No ar em "Insensato Coração", Louise Cardoso conta como criou a personagem Sueli

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  • Luiza Dantas/CZN

    A atriz Louise Cardoso (16/2/2011)

    A atriz Louise Cardoso (16/2/2011)

Na novela "Insensato Coração", Louise Cardoso dá vida a Sueli, personagem trágica, mas que ainda assim tem enorme alegria. "Ela é trabalhadora, honesta, bem 'Dona Xepa'. O Gilberto Braga me passou, além desta referência, outras imagens para compô-la, mas acima de tudo ela é positiva e encara a vida de forma realista, mas ao mesmo tempo esperançoso", destaca a atriz que teve o papel inspirado na também atriz Norma Sueli, famosa nos anos 70.

  • João Miguel Júnior/TV Globo

    As atrizes Paloma Bernardi (à esq.), Louise Cardoso (ao centro) e Camila Pitanga (à dir.) de "Insensato Coração" (2011)

Na trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, a personagem de Louise é funcionária de um quiosque na orla de Copabacana, no Rio de Janeiro. Para retratar com veracidade a vida das atendentes, a atriz conta que fez questão de ver a rotina das vendedoras e observar suas características. "Percebi que muitas tinham bermudinha, uniforme, e outra coisa, comecei de salto, mas mudamos para tênis, pois como elas servem e correm, tem de ser de tênis, elas podem virar o pé", conta aos risos.

A reviravolta na vida da personagem de Louise acontece quando ela se torna dona do quiosque em que trabalha. Para celebrar o novo momento, ela compra uma bandeira com as cores do arco-íris, símbolo do universo gay, para dar uma alegrada no estabelecimento e sem querer, o local vira ponto de encontro de homossexuais e simpatizantes, e se torna famoso. "A minha personagem fica amiga dos gays, apoia o filho quando ele fala que é homossexual, vai comprar a causa e ser uma defensora deles. Tem marketing social sim", garante.

Abordar temas delicados nunca foi um problema para a atriz. Com mais de 30 anos de carreira, ela já viveu Gilda, uma prostituta na novela "Deus Nos Acuda", da Globo. "Chegávamos para gravar no cais do Porto de Santos e as prostitutas locais ficaram indignadas porque eu estava vestida com roupa provocante, mas morrendo de frio porque eram duas da manhã e eu estava fazendo o papel delas. Elas não gostavam, me reconheceram e amarraram a cara para mim", lembra a atriz. Depois de um tempo, quando a personagem Gilda encabeçou a luta pelos direitos das garotas de programa, Louise Cardoso passou a receber diversas cartas destas garotas parabenizando o seu trabalho. "Fiquei sabendo que elas paravam a função às 18h45 para ver a novela e só voltavam às 19h50", revela.

A comédia é uma das principais vertentes no trabalho de Louise, mas ela garante que a porção dramática é bem atuante. Uma de suas personagens que mesclava estes dois lados era a corajosa Guiomar, da novela "Força de um Desejo", também da Globo. "Ela tinha sempre uma novidade. Eu nunca vi um papel assim. Ela se metia em tudo. Ela atuava em todos os cenários da novela, da casa do barão até a senzala", relembra.

Para Louise, a passagem pelo programa "TV Pirata" e o filme "Leila Diniz", de 1987 --em que ela viveu a atriz que dava o nome ao longa--, foram alguns dos pontos marcantes na própria carreira. Outro momento que a atriz guarda com carinho foi a participação na novela jovem "Malhação", em 2009. Ela garante que em nenhum momento achou que seria menos gratificante atuar no folhetim. "Na realidade, achava que não era a minha praia, não era a minha turma e que não tinha nada a ver comigo. Me enganei, foi uma delícia fazer", conta a atriz que vivia a divertida trambiqueira Filó.

Louise Cardoso não pensa em parar. "Certa vez falei que não faria mais novela. Foi um grande erro", conta ela, que fez diversas novelas em seguida. A razão para a frase foi porque ela queria se dedicar exclusivamente às minisséries. Hoje, no ar em "Insensato Coração", ela afirma só sentir falta de viver uma vilã, mas não como a personagem Daniela de "Cambalacho", que mesclava antagonismo e comédia. A personagem apanhava dos papéis de Débora Bloch, Regina Casé e até de Fernanda Montenegro. "Já fiz rendeira, prostituta, artista plástica, trambiqueira. Pois é, preciso fazer uma vilã", finaliza, entre risos.

(Por Gabriel Sobreira)

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