Cenografia de "A Grande Família" é inspirada no subúrbio do Rio e tem estilo vintage; conheça

Luana Borges

Do Pop Tevê

 Nem sempre uma boa história é o único fator que faz uma produção se destacar na tevê. A identidade visual de um programa tem a sua importância. É através dela que o público reconhece rapidamente ao que está assistindo e pode criar laços ainda mais fortes com o produto.

Há 11 anos no ar, "A Grande Família" se sustenta com tramas engraçadas e leves. Mas também carrega durante todo esse tempo um padrão estético bem característico. "A inspiração vem da compreensão de que no subúrbio carioca tudo é um pouco mais vintage. E a gente tenta manter a nobreza de uma hereditariedade em cada objeto que se coloca no cenário, para dar a ideia de que é uma junção de coisas que vêm com a família há algum tempo", explica a produtora de arte Alda Gonçalves, que trabalha em parceria com a cenógrafa Fumi Hashimoto.

 O trabalho da dupla precisa ser minucioso. Ainda mais quando se está diante de algo já estabelecido. Como é o caso das duas, que entraram no lugar do produtor de arte Guga Feijó e da cenógrafa Luciane Nicolino há relativamente pouco tempo – Alda chegou no programa em outubro de 2011 e Fumi, há dois anos. "Ir no estúdio com o cenário montado, me causou um impacto muito grande porque é o mais realista com o qual gravei", surpreende-se Alda, que já havia trabalhado em "Malhação" durante oito anos e meio e compreende a dificuldade de substituir alguém que ocupava um posto há muito tempo. "Você tem de se inserir no contexto. Leva um tempo para entrar na característica geral de um personagem e entender o cenário", completa. Mas o olhar de quem está de fora também pode ser uma vantagem.

Fumi, que ajudou na implantação inicial do cenário ao lado de Luciane, gosta de avaliar o que deu certo e o que não deu ao longo dos anos para trazer novas ideias. "A gente conseguiu fazer algumas mudanças na casa que resultaram em uma fotografia melhor, em termos de possibilidades de enquadramento e iluminação", conta.

  • Marieta Severo e Guta Stresser em gravação da 12ª temporada de "A Grande Família"

Como houve uma passagem de tempo de quatro anos da última temporada para a atual, o cenário ganhou algumas novidades. Entre elas, a área externa da casa, onde Agostinho, de Pedro Cardoso, construiu uma piscina no período em que Lineu, de Marco Nanini, esteve em coma. Dentro da sala, o sofá mudou de lado, o que ajudou na logística das gravações. "Temos uma profundidade tão grande e, às vezes, não aproveitamos ela. Acho que deu para fazer isso", constata Fumi. Mas a grande dificuldade é justamente não realizar alterações bruscas em um ambiente que já agrada tanto as pessoas. "No começo, promovemos algumas mudanças, mas vimos que era melhor manter mais próximo do original. Aqui, tenho de mudar para não mudar", brinca Alda. O que também ganhou outros ares foi o cantinho de costura de Nenê, vivida por Marieta Severo, que está trabalhando bem mais como costureira. Por isso, o ateliê ficou um pouco maior. "Além disso, a cozinha é um pouco mais prática, menos rococó que antes", pontua.

 A cidade cenográfica, por sua vez, ficou mais urbana e colorida. Agora, existe uma comunidade e um viaduto. "Inserimos digitalmente o trem e a Igreja da Penha. Procuramos dar uma arejada. Como nós não saímos, trazemos a cidade para cá com essas inclusões", ressalta Fumi, que teve cerca de um mês para idealizar o projeto e mais dois para realizar a construção. Ao lado de Alda, a cenógrafa visita as instalações de "A Grande Família" sempre que tem gravação. "Tem montagem de coisas novas que acontecem no estúdio ou na cidade cenográfica e temos de fazer algumas modificações", justifica.

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