Cheias de Charme

"Cheias de Charme" retrata meio musical, revela artistas e deixa legado de hits; veja participações

Thays Almendra

Do UOL, em São Paulo

  • Manuela Scarpa/Photo Rio News

    Com roupa de fibra ótica, Gaby Amarantos dividiu palco de evento da Globo com a atriz Cláudia Abreu

    Com roupa de fibra ótica, Gaby Amarantos dividiu palco de evento da Globo com a atriz Cláudia Abreu

Com cerca de 20 participações musicais até o momento, a novela “Cheias de Charme” termina nesta sexta-feira (28) deixando um legado de hits, amadrinhando cantores brasileiros e unindo a realidade do mundo da música à ficção. Gaby Amarantos, Arthur Danni e a dupla João Neto e Frederico são as provas de que músicas chicletes e irreverência artística ditaram “moda” na trama. 

Stefhany Absoluta

  • Stefhany Absoluta participou da trama no prêmio “Do Ré Mi”, que foi ao ar nos últimos capítulos. Segundo a cantora, seus fãs queriam muito que ela fizesse uma ponta como atriz em “Cheias de Charme”. “Eu esperava e estava ansiosa porque a novela tem tudo a ver comigo. Tem inúmeras semelhanças com a minha história desde o vídeo das empreguetes que caiu na rede, também a Rosário que tem um Cross Fox amarelo, as roupas e o jeito de Chayene”.

“Ex Mai Love”, tema de abertura do folhetim e interpretado por Gaby Amarantos, está em 25ª lugar entre as 100 músicas mais tocadas nas rádios do Brasil, segundo o site Hot100Brasil. O hit figura a lista há mais de quatro meses e já ficou entre os cinco primeiros colocados. A cantora foi vencedora dos prêmios Multishow (na categoria Novo Hit, com “Ex Mai Love”), VMB (Artista do Ano, Melhor Artista Feminino e Melhor Capa) e indicada ao Grammy Latino.

Segundo os autores da novela, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, o sucesso e a escolha de Gaby Amarantos como representante da trama foi de responsabilidade do consultor musical e antropológico Hermano Vianna por ter tido acesso ao disco da cantora antes do lançamento. “A escolha da cantora se deve ao fato de Gaby ser a cara do fenômeno que a gente ia retratar na trama: uma artista da periferia, vinda dos novos meios de produção cultural”.

Assim como Gaby, João Neto e Frederico tiveram seu hit “Lê Lê Lê” disseminado nacionalmente por conta da trama. De acordo com João Neto, a música já era sucesso antes da novela por causa de um vídeo que eles colocaram no YouTube. “Quatro meses depois que fizemos a música, a novela ia começar e nos ligaram perguntando se tínhamos interesse em colocar o hit na trama. Quando foi ao ar, foi um tiro certeiro e pegou de vez. Foi instantâneo. Quem vê ‘Cheias de Charme’ lembra da música”, explica.

Participações de cantores

Ao mesmo tempo em que os hits “bombaram” na trama, os autores decidiram convidar artistas reais para cantar (veja o álbum acima) com os cantores fictícios – as Empreguetes (trio formado por Taís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond), Chayene (Claudia Abreu) e Fabian (Ricardo Tozzi) – para “dar credibilidade” a “Cheias de Charme”. “Era mais uma faceta da nossa brincadeira no limite entre realidade e ficção, da qual fizeram parte também a ação transmídia, o périplo dos personagens pelos programas de TV existentes, etc. Todos os nomes convidados foram pensados em função das necessidades da trama e aceitaram participar da novela”.

ARTHUR DANNI

  • Com a música “Se Você Me Der” o cantor sertanejo brega Fabian (Ricardo Tozzi) se tornou o ídolo das empregadas. Mas o forró eletrônico ficou conhecido na voz de outro cantor, o estreante Arthur Danni, de apenas 15 anos.

    Descoberto pela produção do programa “Domingão do Faustão”, o adolescente mineiro acaba de gravar seu primeiro disco trazendo outras 12 músicas além de “Se Você Me Der”.

    A música é de autoria de Sérgio Saraceni, irmão de Denise Saraceni, diretora de “Cheias de Charme”.”Estou gostando muito da novela, não só porque tem a minha música não. É uma novela bem voltada para a música, é engraçada. A história do Fabian é muito legal, acho que ele representa bem os cantores sertanejos", disse o garoto

Cantando junto com as “Empreguetes” Rosário, Penha e Cida, João Neto e Frederico se transformaram em atores e embarcaram em um show. “Foi uma apresentação sem plateia, não escutávamos um ‘piu’ dentro do estúdio. Fizemos a cena duas vezes, passaram a ideia e a gente fez, interpretamos. Todo mundo cantando a música, mas cadê a plateia?”, disse João Neto aos risos.  

“A boa surpresa é que os astros da nossa música se revelaram ótimos atores (nenhuma novidade em se tratando da Ivete), e fizeram suas cenas com a maior naturalidade e bom humor”, disse o autor Filipe Miguez.

Além dos shows, a trama retratou também os bastidores do mundo da música. Nas passadas de perna de Chayene nas Empreguetes, a vontade louca de Socorro (Titina Medeiros) em virar diva da música dando 'chá de ferra-goela para' a piauiense e as falcatruas dos empresários mostraram uma faceta diferente do glamour visto nos palcos.

De acordo com João Neto, isso acontece na vida real. “’Cheias de Charme’ retrata com humor os bastidores do meio artístico. Se falarmos que não [existe falcatruas], estaremos mentindo. Existe essa competição. Na novela é mais pesado, mas em todo meio [de trabalho] tem. É inevitável”.

A volta do charme de Guilherme Arantes

  • A música de Guilherme Arantes entrou na trama como embalo do romance de Inácio e Rosário

Em 1985, a música “Cheia de Charme” de Guilherme Arantes marcava uma época e fazia sucesso entre os brasileiros. De acordo com o cantor, a letra e o que seu hit significou para a época pode ter dado origem ao nome da trama das sete. “’Cheias de Charme’ é uma novela popular. Eles deram esse nome talvez em referência a música popular e a minha música que marcou época nos anos 80”.

Na trama, a música de Arantes é tema romântico de Inácio e Rosário e alguns personagens como Socorro andam cantarolando o refrão. O músico disse que não foi convidado para participar de nenhum capítulo da trama, mas festeja o ganho em direitos autorais. Além de dizer que é “muito bom ser relembrado por um trabalho”. “Quando tem alguma coisa a ver com a música da gente é muito. É uma novela alegre e engraçada, sem grosseria”. E acrescenta: “E o mais legal é o destaque das músicas populares nacionais, unindo a ficção com a realidade, dando abertura para a nossa própria cultura”.

Para ele, “Cheias de Charme” não é uma novela “brega” por retratar a música que faz sucesso na atualidade. “O mundo é popularesco. O Brasil é muito chique na diversidade, na riqueza. Tem os costumes populares. O Brasil passa por um momento das baladas e da festa . Como os anos 70 foram anos muito carregados e o Brasil muito negativo por conta do período militar, agora só é festa. Temos que parar de nos criticar. Gaby Amarantos é excelente, não ficamos parados no tempo. É fascinante isso que temos e o que a novela fez”.

“O Brasil é brega, é chique, é muito rico em termos de cultura. Mas o brega traduz muito a alma brasileira. Os autores de ‘Cheias de Charme’ acham o brega lindo”, finalizam Filipe Miguez e Izabel de Oliveira.

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