Série "The Newsroom" da HBO estreia no segundo semestre no Brasil

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

  • Divulgação

    Jeff Daniels em cena de "The Newsroom"

    Jeff Daniels em cena de "The Newsroom"

A série "The Newsroom", cujo episódio de estreia foi ao ar no último domingo (24) nos EUA, irá estrear no segundo semestre no Brasil. "The Newsroom" foi criada por Aaron Sorkin, de "A Rede Social" e "O Homem que Mudou o Jogo".

Aaron Sorkin tem uma atração clara pelo mundo da TV, começando em 1998 com a série Sports Night e continuando em 2006 com a infelizmemente curta "Studio 60 on the Sunset Strip". Agora ele volta a esse universo com a nova série da HBO, "The Newsroom" (que segue por mais nove episódios)  e o foco, desta vez, é o universo frenético e muitas vezes absurdo do telejornalismo.

Numa referencia intencional e muito clara a um dos filmes favoritos de Sorkin, "Rede de Intrigas", a trama  de "The Newsroom" é deslanchada pela implosão muito pública de Will McAvoy (Jeff Daniels), o  âncora do mais prestigioso telejornal de uma rede só de notícias. Num debate com universitários, ladeado por representantes dos partidos democrata e republicano, McAvoy tem uma espécie de surto ideológico e emocional quando uma estudante sorridente lhe pergunta "o que faz dos Estados Unidos o melhor país do mundo?" A resposta é uma longa lista de motivos pelos quais os Estados Unidos  NÃO são o melhor país do mundo, com tanta paixão e fúria que o chefe de McAvoy (Sam Waterston) manda-o imediatamente para umas férias - e, na sua ausência, reformata todo o jornal, começando pela contratação de uma nova produtora executiva, a veterana correspondente internacional Mackenzie MacHale (Emily Mortimer).

A diferença entre "The Newsroom" e "Rede de Intrigas" é que, na série de HBO, a guinada radical do âncora é premiada e não punida: seu novo programa, reformatado com a equipe liderada por Mackenzie, é o sonho dourado de qualquer jornalista que se preze, um fórum de altíssima qualidade onde as grandes questões do dia são noticiadas e analisadas com comentários e entrevistas pertinentes, livres de pressões de políticos e anunciantes (para tornar a trama ainda mais suculenta, Sorkin colocou o piloto de "The Newsroom" em 2010, dando oportunidade à equipe de MacAvoy de cobrir a explosão da plataforma de petróleo no Golfo do México e o atentado em Tucson que vitimou a deputada federal Gabrielle Giffords.

E aí está o principal ponto dissonante da série. Sorkin equipa seus personagens com doses previsíveis de falhas para torná-los mais humanos – o mau humor crônico de McAvoy, as inseguranças de Mackenzie, a jovem repórter trapalhona, o pesquisador obcecado com Bigfoot – mas não é o bastante para torná-los cem por cento plausíveis. Depois de pouco tempo todos parecem deuses descidos do Olimpo do jornalismo carregando o fogo divino da imparcialidade, onisciência (um repórter descobre o que realmente aconteceu no Golfo do México com dois telefonemas) e coragem diante do mar de lama da competição.

Mesmo assim, é um prazer acompanhar "The Newsroom". O diálogo fogo-rápido de Sorkin está mais afiado do que nunca,  o elenco é da maior qualidade e o diretor Greg Mottola ("Superbad", "Adventureland") dirige com extraordinária elegância, posicionando suas câmeras como testemunhas silenciosas da história sendo feita a muitos quilômetros por hora. Recomendo especialmente, além do piloto, o episódio número 4, "I'll Fix You", onde a série começa realmente a achar seu equilíbrio entre o ideal e o possível, o heróico e o humano.
 

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