendida e com apenas uma hora.”

Como o tempo é curto e precioso, Liz explica como as mentes por trás de "CSI" preferem trazer o telespectador para dentro da investigação, mesmo nas horas em que o legista começa a “falar grego” ao explicar o que aconteceu a uma vítima. “Talvez a pessoa não entenda o que o especialista disse na hora, mas em seguida a gente vai colocar a câmera dentro do corpo e mostrar exatamente sobre o que estava sendo explicado.”

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Nova temporada
Ao chegar às telas brasileiras, a nova temporada da série vai retomar o caso do desaparecimento da neta do personagem D.B Russell. Interpretado pelo ator Ted Danson, o detetive sairá em busca do paradeiro da menina. Segundo Liz, os fãs podem esperar muitas revelações no decorrer dos novos episódios, que terão até mesmo um cão pastor alemão ganhando destaque.

"O nosso objetivo é começar a explicar os mistérios das temporadas passadas", diz a nrote-americana de 51 anos, a maior parte deles voltados ao universo forense. Formada como criminalista em meados da década de 1980, ela colabora há 13 anos colaborando com a serie e chegou a trabalhar entre 2004 e 2007 para o “CSI: Miami”. Liz retornou ao núcleo baseado em Las Vegas durante a décima temporada.

Nem sempre quando as pessoas vêem um homem falando difícil com óculos de aro grosso na cara elas acreditam que aquela pessoa é inteligente

Liz Devine, criminalista e produtora da série de TV norte-americana "CSI"

A longevidade da produtora tem a ver com a admiração que sente pelo carinho dos fãs de "CSI", responsáveis por cinco vitórias da série no International Television Audience Award, premiação que elege a série mais assistida no mundo. “O Anthony Zulker [criador do programa] conseguiu trazer algo inédito para a TV”, diz.

Ela consegue até mesmo apontar onde as séries de detetive anteriores falharam. “Até ‘CSI’ ser criado, os seriados mostravam apenas o falatório dos investigadores”, diz a produtora, relembrando o papel dos cenários e efeitos especiais para enriquecer os relatos dos personagens.

Liz não demonstra medo sobre a possibilidade de um dia a preferência por séries de crimes terminar. Ao citar a literatura policial e os thrillers do cinemas do passado, a norte-americana reforça sua crença no gosto dos humanos por um bom mistério. “Pode não ser ‘CSI’ no futuro, mas certamente haverá alguma atração que vai despertar a curiosidade das pessoas."

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