"Charlie Sheen Roast" tem piadas polêmicas e alfinetada em antiga emissora
ANA MARIA BAHIANA
Especial para o UOL, de Los Angeles
Segunda feira foi uma noite e tanto para Charlie Sheen - enquanto , na CBS, "Two and a Half Men", a série que o transformou no ator mais bem pago da TV, ia ao ar sem ele, no canal a cabo Comedy Central ele era o alvo de piadas curtas e grossas atiradas por, entre outros, Mike Tyson, William Shatner e Kate Walsh; e, na vida real, a Warner TV, produtora de "Two and a Half Men", chegava a um acordo com ele, concordando em pagar-lhe 25 milhões de dólares como compensação pelas perdas sofridas depois de ter sido demitido do show, no início do ano.
Na verdade, o "Charlie Sheen Roast" do Comedy Central –gravado ao vivo uma semana atrás nos estúdios da Sony-- torrou menos a pele de sua “vítima” e mais a dos próprios companheiros de gozação, que pareciam mais preocupados em ofender-se uns aos outros do que agulhar o “rockstar de Marte”.
Levando a extremos uma antiga tradição do teatro novaiorquino –onde companheiros de elenco e de copo escolhiam um alvo para uma noite de gozações a portas fechadas– a série de Roasts do Comedy Central tem-se tornado rituais públicos de flagelação de celebridades --de Dennis Leary a Donald Trump-- e campos (minados) de treinamento para comediantes e aspirantes a comediantes.
O Roast de Charlie Sheen não foi exceção. Num cenário que imitava uma espécie de Olimpo super plástico, com Slash fazendo as honras da abertura e Seth McFarlane (criador de Family Guy) como mestre de cerimônias, os comediantes Steve O (de Jackass), Jeff Ross (fantasiado de Gaddaffi), Jon lovitz, Amy Shumer, Patrice O’Neal e Anthony Jeselnik –mais Shatner, Tyson e Walsh-- passaram mais tempo fazendo alusões mútuas aos respectivos órgãos e hábitos sexuais do que tentando fazer graça às custas de Sheen. Estariam com medo do “sangue de tigre”?
No fim das contas, as pegadas mais pesadas vieram de quem menos se esperava --a elegantíssima Walsh que, incorporando uma “doutora” como as que encarna nas séries "Grey’s Anatomy" e "Private Practice", diagnosticou Sheen: “É impressionante como você, arriscando perder fígado, pulmões e rins, perdeu apenas a custódia de suas filhas”; Mike Tyson, visivelmente nervoso, que mandou “essa coisa de abusar drogas e dar porrada em mulher... Se você fosse preto estava atrás das grades”; e Shatner, que lembrou a Sheen que “teve um outro cara que gostava de putas e andava cercado de um bando de amigos. Ele também foi crucificado pelos judeus mas as pessoas adoram o cara até hoje!”
Depois de ouvir tudo isso e muito mais, Sheen deu o troco com bom humor –“minha família me apoia. Eles não estão aqui porque não suportam me ver num canalzinho a cabo”– e lembrou a todos que, na verdade, já tinha ganho a batalha com seus ex-chefes: “Eu tive tudo no mundo e perdi tudo porque fiz o que todo mundo aqui quer fazer um dia: mandar seu chefe se foder. E ainda estou aqui pra contar a história!”