Séries britânicas vivem onda de nostalgia "conservadora"

Ramón Abrange

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    Os atores Hugh Bonneville e Elizabeth McGovern, na série britânica Downton Abbey (2010)

    Os atores Hugh Bonneville e Elizabeth McGovern, na série britânica Downton Abbey (2010)

Londres, 26 set (EFE).- O sucesso da série "Downton Abbey", com 10 milhões de fãs no Reino Unido, voltou a despertar a febre pelas famílias aristocráticas e seus leais serventes na televisão britânica.

Tendo estreado em 2010 no canal a cabo local "ITV", a série conta a vida da rica família Crawley e seus empregados no início do século 20. Passada no interior da luxuosa mansão Downton Abbey, ultrapassou todas as previsões de audiência e foi vendida para mais de 200 países.

A rede "BBC" também anuncia sua aposta nas séries de época com a nova temporada da produção "Parades End", que narra o período eduardiano baseado em uma obra de Ford Madox Ford. Com os atores Benedict Cumberbatch e Rebecca Hall, o seriado narra o triângulo amoroso entre um aristocrata inglês, sua bela e obstinada esposa e um jovem oficial no fim da Primeira Guerra Mundial.

Em meio a um momento glorioso para a televisão americana, com produções como "Mad Men" e "A Família Soprano", o Reino Unido voltou a recuperar seu orgulho nacional nas telas, voltando às suas raízes e contando uma história intrinsecamente britânica.

"Graças aos esforços dos produtores de Downton Abbey, o país pode mais uma vez reivindicar ser o berço dos melhores dramas de televisão do mundo", disse o crítico Neil Midgley ao jornal "Daily Telegraph".

Criada por Julian Fellowes, o roteirista do vencedor do Oscar "Assassinato em Gosford Park", a produção "Downton Abbey" estreou sua segunda temporada com 10 milhões de espectadores no domingo, quando recebeu quatro Emmys, dentre eles um para a atriz Maggie Smith.

A série narra a mudança na vida dos moradores da mansão dos Crawley quando o herdeiro morre no naufrágio do Titanic deixando sua família sem outros filhos homens, em um clima de constantes tensões e intrigas protagonizadas por senhores e criados.

Para o público britânico, as produções de época não são novidade na televisão. Na memória de toda uma geração estão os personagens da já clássica "Upstairs Downstairs" e de "Brideshead Revisited", a adaptação do romance de Evelyn Waugh.

Alguns sustentam que a novidade e o sucesso de "Downton Abbey" estão em não se tratar de uma adaptação, o que confere à história muito mais frescor e a seus roteiristas mais liberdade para incluir elementos como romances homossexuais, uma verdadeira novidade neste tipo de drama. De fato, os escritores da série foram bastante criticados pelas licenças históricas às quais vêm se permitindo.

Outras críticas questionam o sucesso da série justo no momento em que os conservadores voltaram ao poder depois de mais de uma década. A escritora Deborah Orr, por exemplo, se perguntava no jornal "The Guardian" "por que os 'Tories' querem que todos vivamos em Downton Abbey", em referência ao antigo partido conservador do Reino Unido.

O certo é que os conservadores gostam da série, e assim o reconheceram alguns membros do governo publicamente, além de concederem a Julian Fellowes o título de lorde no início do ano.

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