"Sofri muito bullying", diz atriz que tem nome de sobremesa láctea
Carla Neves
Do UOL, no Rio
-
André Durão/UOL
Chandelly Braz é a Brunessa de "Cheias de Charme" (1/8/2012)
Quando o bullying ainda não dominava a mídia e os noticiários, a atriz Chandelly Braz – que interpreta a periguete Brunessa em “Cheias de Charme” – já conhecia bem o significado do termo. Chandelly já se sentiu ridicularizada por causa de seu nome, bem parecido com o da sobremesa láctea Chandelle, quando era estudante. “Era um inferno na escola. Na época não existia esse nome bullying. Mas sofri muito bullying [risos]. Não gostava de mudar de escola porque tinha que passar por aquele processo de me apresentar. E até os coleguinhas se acostumarem que meu nome era Chandelly...”, contou a atriz, de 27 anos, durante entrevista exclusiva ao UOL na praia do Arpoador, na zona sul do Rio.
“Tinham todas aquelas piadas: ‘agora não posso, estou comendo meu Chandelly’. Nossa, sofri muito. Esse trauma só foi passando depois que fiquei adulta. Mas até a adolescência não gostava de fazer novas amizades por causa disso”, lembrou.
Nos primeiros dias, uma maquiadora estava me maquiando e ela não me conhecia. E perguntou qual era a minha personagem. Aí falei que era a Brunessa, uma periguete. Aí ela falou: ‘mas você vai fazer uma periguete? Nossa, não tem nada a ver com você’. Aí falei: ‘deixa eu colocar o figurino para você ver’. Fiz maquiagem, coloquei o figurino e quando voltei montada ela não acreditou
Criada em Ipojuca, cidade que fica a 60 km de Recife (PE), Chandelly, que é irmã de Rondineli, Naraiana e João Davi, contou que seu nome foi escolhido por seu pai. “Todo mundo faz associação com a sobremesa, porque é bem antiga. Mas nasci em 85, um ano antes de a Nestlé lançar o Chandelle no Brasil. Quem me deu esse nome foi meu pai. Ele achou em uma lista de nomes de bebê. E aí aconteceu isso de eu me chamar Chandelly. Não foi porque minha mãe teve desejo de comer a sobremesa [risos]”, brincou.
A atriz afirmou que chegou a mandar um e-mail para a marca de laticínios para saber o porquê do nome da sobremesa. “Aí eles me ligaram e disseram que não tinha um porquê do nome. Na verdade, eles quiseram criar uma linha de produtos que tivesse o prefixo chan. Aí fizeram Chandelle, Chambinho, Chamyto e outros...”, disse.
Em sua primeira novela na Globo, Chandelly contou que não tem nada a ver com Brunessa. A atriz afirmou que a diferença é tanta que até mesmo a equipe da novela estranha o fato de ela interpretar uma periguete. “Nos primeiros dias, uma maquiadora estava me maquiando e ela não me conhecia. E perguntou qual era a minha personagem. Aí falei que era a Brunessa, uma periguete. Aí ela falou: ‘mas você vai fazer uma periguete? Nossa, não tem nada a ver com você’. Aí falei: ‘deixa eu colocar o figurino para você ver’. Fiz maquiagem, coloquei o figurino e quando voltei montada ela não acreditou”, lembrou, aos risos.
A atriz também comentou a ótima repercussão da personagem e confessou que ainda se assusta com a fama. “Essa coisa de as pessoas falarem com você na rua é bom. Mas essa coisa de paparazzi me deixa meio assustada. É uma perda de privacidade muito grande. Isso é o tipo de coisa que me incomoda, mas também não sou neurótica. Você tem que saber lidar de uma maneira equilibrada, não dá para surtar”, opinou.
Leia a entrevista com a atriz:
UOL- Como você chegou à novela “Cheias de Charme”?
A Bruna Bueno, que é produtora de elenco da Globo, conhecia meu trabalho de “Clandestinos”, da peça e da série. Foi ela que me chamou para fazer o teste. O primeiro não foi para uma personagem específica, foi só para me conhecerem mesmo. O segundo já foi para a Brunessa.
Qual foi a sua primeira impressão ao saber sobre a Brunessa?
Quando li na sinopse quem seria a personagem fiquei animada. Pensei: ‘é uma personagem que tem a possibilidade de agradar o público’. Porque ela é muito popular e o público se identifica. Mas no começo a história da Brunessa estava muito vinculada a ela atrapalhar o relacionamento da Cida [Isabelle Drummond] com o Rodinei [Jayme Matarazzo]. Então, no começo, as pessoas sentiam muita raiva dela. Porque o público ama a Cida, que é a mocinha. E aí vem uma periguete que chega e atrapalha a vida dela. Então no começo era só esse lado da Brunessa que era mostrado. Era como se fosse a função dela ali na novela fosse atrapalhar aquele casal.
Mas depois mudou. Ela perdeu o bebê...
Depois que o Rodinei saiu do páreo e que a Cida se apaixonou pelo Conrado [Jonatas Faro] e perdi o bebê, tive oportunidade de mostrar um outro lado da Brunessa e foi aí que tudo começou a ir para um outro caminho. Porque saiu dessa história só de estar ali provocando a Cida e mostrou um lado mais humano dela. A Brunessa ter perdido o bebê foi ótimo.
Aí ela foi trabalhar na casa dos Sarmento, começou a vender roupas...
Também teve essa coisa de ela querer trabalhar na Galerie e não conseguir. O público se comove e compra o sofrimento daquela menina, que quer tanto. Pude mostrar um outro lado da Brunessa e foi a oportunidade de estar envolvida em outra trama. Ela passou a ter outros conflitos. Foi ótimo.
A Brunessa é uma periguete e, como tal, usa roupas justas e decotadas. Como tem sido explorar a sua sensualidade? Você se acha sensual?
Na verdade, não é que não me ache sensual. Todo mundo tem uma sensualidade e também tenho, mas a Brunessa é “a sensualidade” [risos]. E ela se acha essa mulher poderosa, incrível. E tem que achar mesmo. É divertidíssimo. É muito bom fazer uma personagem que não tem a ver com você, experimentar outros lugares.
E ela é muito diferente de você?
Muito! É engraçado porque no começo as pessoas não me conheciam lá na Globo e quando me viam já me viam pronta, com aquela roupa de periguete. Quando tirava, falavam: ‘caraca, como é diferente!’. Nos primeiros dias, uma maquiadora estava me maquiando e ela não me conhecia. E perguntou qual era a minha personagem. Aí falei que era a Brunessa, uma periguete. Aí ela falou: ‘mas você vai fazer uma periguete? Nossa, não tem nada a ver com você’. Aí falei: ‘deixa eu colocar o figurino para você ver’. Fiz maquiagem, coloquei o figurino e quando voltei montada ela não acreditou. A Isabelle [Drummond] também fala muito: ‘Chandelly, seu estilo é muito diferente’. Mas é muito bom. Não teria graça nenhuma se a gente ficasse fazendo personagem parecido com a gente o tempo todo. É bom se transformar em outras pessoas.
A Brunessa exibe as formas o tempo inteiro. Você fez algo para preparar o corpo?
A direção da novela me pediu para malhar, para ficar mais fortinha, mais encorpada. E me preocupei com isso também porque é a minha imagem que está ali, é uma superexposição. Você quer estar bem e tal. Enfim, comecei a malhar por causa da novela.
E como está sendo a repercussão da Brunessa?
No comecinho, as pessoas não associavam. Porque a Brunessa e eu somos muito diferentes e tal. Agora, com essa coisa de a personagem estar aparecendo mais, as pessoas já reconhecem na rua. Elas repetem o bordão ‘cabelos ao vento, fui!’, que ela fala. As pessoas têm gostado muito. Aqui no Rio elas estão mais acostumadas. Mas passei uma semana em Brasília, no Festival de Teatro, e teve um dia em que fui ao show da Gaby Amarantos. Nossa! Acho que nunca tirei tanta foto na minha vida. Fora do Rio as pessoas não estão acostumadas a encontrar. Estou tendo um feedback muito positivo. Estava passando na rua outro dia e escutei um cara falando: ‘olha, é a menina da novela, das empreguetes. Magrinha ela!’ [risos]. Muita gente fala isso: ‘nossa, você é pequenininha, né?’. Teve um cara que me gritou: ‘ei, Suelen!’. É tudo periguete, então colocam tudo no mesmo barco. Teve um dia que colocaram no meu Twitter [chandellybraz]: ‘minha filha de seis anos ama você, diz que quer ser igual a Brunessa quando crescer’. Aí falei: ‘ai, meu Deus. Ela tem muito tempo para mudar de ideia. Não deixa isso não’.
Você fica assustada com essa repercussão?
Essa coisa de as pessoas falarem com você na rua é bom. Mas essa coisa de paparazzi me deixa meio assustada. É uma perda de privacidade muito grande. Esses dias fui à praia com um amigo e – como nunca tinha acontecido comigo e achava que não ia acontecer – trinta minutos depois tinha uma foto da gente em um site de celebridades. Isso é o tipo de coisa que me incomoda, mas também não sou neurótica. Continuo fazendo as minhas coisas do jeito que sempre fiz. Não deixo de ir aos lugares porque pode ser que alguém me fotografe na rua. E sou uma pessoa muito reservada também. Se você quer trabalhar na televisão tem esse lado. É o preço que você tem que pagar. Você tem que saber lidar de uma maneira equilibrada, não dá para surtar.