"Doctor Who" faz 50 anos: entenda a série em 11 passos

David Cuen

  • Oli Scarff/Getty Images

    Fãs posam em frente a poster comemorativo dos 50 anos da série "Doctor Who" em evento em Londres

    Fãs posam em frente a poster comemorativo dos 50 anos da série "Doctor Who" em evento em Londres

A série britânica de TV de ficção científica Doctor Who completa 50 anos neste sábado (23). A série da BBC é o programa do gênero transmitido há mais tempo e para mais países no mundo. No Brasil, ela é transmitida pelo canal BBC HD.

Para marcar a data, um episódio especial será transmitido neste sábado simultaneamente em 80 países.

O protagonista da série é o Doutor, um viajante no tempo e no espaço que pode se regenerar antes de morrer e mudar sua aparência física e sua personalidade, ainda que conservando sua história e suas lembranças.

Esse truque permitiu que desde 1963 tenham desfilado 11 doutores diferentes interpretados por 11 atores diferentes. E para aproveitar o número, a BBC Brasil apresenta aqui 11 chaves para que os novatos possam entender o fenômeno chamado Doctor Who.

1. Doutor Quem?
O Doutor é assim, sem nome nem sobrenome. Dessa maneira é como sempre vem se apresentando o enigmático viajante no tempo, um alienígena que, apesar de sua forma humana, pertence ao grupo dos Senhores do Tempo.
Seu nome verdadeiro jamais foi revelado. Ele se chama Doutor porque, em suas próprias palavras, para os Senhores do Tempo "o nome que você escolhe é como uma promessa que você faz".

O Doutor é um personagem que busca a justiça e "curar" o universo de seus males. Como ninguém sabe seu nome, a pergunta constante é:"Doutor quem?" (em inglês, "Doctor who?").

2. A TARDIS
Sua nave espacial - que também é uma máquina do tempo - se chama TARDIS, que é o acrônimo em inglês de Tempo e Dimensão Relativa no Espaço. Por fora, ela é uma cabine azul de polícia, semelhante às que existiam nas ruas da Grã-Bretanha nos anos 1960 (ela continha um telefone com o qual era possível se comunicar com a polícia), mas por dentro ela é muito mais do que isso.

Do lado de dentro, ela é uma nave espacial de bom tamanho. Uma frase recorrente na série quando alguém entra na TARDIS pela primeira vez é: "É maior por dentro".

A história diz que as naves dos viajantes no tempo assimilavam a forma de um objeto do lugar ao qual chegavam para não chamar a atenção. Mas a TARDIS do Doutor era defeituosa e ficou com a mesma forma ao aterrissar na Grã-Bretanha. Desde então, se tornou um ícone.

3. Os 11 doutores
Quando o ator que protagonizava o primeiro Doutor - William Hartnell - começou a ter problemas de saúde, em 1966, os produtores da série pensaram em uma forma de continuar o programa: o Doutor poderia se regenerar antes de morrer e mudar de rosto.

São 11 os atores que interpretaram o viajante, sendo que dois deles assumiram o papel pelos tempos mais longos. O quarto Doutor - Tom Baker, caracterizado por sua excentricidade e pelo cachecol colorido longo - ficou sete anos no papel, protagonizando 41 episódios diferentes.
O décimo Doutor - David Tenant, famoso por seu terno, por sua intensidade e pelos sapatos esportivos - manteve-se no papel durante cinco anos e 36 histórias diferentes.

Talvez por isso, os dois são sempre eleitos como os mais populares nas pesquisas entre os fãs.

4. Os acompanhantes
Cada Doutor teve acompanhantes que viajam com ele na TARDIS. Algumas vezes são mulheres, outras são homens.
Em geral o Doutor costuma ter um acompanhante, mas em mais de uma ocasião ele contou com dois, três ou mais assistentes.
No fundo, o papel dos acompanhantes é o de representar a audiência. São personagens com os quais é fácil se identificar, na maioria das vezes humanos deslumbrados como nós com as coisas que o Senhor do Tempo é capaz de fazer.

Além disso, eles servem de contrapeso para assegurar que o Doutor não faça nenhuma loucura e o resgataram em mais de uma ocasião.
Até hoje, mais de 35 atores e atrizes compartilharam o cenário com o Doutor. Entre os favoritos do público estão Sarah Jane Smith, acompanhante dos Doutores 3 e 4 interpretada por Elizabeth Sladen, e Rose Tyler, interpretada por Billie Piper, que viajou com os Doutores 9 e 10.

5. A era clássica
Hoje em dia a série Doctor Who tem fãs em várias partes do mundo, mas tudo começou em 1963 com William Hartnell, o primeiro Doutor, viajando no tempo e no espaço em preto e branco.
Nos primeiros anos, a série misturava episódios com fatos históricos com os de ficção científica. Mas logo a série se concentrou no futuro e no espaço.

Sete Doutores formam parte da série clássica, entre 1963 e 1989, quando ela parou de ser transmitida pela TV e continuou apenas em áudio, livros e revistas.

Desse período, 97 episódios, dos seis primeiros anos da série, estão desaparecidos, pois a BBC costumava destruir as fitas por não ter espaço para guardá-las e por sua relação com o sindicato de atores, que via com maus olhos a repetição dos episódios, considerada uma ameaça para o trabalho de seus associados.

Os episódios que foram recuperados são normalmente de TVs estrangeiras que compravam os episódios.

6. Os inimigos
"Exterminar!", é o grito de guerra dos mais poderosos inimigos do Doutor: os Dalek, seres mutantes que vivem em uma couraça de metal e vivem enfrentando o Doutor.

Eles são considerados uma das chaves do sucesso da série, apesar de que por pouco não apareceram nela.

Os produtores originais não gostavam da ideia de ter monstros robóticos quando leram o roteiro com sua primeira aparição. Entretanto, como não havia tempo para escrever outra história, tiveram que mantê-los. Os Daleks se converteram em um sucesso instantâneo.
Aos Daleks se somam os Cybermen, que são humanos dos quais foram retiradas as emoções para transformá-los em seres cibernéticos.
Outra menção honrosa na era moderna são os Weeping Angels, que são estátuas que só se movem quando ninguém as está vendo. São absolutamente aterrorizantes.

7. O filme
Em uma experiência, a BBC se aliou com a Universal e com a Fox para produzir um filme que estreou em 1996, para a alegria dos fãs que estavam havia sete anos sem Doctor Who. No filme, o sétimo Doutor se regenera no oitavo.
A trama não é nada do outro mundo, e o filme em geral é considerado "passável", mas o oitavo Doutor capturou a atenção do público com seu estilo.

O Doutor de Paul McGann somente teve essa aparição na tela, mas se converteu em um ícone da mitologia da série. Como surpresa para os fãs, protagonizou recentemente o mini episódio The Night of the Doctor, que antecede o especial de aniversário.

8. As histórias renegadas
Dois filmes e uma série animada formam parte da história do Doctor Who, mas não de sua mitologia.
Peter Cushing, famoso pelo seu papel como governador do Império Galático na série Guerra nas Estrelas, protagonizou doIs filmes nos anos 1960: Dr. Who and the Daleks (1965) e Daleks – Invasion Earth: 2150 A.D. (1966), baseadas no Doctor Who, mas com alterações importantes na história.

Uma série animada chamada Scream of Shalka foi anunciada em 2003, com o nono Doutor, sete anos após a última aparição do personagem, com o filme oficial.

Mas poucas semanas após seu lançamento, a BBC anunciou o retorno oficial de Doctor Who às telas de TV com o nono Doutor, fazendo com que os fãs descartassem o personagem animado com o nono Doutor.

9. A ressurreição
O anúncio da volta do Doutor foi a melhor notícia para os fãs. Em 2005, o Doctor Who voltou às telas de TV em sua nona encarnação, protagonizada por Christopher Eccleston.

Para justificar sua ausência e a falta de uma regeneração do oitavo Doutor, os escritores decidiram que teria havido uma "Guerra do Tempo" entre os Daleks e os Senhores do Tempo e que o Doutor teria acabado com a guerra e com as duas raças, deixando-o como o último Senhor do Tempo.

A série moderna já teve três Doutores, mais o décimo-primeiro Doutor, interpretado por Matt Smith, será regenerado em um especial de Natal para dar lugar ao décimo-segundo, protagonizado por Peter Capaldi.

Desde seu reinício, a série sempre obteve altos índices de audiência. Entre os mais de 600 episódios transmitidos, o de maior audiência na Grã-Bretanha foi City of Death, de 1979, com Tom Baker no papel principal e escrito por Douglas Adams (autor do clássico de ficção científica O Guia do Mochileiro das Galáxias). Mas de 16 milhões de britânicos, ou seja, mais de um a cada quatro pessoas no país, assistiram à transmissão do episódio.

10. O fenômeno global
A fama da série é tamanha que na atualidade o Doctor Who é um dos programas da BBC de mais sucesso no mundo, ao lado do automobilístico Top Gear. Ela é transmitida em dezenas de países.

Na Grã-Bretanha, a série é considerada cult, e seus fãs são conhecido como "Whovians". Por ser uma série acompanhada por várias gerações diferentes, se converteu em parte da cultura britânica.

Mas esse fenômeno também se expandiu para outros lugares. Nos Estados Unidos há uma grande base de fãs, e nos países latino-americanos também existem vários grupos organizados de seguidores da série.

11. O 50º aniversário
O sucesso global aumentou com a proximidade do 50º aniversário da série, que será celebrado com um episódio especial neste sábado, dia 23 de novembro, exatamente no mesmo dia - 600 meses atrás - que o programa estreou na TV.

O episódio será transmitido simultaneamente às 17h50 de Brasília em 80 países do mundo, com uma audiência de mais de 100 milhões de fãs ao mesmo tempo.

Além disso, será projetado em 1.300 salas de cinema em várias partes do mundo.

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